15 - That would be enough

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Alguns minutos se passaram. Talvez horas. Ou dias. Não se sabia dizer ao certo, pois enquanto se encaravam nos olhos, o mundo parou. Tanto o de Clarissa quanto o de Ruel.

Um de choque.

O outro de desespero.

Não podia vê-la. Droga. Ela não podia saber.

— Srta. Williams. — ele conseguiu finalmente dizer.

Clarissa não falava nada, apenas o encarava, sua cabeça não associava a imagem que seus olhos enxergavam à realidade ao seu redor.

Ruel não sabia o que fazer, portanto, por impulso, apenas decide ir embora.

— Bem...os senhores estavam de saída pelo que me recordo. — Ruel diz — Estou ocupado no momento, preciso voltar ao trabalho. A Sra. Halmet lhes mostrará a saída. Com licença.

Ele se vira e caminha para fora do salão, com a maior frieza e ignorância que poderia expressar diante de uma pessoa. Não queria deixar seus sentimentos à mostra, precisava se manter como uma pedra para que ela não se aproximasse, para que não corresse o risco de desistir de partir. Por mais que a amasse, Ruel tinha honra e não roubaria a mulher de nenhum cavalheiro, principalmente esse homem sendo seu melhor amigo. Também não acreditava que Clarissa ainda pudesse sentir algo por ele, estava noiva de Joshua afinal.

Após caminhar por alguns longos metros e chegar na metade do corredor, ele escuta um grito vindo de onde se encontrava anteriormente com os visitantes e então passos apressados atrás de si.

— Ruel?

Era Clarissa. Os gritos provavelmente eram de sua mãe a impedindo de fazer a estupidez de invadir a casa de um homem desconhecido. Sem resultados.

Ele se vira.

— Sim?

— Sabe quem sou?

Ruel pensou em todas as possibilidades de resposta. Se dissesse não, estaria livre de explicações e poderia simplesmente mandar a jovem se retirar, mas decidiu dizer a verdade, nunca conseguiria mentir para ela apenas para se proteger.

— Sim.

Essa simples e magnífica palavra teria outro signficado caso Ruel não a tivesse cuspido na cara de Clarissa com a frieza de uma rocha. A jovem fica sem reação, encarando o chão.

É isso? Ela estava ali diante dele, depois de três anos, e sua resposta era um único...sim?

— Nós poderíamos...conversar? A sós? — ela insiste.

— Estou ocupado no momento, talvez...

— Ruel. — Clarissa o interrompe — Por favor.

— Tudo bem, mas deve ser rápido.

— Claro.

A menina não conseguia disfarçar a angústia em seu rosto, também não conseguia ser fria com o homem à sua frente do mesmo jeito que ele estava sendo com ela. Muitos sentimentos ainda existiam, e muitos outros também foram acordados com sua presença.

— Por aqui.

Ele caminha até a sala de leitura, estavam sozinhos apenas com alguns empregados presentes para que não ficassem verdadeiramente sozinhos.

Quando as portas se frcham atrás deles, Ruel para, ereto, enquanto Clarissa vai para o centro da sala e fica caminhando de um lado para o outro, visivelmente nervosa, e confusa, e magoada, e...

Ruel arrisca falar, já não aguentava mais aquela visão agoniante da mulher diante de si, mas quando abre a boca, Clarissa se vira primeiro e diz:

Through the time • RuelWhere stories live. Discover now