Relações profissionais

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Rafaella P.O.V - Kalimann's Beauty, São Paulo.

Observei a porta se fechar lentamente, enquanto a figura de Bianca saía de forma magistral do meu campo de visão. Quando encontrei-me sozinha no ambiente, pude finalmente respirar. Soltei o ar lentamente dos pulmões e sentei-me à cadeira, sentindo as minhas pernas fraquejarem e o meu coração bater de maneira descompassada.

O que foi que acabou de acontecer aqui? Uma piada do universo? Um recado? Uma pegadinha muito bem elaborada?

Passei a mão sobre o meu rosto e cerrei os olhos. — Meu Deus... era realmente a Bianca que esteve aqui? Como isso é possível? E como eu acabei de contratar a mulher que fodeu com a minha cabeça? — murmurei questionamentos para mim mesma em tom audível.

A fragrância do perfume amadeirado da carioca ainda pairava no ar. — Definitivamente, era a Bianca... — Balbuciei enquanto massageava as minhas têmporas. Sentia a minha cabeça latejar e minhas mãos suavam um pouco.

— Ela estava tão... Indecifrável. Mas o sorriso, aquele sorriso que é capaz desvanecer a minha sanidade, engolindo-me por inteira sem sequer digerir, continua o mesmo — engoli à seco.
Eu tenho um pressentimento que essa mulher vai bagunçar a minha vida...

Batidas na porta me despertaram dos meus pensamentos. Ajeitei a minha blusa social, prendi o meu cabelo em um coque alto e limpei a garganta antes de falar. — Pode entrar.

Gizelly abriu a porta, seguida de Manu. As mulheres adentraram à sala e Manoela seguiu os meus olhos com um semblante preocupado. Já Gizelly buscou um copo de café, servindo-se, com um sorriso estampado ao rosto. Arqueei a sobrancelha.

— O que é esse sorriso aí, Gizelly? — Indaguei-a e observei Manoela apertar os lábios para segurar um riso.

— Tá tão escancarada a minha animação assim? — Gizelly sentou-se ao lado de Manu e me encarou divertida. — Você acabou de contratar o amor da minha vida. Obrigada por esse mimo, chefe. — Ela bebericou o café, sorrindo.

— Amor da sua vida? — Minha voz decaiu. — A Bianca, que saiu daqui agora a pouco?

— Claro, essa deusa mesmo! Sangue, fogo e lavareda, senhor! A mulher me comeu com os olhos quando chegou aqui. Eu que não sou boba nem nada já encontrei o seu perfil no Instagram e a segui. — Ela mordeu os lábios, em um tom malicioso. — E acredita que ela seguiu de volta?

Manoela explodiu uma gargalhada e balançou a cabeça em negação.

— Ai, só você, Gigi furacão. Não perde uma oportunidade. — Manu voltou o seu olhar para mim. — Seriam um belo casal, não acha, Rafa?

Quis fuzilar Manoela, mas me resumi a sorrir para fingir animação.

Claro que seriam. — Levantei-me para pegar um copo d'água. Senti o meu rosto arder. — Mas como você encontrou o Instagram da moça, Gizelly? Você é rápida demais.

— Fácil. — Gizelly sorria de orelha à orelha. — Pedi informações para a Marcela, né? Ela não gostou muito, confesso, mas cedeu no fim. Aí achei rapidinho! E também encontrei a amiga dela, Mariana, que por sinal é maravilhosa...

— A Mariana é bem bonita mesmo. — Manoela constatou e eu arqueei a sobrancelha. Definitivamente a minha melhor amiga reparar em belezas femininas era uma novidade para mim.

— Sangue de cordeiro. — Passei os dedos sobre as minhas têmporas. — As mulheres mal entraram aqui e você já fiscalizou a vida inteira delas, Gizelly? Você deveria ter sido advogada.

Manoela abafou um riso, provavelmente achando graça pelo fato da mulher ao nosso lado não fazer ideia do meu singelo encontro com Bianca, há três meses.

Sinestesia | RabiaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora