Despedida - Cap 6

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A noite ía chegando ao fim, eu despertei, mas tentei não me mexer para não acorda-la, fiquei  observando-a dormir tão descompromissada, como se nada a incomodasse.

Mas incomoda, eu sei! E ela muda de humor tão repentinamente...

O dia estava querendo clarear, era preciso voltar pra marina, e claro, vestir uma roupa. Passei a mão por  seu cabelo, e num rompante, ela segurou minha mão, pensei que fosse me bater!

— Desculpa! Não quis te machucar!

— Nossa! Você acorda nervosa!

— Me perdoa, foi mal. Que horas tem?

— Não sei. Devem ser umas 5h.

Tomei um banho rápido e me vesti, comecei a  manobrar a lancha para retorno.

— Tem café aqui? To quebrada!

— Deve ter nos armários pra fazer.

— Você quer?

— Não! Não tomo café. Obrigada

— Que tipo de ser humano horrendo não toma café? – Apontei para mim mesma.

Ela sentou-se na proa, com uma caneca na mão, o vento batia nos seus cachos

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Ela sentou-se na proa, com uma caneca na mão, o vento batia nos seus cachos.

Lá estava ela, de cara fechada, pensativa, encolhida, sentindo o friozinho que vem do mar.

— Tá tudo bem? – Ousei questionar.

— Sim. Tudo ótimo.

— Você vai trabalhar ou estudar?

— Vou resolver umas coisas...

— Você é sempre assim tão falante?

— Não. –Fez uma pausa, respirando fundo. — Falo bem mais quando é sobre mim...

— Então tá Né... – Dei de ombros.

Atracamos e ela me ajudou a sair da lancha, deixei El Martin sob o comando de Marcos.

— Vai pra casa ou pro trabalho? – me questionou.

— Preciso ir em casa trocar de roupa e depois pra loja.

— Vamos, eu te levo em casa e depois te deixo na loja.

— E seus compromissos?

— Tá cedo ainda.

Tomei outro banho, preparei um café decente pra nós e me arrumei pra sair.
Subi na moto e a abracei firme, morro de medo, mas ontem eu não estava dentro do meu juízo perfeito. Era bem cedo ainda, cheguei na loja antes de todos

— Ah... então é aqui sua loja! – Falou quando estacionou. — Essa é a agência responsável por aquela festa só para mulheres, uma vez por mês, Não é?

— Como sabe?

— Eu já fui a duas e minhas amigas já compraram o ingresso para a próxima.

— Mentira que você estava mais perto de mim do que eu imaginei?

— Perto? Por quê? Você frequenta as festas?

— Bom... é da minha empresa. Eu amo navegar. Mulheres bonitas... você sabe Né?

— Imagino a quantidade de mulheres que voce já pegou assim. – ficou me encarando séria.

— Não!! Nunca levei mulher nenhuma aos barcos e nas festas eu estou trabalhando. Sou muito ética, e gosto de respeito. – Falava num tom ríspido. — Mas nada me impede de olhar...

— Pois eu pegaria todas. – sorriu cínica.

Eu ia preparar um sermão sobre ética e trabalho, mas percebi que ela estava brincando comigo.
Subiu na moto, pôs o capacete, nem um beijo, nada.

— Você deve ficar uns dias sem notícias minhas e sem me ver. Eu te procuro. – Falou enquanto arrancava com a moto.

Como assim? Por que ela disse isso? Puta Merda Amanda! Você é uma vadia mesmo! O que esperar de quem você não conhece? Quem mandou sair dando pra essa garota assim? Sapatão idiota, já estava se apaixonando, Porra!!!! Que ódio de mim mesma!!!

Abri a agência, me criticando e repreendendo mentalmente o tempo todo. Trabalhei até metade do dia mal humorada.

Mas... e se estivesse acontecendo alguma coisa? Ela estava estranha... não sua vaca! Ela é estranha! Te comeu e te largou! Aceite! Mas a safada me comeu muito bem!


— Tá rindo sozinha agora, Amanda??

— Ahhh Oi Mari! Não. Sou uma retardada mesmo.

— Como tá esse pé?

— Melhor, ele nem fez falta durante a noite.

— Hã?!?!?! Deixa eu adivinhar?! Mulher não é? Pra você estar com essa cara tem mulher envolvida.

— Nada não, deixa pra lá. Escuta, deixa eu ver a lista de saída dos convites da festa das meninas.

— Por que isso agora? Você nunca se interessou.

— Quero confirmar se uma pessoa vai.

E lá estava o nome dela. Os convites foram comprados por uma pessoa chamada Caroline, levou 6 convites.

Porra! Ela vai a festa com 5 amigas.

Bom... pelo menos vou vê-la. Espero que a veja!

— Quantos tripulantes foram escalados pra essa festa? Alguém que saiba conduzir?

— Dez como você pediu. E tem o PH que maneja a escuna de turismo,  Por que? Desistiu de pilotar?

—Nãoo, nada! – Tentei não dar na pinta. — Talvez eu precise, por causa do pé.

As Fases da Lua (Degustação)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora