Mesmo que na escola fossemos estranhos. Dois alunos que não eram amigos, não se falavam. Ninguém fazia a mínima ideia de que sua pele se juntava a minha, e pelo menos, por algumas horinhas, em alguns dias da semana,
Jeon Jungkook era meu.
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Aquela festa foi trágica.
Eu fui o primeiro a acordar e sem nem muito pensar, fui embora. Deixei Jeongguk deitado na cama, sozinho. Ele me mandou mensagens depois perguntando se eu estava bem e que ele não havia me visto quando acordou; apenas respondi que eu precisava chegar cedo em casa portanto sai sem avisar.
Eu estou cansado de não entender o que estou sentindo.
É obvio que ele não me deve nada. A gente nunca se comprometeu integralmente um ao outro. Nunca combinamos exclusividade ou qualquer coisa do tipo.
Mas pensar que ele deve transar ou apenas beijar outras pessoas me deixa enjoado. Eu queria viver numa fantasia irrealista onde Jungkook me queria e apenas me queria.
A gente se trombou na escola algumas vezes. Eu também vi ele conversando com a ruiva da festa no gramado na hora do intervalo. Queria ser uma mosca pra voar até eles e ouvir tudinho a conversa mas como o mero ser humano que eu sou, me sentei ao banco do janelão e enquanto devoro um salgadinho, assisto a cena romântica.
— Fala pra ele. — Taehyung comentou, ao se sentar ao meu lado. — Essa menina é muito bonita.
— Não ta ajudando! — o cutuquei, voltando meu olhar para o casal a nossa frente.
— Você tem que se declarar logo, ou vai perder a chance.
— Ele vai me rejeitar e vai ficar tudo estranho e nunca mais vamos ficar. Não dá, que saco! — gemi frustrado, mastigando irregularmente.
— Se ele se apaixonar por outra pessoa, vocês vão parar de transar e nunca mais vão se falar. Viu? Dá na mesma.
— Taehyung? Fica quietinho.
E ele ficou. Podíamos ouvir apenas meus suspiros desesperados, meus dentes triturando enfurecidamente a comida de isopor e aquela cena não acabava. Não tinha um controle para passar para a próxima cena: a despedida. O que tanto eles falavam? Quanto assunto...
— Jimin? — Namjoon se aproximou e se sentou ao nosso lado, eu sorri oferencendo o saco de salgadinho para ele mas ele negou, ajeitando o óculos com o dedo. — Eu fiquei preocupado na festa, você estava estranho.
— Desculpa, eu só passei meio mal. — respondi, voltando a comer, sem lhe dar detalhes.
— Então não tem nada a ver com Jeongguk? — perguntou e eu engasguei com o pedaço que ousou descer pela minha garganta, mal mastigado.
— Que? — disse alto, entre tosses e pude ouvir Taehyung rir baixo ao meu lado.
— É-é que eu achei que, uhn, vocês estavam juntos mas na festa ele estava com... ela — apontou para a menina do outro lado do gramado e eu ri, falsamente, e incrédulo.
— Não. Não tem nada a ver com Jeongguk. Nem com essa ruiva. Nadinha de nada. Ele pode beijar quem ele quiser, ele pode transar com quem ele quiser e pode bater papo com quem ele quiser. Eu não me importo! — me levantei exaltado, limpando as mãos no jeans rasgado. — Caguei pra Jung Jungkook. Sério, álcool me faz mal, Jeongguk? Não. Eu absolutamente não ligo! Ele é um homem livre, pode fazer o que quiser. A boca é dele, o corpo é dele. Ele não assinou contrato com ninguém. Ele nunca prometeu nada de exclusividade com ninguém. Ele é livre. Isso não tem nada a ver com ele e o fato de que ele estava se atracando com aquela menina na festa! Muito menos que agora eles estão de papinho na escola como se tivessem intimidade. E talvez eles tenham mesmo né, mas idai, não ligo. Não tenho nada a ver com isso. Absolutamente NADA a ver! Entendeu?
Agarrei minha mochila que se escorava ao banco e sai dali rapidamente, puxando o ar fortemente e enfiando a embalagem vazia numa lixeira. De fundo pude ouvir Taehyung me zoar:
— O surto meu pai...
Mesmo assim continuei andando com vergonha da minha atitude. Porém, na minha melhor sinceridade — mentira — eu não me importo com o pensamento de Jeongguk não me querer mais num futuro próximo,
