Sobre Amores e Constelações | pjm+jjk

#2 - i guess i'm going

Já faz uma semana desde o dia em que meus pais me fizeram a proposta do intercâmbio, e eu ainda não tenho uma resposta.

Nesse tempo, me permiti refletir a respeito do assunto e fazer a famosa lista dos prós e contras que vi na internet pra me ajudar a tomar uma decisão. Acontece que eu já fiz cinco listas como essas, e isso só me deixou mais confuso.

As vezes eu gostaria de ser mais impulsivo. Quando eu estou pra fazer alguma coisa eu sempre penso pelo menos umas mil vezes se vale a pena, e, no final, sempre desisto. Pensar muito sempre me faz desistir, e isso é uma merda.

Deixo meus pensamentos de lado e começo a minha rotina novamente. Acordo, tomo café, me arrumo e troco algumas palavras com meus pais. Só para aliviar e não parecer que eu estou completamente emburrado, eu estou animado. Hoje é sexta-feira, o que significa que vou a praia com meus amigos depois da aula. Por esse motivo, eu pego meu short de banho amarelo e o coloco no fundo da mochila junto a uma toalha pequena, também amarela.

Saio pedalando cidade a fora enquanto meus fones de ouvido tocam um podcast de piadas. Eu sempre ouço pra contar os trocadilhos para o Yugyeom depois. Ele rindo é hilário.

Depois de pedalar por uns 10 minutos, prendo minha bicicleta nos ferros do estacionamento, respiro fundo e começo a caminhar em direção a entrada da escola. Durante o caminho, me pego observando as pessoas e coisas que estão acontecendo ao meu redor.

Vejo cenas típicas de alunos de ensino médio, como meninas se olhando no espelho e passando aqueles batons que deixam a boca grudenta e enorme, meninos brincando de soquinho e apostando quem vai perder a virgindade primeiros, alguns nerds lendo livros de 1000 páginas e meus amigos me esperando encostados no muro enquanto riem exageradamente de algo que julgo ser a minha cara de tacho.

É engraçado, sabe? É muito bom ser adolescente e não precisar se preocupar com os problemas do mundo e não ter preocupações além de ouvir a mesma coisa de todo mundo toda hora: "O que você vai ser quando crescer?". Sério, isso é um saco.

Eu mesmo não faço idéia do que quero fazer. Já me falaram que sou bom em história e que eu deveria tentar fazer um vestibular, entrar em uma faculdade e me tornar professor, mas sinto que isso não é pra mim. Não tem muito o que fazer a respeito disso, então eu só vivo um dia de cada vez e espero o meu dom, talento ou seja lá o que for, chegar e me dar uma resposta.

— Qual é a graça? — Me aproximo os cumprimentando com um soquinho de mão.

— Imaginei que você perguntaria. — Pela milésima vez, Lalisa cita um desses áudios famosos naquele negócio de vídeos, tik trote, tik top, tico teco ou sei lá.

— É a terceira vez que ela responde isso pra alguém hoje. — Me dá um tapinha leve nas costas e sai andando, sendo acompanhado por mim e por Lisa, que não para de fazer essas dancinhas estranhas. Parece um avestruz com câimbra.

Eu gosto da escola. É um lugar cheio de pessoas com diversos objetivos e propósitos, sejam eles grandes ou pequenos. Mas, o mais legal de tudo é que cada um desses adolescentes cheios de hormônios são diferentes uns dos outros. Não falo só sobre aparências, mas também sobre personalidade. Aqui tem pessoas agitadas, quietas, certinhos, rebeldes e vários outros tipos. Eu gosto de pessoas e também de diversidade, por mais que não pareça. Eu posso ser tímido, mas amo observar as coisas ao meu redor, e ver as pessoas serem quem são e se expressando sem medo de serem julgadas me deixa feliz.

Digo isso porque eu tenho um segredo e não sou corajoso o suficiente para revelá-lo.

— A gente vai a praia hoje, né? — O surfista de quinta, Yugyeom, pergunta. — Eu tô doido pra pegar umas ondas cara, tô com saudade de ficar com areia até no cu.