Through the time • Ruel

9 - No Promises

Querida Clary,

Se recorda da vez em que roubamos algumas flores do jardim dos Armstrong e fomos flagrados? Corremos como se não houvesse amanhã. Juro que quando fecho os olhos ainda consigo nos ver correndo juntos. Eu, você e Joshua. O desespero de correr e ainda assim os empregados serem mais rápidos do que nós, se lembra dessa sensação? Era como correr sem sair do lugar. E é exatamente assim como me sinto no momento. Quando digo que estou lutando para voltar para você, não estou apenas usando palavras, mas sim a verdade.

Clary, estar longe de você dói. Muito mais do que a fincada de uma faca em meu peito. Preferiria ser pisoteado por uma multidão do que continuar sentindo essa dor por mais um segundo sequer. A vontade de abraçá-la, de admirar seu rosto, de olhar em seus olhos em uma manhã ensolarada no parque central. Tudo isso e muito mais, me consomem por inteiro, de dentro para fora, dia e noite, sem parar.

Saiba que sempre será tudo para mim Srta. Williams. De todas as mulheres do mundo sempre escolherei você. Sempre será você. O medo de perdê-la me perseguiu por tantos anos que acredito que o universo resolveu pregar-me uma peça.

Durante os últimos meses, os Lancastre, alguns tios e primos de nós, Vincent, resolveram lutar por Norfolk por questões de economia e comércio. No começo eram apenas alguns conselhos, reuniões e tentativas de negócios, mas nenhum dos resultados foi favorável à eles. Como estavam dispostos a tudo para tomarem nosso ducado, soubemos que estavam procurando por exércitos. Felizmente conseguimos apoio do príncipe local e o reino nos apoiou durante a guerra.

Não havia dito nada anteriormente, pois não queria aflingir ninguém com que me importo sem um motivo realmente plausível. Tentei impedir esta carta por dias e dias, os exércitos estavam lidando facilmente com os Lancastre, mas agora o cenário mudou e minha presença no campo de batalha foi requisitada. Não que eu acredite que vá morrer e esteja lhe dizendo adeus com atecedência, digamos que essa carta seja algo mais como uma prevenção. Lutarei até o fim para voltar aos seus braços. Não morrerei sem dizer o que gostaria olhando em seus olhos. Nossos anos esperando um pelo outro não serão em vão.

Não poderei dizer que prometo vê-la novamente, pois essa poderia ser uma promessa que eu talvez não consiga cumprir. Mas ainda assim, prometo que irei escrever para a senhorita quando estiver em campo, lhe manterei atualizada sob minhas condições.

Adeus, Clarissa. Ou até logo, quem sabe.

Para sempre seu,
Ruel.