#1 - should I stay or should I go?

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Todo adolecente já pensou em intercâmbio. Aquele sonho americano de uma escola com corredores estensos, líderes de torcida, baile de formatura e essas coisas. Não vou negar, por mais que eu nunca tenha dito a ninguém e nunca tenha demonstrado interesse, eu também queria viver uma experiência como essa.

Não é como se fosse uma coisa simples, de longe é. Tanto por falta de dinheiro de alguns quanto por pais superprotetores e grudentos que não conseguem desapegar dos filhos por um ano inteiro. Nenhuma dessas duas hipóteses acima é o meu caso. Pra ser sincero, não é tão difícil assim pra mim. Meus pais sempre tiveram dinheiro sobrando e seriam os primeiros a apoiar o meu pedido. Tendo em vista que eu não costumo sair da minha zona de conforto, eles iriam gostar da idéia de me largar sozinho em um país qualquer pra aprender inglês e socializar.

Eu sempre fui uma pessoa introvertida. Os amigos que tenho agora são os mesmo desde que eu pisei pela primeira vez em uma escola. Yugyeom e Lalisa me acompanham desde que me conheço por gente, e isso não é nem exagero. Por mais que nosso primeiro contato tenha acontecido na escola, nossos pais são amigos e isso meio que deu um "empurrãozinho" pra nos aproximarmos. E até que eles são legais. Me fazem rir o tempo todo, me arrastam para fora de casa sempre que podem e tentam entender minhas esquisitices.

Quando éramos crianças, sempre nos encontrávamos nos almoços que nossos pais faziam aos domingos. Me lembro de Yugyeom, com aquela cabeçona de arromba navio, correndo por aí gritando: "papai, fiz cocô!". Lalisa com aquelas bochechonas e a franjinha, que existe até hoje, correndo por aí com suas bonecas de pano horrorosas.

Eles são bons amigos e me sinto sortudo por tê-los em minha vida.

Como disse anteriormente, sou muito tímido e fechado, e experimentar coisas novas não é minha praia. Sou o típico cara que ninguém conhece na escola, ninguém sente falta e que sempre recusa os convites de festas.

Eu tenho um motivo pra odiar festas, na verdade.

Não é que eu não goste de sair ou algo do tipo, mas esses eventos que reúnem muitas pessoas não é exatamente a minha coisa favorita do mundo. Eu prefiro ficar apenas com meus amigos conversando na beira da praia sobre como uvas verdes são melhores que as roxas, discutindo sobre o formato das nuvens quase inexistentes no céu azul de Busan e sobre como Riverdale é a pior série que existe no catálogo da Netflix. Sério, como pode ser tão ruim?

Nesse momento, estou deitado de barriga pra cima na cama, pensando o quão boa a vida é e na louça que me espera na cozinha. Lavar a louça é uma coisa muito chata. Você lava depois do café, alguém vem, faz almoço e tudo acaba sujo de novo. Eu acho isso uma patifaria!

Meus pensamentos aleatórios são interrompidos quando meu pai bate duas vezes na porta do meu quarto e pede permissão pra entrar.

Já estranhando a situação pois meus pais quase nunca entram no meu quarto, dizem que é um lugar só meu, sob minha responsabilidade, posse e essas coisas, mas eu apenas grito um "sim" e pauso música que toca em meus fones de ouvido pra ouvir qual é o motivo da reunião.

— Oi, filho. — ele entra e logo vejo minha mãe o seguindo. Ela trás consigo uma bandeja com leite de banana e uma fatia de bolo igualmente de banana, e com isso posso concluir que eles vão me dar alguma notícia ou me pedir alguma coisa. Sei disso não porque sou vidente ou algum tipo de adivinha, mas sim porque minha mãe sempre tenta me comprar com leite de banana. — Podemos conversar?

— Podemos, claro. — me levanto da cama e começo a dar aquela ajeitada básica pra minha mãe não me dar uns cascudos. Jogo alguns lápis e cadernos no chão, estico o cobertor e arremesso as almofadas pra perto da cabeceira. Pronto, arrumadinho. — Senta aí. Você também, pai.

— Você não limpa mais esse quarto, seu porco? — ela olha ao redor e se senta. Parece que minha limpeza de 15 segundos não funcionou. — Quantos copos sujos tem naquela mesa? 10?

— Tem dois, exagerada. — ela sempre foi assim, não suporta ver nada fora do lugar. — Por que vocês estão aqui? Alguém morreu? A vovó ta bem? Minha tia preconceituosa perdeu a memória e esqueceu que é uma chata? — Deus deve estar me julgando lá do céu, mas misericórdia, eu odeio a minha tia.

— Credo! Vira essa boca pra lá, moleque. Bate na madeira! — ele logo bate na cabeceira da cama e eu solto uma risada. Meu pai tem cara de bravo, mas é todo engraçadinho e desajeitado. Me lembro da vez que ele tentou surfar comigo e saiu com os ouvidos cheios de água. — Queremos conversar sobre uma coisa meio séria. — seu nervosismo fica nítido em sua voz, coisa que me deixa mais tenso.

Meus pais trocam um olhar rápido e tal ato me deixa na expectativa. Será que eles vão falar que eu vou ter um irmão? Que vão se divorciar? Mas eles se amam, isso não seria possível, certo? Meu deus, será que eu sou adotado?

— Quer fazer intercâmbio? — E quando minha mãe solta a bomba, eu congelo. Completamente estagnado, tento digerir a informação e agir naturalmente pra não preocupar os dois adultos que se encontram bem na minha frente, mas é impossível conter o meu choque.

Qualquer outro adolescente no século XXI aceitaria logo de cara, começaria uma contagem regressiva no calendário do celular e faria a mala hoje mesmo. Mas, por algum motivo, eu não sou assim.

Me sinto assustado. Eu sei que mães são meio sensitivas e tal, mas mano? Como ela adivinhou que eu tava pensando nisso?

Passo no mínimo uns dois minutos olhando boquiaberto pra cara dos meus pais, que me olham de volta esperando por uma resposta.

Eu quero ir. Mas e se tudo der errado? E se eu não fizer amigos e acabar ficando sozinho em um país que eu sequer conheço? E se Yugyeom e Lalisa se sentirem abandonados? E se eu morrer no avião?

— Você pode negar, menino. É só uma proposta, eu e o seu pai não vamos te obrigar a nada. — minha mãe diz e acaricia meu joelho tentando me confortar.

Eu sei que meus pais querem fazer isso porque gostam de mim e querem meu bem. As vezes fico pensando o quão difícil deve ser pra eles ter um filho que não faz nada além de jogar videogame, ouvir as mesmas músicas todos os dias e só sai com as mesmas pessoas para os mesmos lugares. Não é como se eles quisessem ter um filho rebelde, com notas baixas, briguento e usuário de drogas, longe disso. Mas as vezes minha mãe diz que sente vontade de ir me buscar na escola por conta de alguma advertência, nota baixa ou sei lá, me dar sermão por ter chegado depois do toque de recolher.

Pra falar a verdade, eu nunca precisei de um horário pra chegar em casa, porque eu nunca saio. Eu faço as mesmas coisas todos os dias, tirando as vezes que vou a praia com os meus amigos, e por mais que eu tente fazer parecer que não, eu me sinto cansado. Na verdade, venho me sentindo assim a um certo tempo.

Essa oportunidade não é só sobre os meus pais e o quão felizes eles ficariam se eu por acaso aceitar. Mas também é por mim. Por minhas angústias de viver o mesmo dia todos os dias, pela solidão que eu sinto antes de dormir, pelo piloto automático do qual eu já estou cansado de viver e por muitos outros motivos.

Sinto que vai ser bom pra mim e que vai me acrescentar muita coisa. Eu, sonhador como sou, já consigo visualizar as cenas futuras de ir em jogos de futebol, festas de adolescentes com os típicos copos de plástico vermelho, deitar sob a grama molhada de um lugar aleatório pra ver as estrelas de um ângulo diferente, e, quem sabe, mostrá-las a alguém. Ah, falar sobre estrelas com alguém deve ser mágico.

Mas eu ainda sinto medo.

Com todos os questionamentos possíveis girando em torno de minha cabeça, eu finalmente encaro meus pais e digo:

— Eu vou pensar.

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Bem-vindos a minha fic aaaaaaa

Eu to bem insegura com a minha escrita, mas vou tentar bancar uma de fic writer famosinha e conversar um pouquinho.

E aí, vocês gostaram ou ta muito ruim?

Eu tentei fazer um cap pequeno pra não ficar muito cansativo pra vocês, mas os próximos são mais grandinhos.

Se vocês quiserem me dar algum conselho, feedback ou algo assim, comentem aqui que eu vou adorar ler!

Não sei mais o que falar, então me sigam lá no twitter que é @itsforjin pra gente bater um papo e é isso! Até a próxima <3

Sobre Amores e Constelações | pjm+jjkWhere stories live. Discover now