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Veneza, Itália.
20 de Junho de 2020

TINI

Depois de Jorge ter feito a proeza de nos prender no porão, tentei arrombar a porta milhões de vezes e ele também, mas nada adiantava, e nós não passávamos pela janelinha.

─ Eu não acredito que você nos prendeu aqui dentro.

─ Você acha que foi proposital?

─ Quem fecha a porta de um porão?

─ Isso se chama E-D-U-C-A-Ç-Ã-O. Você não teve isso? Parece, tá sendo toda mal educads comigo agora.

─ Não acredito. Primeiro você nos tranca aqui, e depois me chama de mal educada? Dentro da MINHA casa?

─ É o que você está sendo! Pelo amor de Deus, eu não sabia que a porta só abre por fora.

─ Então a culpa é minha?

─ Sim!

─ Você entrou por último, tinha que ter deixado ela aberta! Não mandei você fechar.

─ Exatamente. A culpada é você. Nunca se pode deixar um convidado entrar depois de você, e se eu quisesse te matar?

─ Que? Por quê você me mataria?

─ Não sei, talvez por você ter ficado com ele quando sempre me disse e me jurou que nunca existiu nada e nunca iria existir.

─ E você jurou que nunca me deixaria e que nunca iria me decepcionar.

Minha fala cortou qualquer tipo de clima.

─ Me dá aquela chave, vou tentar quebrar por aqui.

─ Você acha que vai dar certo?

Ele pegou a chave da minha mão junto com o martelo e começou a bater na fechadura da porta, acabando por quebrar um pedaço.

─ Olha o que você fez!

─ Você queria o que? Estou tentando arrumar um jeito de nos tirar daqui enquanto você só fica ai, gritando, gritando e gritando. ─ Jorge falou gesticulando com as mãos.

─ Sabe por que? Porquê você só sabe me irritar. É, não sabe fazer as coisas direito e vai acabar estragando o que já tem.

─ Vem aqui e faz melhor sem quebrar nada, linda.

Ele me entregou as coisas e eu peguei com uma expressão irritada.

─ É, vou fazer melhor sim e você vai ver.

─ Faz então.─ ele cruzou os braços.

Posicionei o martelo encima da tal chave e dei o primeiro soco, e nada. No segundo, acabou pegando um pedaço do metal no meu dedo, puxando um pouco da pele do dorso da mão e sangrou.

─ Droga.

Murmurei irritada, derrubando as coisas e pressionando minha mão. Jorge no mesmo instante arregalou os olhos e segurou em meu braço vendo toda aquela região ficar roxa.

─ Senta aqui, tem algum curativo aqui?

─ Não sei, tem uns panos que eu deixei guardados aqui e uma fita... Tá doendo tanto.

Minha voz acabou por sair falhada, a dor começou a subir pelo meu braço e por toda região da minha mão.

Jorge pegou o tal pano, antes, ele passou um pouco de álcool que também estava na dispensa jogou no ferimento, logo enrolou o pano em minha mão, me causando arrepios por todo corpo, era agonizante aquela sensação.

─ Calma, isso vai ficar um pouco... Mas, já passa.

Seus braços foram em torno do meu corpo como se estivesse me acolhendo, e eu devo confessar que seus braços me acalmaram, acalmaram toda aquela dor e agonia.

Ergui meu olhar até o seu rosto, e aqueles lindos olhos claros estavam em mim. Hoje eu tive a certeza de que Jorge Blanco ainda arrasava com todo o meu mundo. Fechei os olhos pelo toque de seus dedos no meu rosto, e sem perceber, minha cabeça estava escorada em suas mãos recebendo o carinho. Aquele carinho que tanto me acalmava... Droga.

─ Eu senti tanto a sua falta.

Suas palavras me fizeram tremer por dentro, meu coração agora tinha perdido o controle dos batimentos e eu não pude responder nada, pois seus lábios colaram nos meus e eu me senti novamente no passado. Naquele momento eu me sentia nas nuvens, sem saber o que fazer, e sem querer me afastar.

Una "gran" mentira. || Jortini. [EM REVISÃO] Onde histórias criam vida. Descubra agora