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Itália, Veneza.
20 de Junho de 2020

TINI

Passaram um mês desde a última vez em que falei com Jorge, ele também não apareceu mais aqui na frente de casa, óbvio, eu também não iria procurá-lo.

Diego estava na sala concentrado em sua pilha de documentos, não gostava de conversar com ele enquanto ele trabalhava, mas ultimamente tenho sentido que ele está bem longe de mim.

─ Como vai no trabalho?

─ Bem.

─ Ah...

Ele apenas deu um sorriso sem vontade.

─ Eu vou sair com a Lodo hoje, ela me chamou pra fazer compras.

─ Tudo bem.

Como eu percebi que ele não queria conversar, dei de ombros e saí da sala, logo fui para a casa de Jorge.

Toquei a campainha e não demorou muito, Lodo apareceu sorridente.

─ Oi! ─ ela me abraçou.

Jorge apareceu por trás dela, perguntando quem era. Seu olhar sobre mim prevaleceu e eu fiquei sem reação, mas tentei ao máximo sair daquele transe por ela estar presente.

─ Oi. ─ ele falou tentando disfarçar.

─ Eh, eu e a Tini vamos dar uma volta.

Suas únicas palavras foram essas, e então, demos um "tchau" a ele e fomos para o shopping mais perto dali. Resolvemos ir andando, afinal, um ar fresco nunca faz mal a ninguém. 

─ Eu sei de você e do Jorge. ─ Lodo se pronunciou, me fazendo perder todo ar do pulmão.

Por alguns minutos, eu não sabia bem o que responder a ela, então, ela me puxou para uma das lojas do shopping.

Depois de algumas compras, nós duas fomos lanchar. Pedimos um hamburguer com fritas e uma coca, assim, procuramos uma mesa. Nossos pedidos chegaram com 20 minutos, agradecemos ao garçom e começamos a comer.

─ Eu pretendia contar pra você hoje.

─ O que? ─ Lodo perguntou mordendo seu lanche.

─ Sobre... Sobre mim e o Jorge.

─ Ah. O Diego me contou, esses dias... Eu me senti um pouco traída. Foram falsos mas ele me disse que não tinha mais nada entre vocês, e não discordei, se trataram tão friamente.

─ Ele me fez muito mal. Quando conheceu você, ele estava comigo. Morava em Buenos Aires quando conheci ele, e aí numa viagem pra Madri eu o vi, e então, acabamos como estamos.

─ Jorge nunca me falou que teve uma namorada.

─ Sabe, Lodo... No momento em que me dei conta de que eram vocês quem iam ver a casa, e pude conhecer melhor a pessoa que você é, aquela raiva toda sumiu... Você é incrível, com razão ele não poderia te deixar ir.

Ela não me respondeu nada. Aquele silêncio me deixou encucada, porque não sabia se ela estava com raiva, ou sei lá.

─ Não sei o que te dizer. No dia em que fomos ver a casa, eu percebi o olhar dos dois, mas achei que fosse coisa da minha cabeça.

─ Te juro que não aconteceu nada... Vou me casar com o Diego, e afinal, eu só fiquei assustada porque achei que nunca mais o veria.

Quando falei sobre Diego, ela deu uma arrumada na postura.

─ Tá tudo bem, eu não vejo necessidade em você me explicar nada, isso é passado.

Não resiste e tive que abraçá-la.

Assim que voltamos, Diego estava na porta conversando e eu e Lodo ficamos receosas em nos aproximar, mas eles estavam rindo. Jorge e Diego. Num mesmo ambiente. Os dois.

─ Do que tanto riem?

Perguntou Lodo indo ao lado de Jorge.

─ Coisas da vida.

Diego pegaria um vôo para Buenos Aires, iria visitar os pais e traria eles para Veneza. O acompanhei ate o aeroporto e me despedi dele, mas não demorei muito pois estava ficando bem tarde.

NA MANHÃ SEGUINTE

Do lado de fora da casa, eu estava tentando arrumar a janelinha do porão que não parava de bater quando ventada. Com uma espátula, eu dava alguns socos no trinco, fiz o favor de quebrá-lo.

─ Precisa de ajuda?

Dei um pulo do lugar onde eu estava pela presença de jorge no meu quintal ter sido surpresa.

─ É... Acho que vou. Sua mulher não tá em casa?

Me fiz de sonsa e passei a mao pela testa retirando as gotículas de suor.

─ Foi trabalhar tem uma hora.

─ Ah...

─ Pois é. Mas, e aí, vou te ajudar.

─ Tudo bem...

─ Vou pegar algumas ferramentas e já volto.

Obviamente, um nervoso subiu pelo meu corpo mas apenas concordei. Jorge voltou com as coisas dele e me explicou que só poderia fechar por fora do porão, então nós fomos averiguar se tinha ficado bom. Deixei que ele entrasse e segui na direção de uma porta branca que dava passagem para baixo e esperei ele me acompanhar, provavelmente ele estava olhando algumas fotos minhas e de Diego.

Chamei sua atenção e desci as escadas pequenas que tinham ali, e ele veio.

─ Não fecha a porta porque ela...

Antes que eu terminasse a frase, vi seu corpo ser escorado na mesma e a porta se fechou. 

─ Só abre por fora.

Meu olhar estava desesperado.

─ Por que você fechou a porta?!

─ Não foi por querer, é costume ir nos lugares e fechar a porta!

─ Meu Deus, era só você ter entrado.

─ Quem em sã usa uma porta que só abre por fora?

Minhas mãos foram em meu rosto desesperada, eu não sabia o que fazer.

─ A janelinha.

Falei me lembrando que poderiamos sair por ali.

─ Claro, você vai quebrar ela por um acaso? Porque ela tá fechada pelo lado de fora.

Seu sorriso saiu sarcástico e o desespero voltou a tomar conta de mim.

─ O que a gente vai fazer?

Una "gran" mentira. || Jortini. [EM REVISÃO] Donde viven las historias. Descúbrelo ahora