#12 my first point of view

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P.O.V JIMIN

A infância foi a melhor fase da minha vida até agora. Quando criança eu tinha muitos amigos, mais do que era capaz de contar nos dedos das mãos e dos pés juntos. Eu sei que provavelmente você deve estar pensando que a maior parte dessas amizades sequer eram reais, mas acredite, elas eram. Quando se é criança ninguém é falso, ninguém te esconde coisas e ninguém fala de você pelas costas, porque simplesmente não há motivo para isso. Crianças são puras e amáveis, coisa que eu sinto muita falta de ser.

Meus dias a alguns anos atrás eram repletos de risadas gostosas, brinquedos coloridos, amigos, família e amor. Muito amor. Eu não tinha um dia favorito da semana, pois eu adorava viver cada um deles na mesma medida, desde ir para escola na segunda-feira de manhã até ir para a casa dos meus avós aos domingos.

Não sei exatamente quando e nem como, mas esses dias de sorrisos e felicidade abundante, acabaram. Semana após semana, mês após mês, tudo o que fazia eu continuar de pé e me movendo pareceu escorrer entre meus dedos, e a sensação que eu tenho é de que eu não pude e nem posso evitar que isso tudo acontecesse. "O que aconteceu, Jimin!? Por que tudo não continuou feliz da maneira que sempre foi!?". Simples: eu cresci.

Da mesma forma que crescer é inevitável, também não é possível levar tudo consigo durante esse processo. Algumas coisas ficam para trás e isso é completamente natural. A instabilidade emocional já não é a mesma, as preocupações ocupam um espaço significativo em nossas mentes e problemas que você considerava não serem de sua conta, parecem depender de você para serem resolvidos. As amizades? Poucas permanecem, se é que alguma se lembra de você com tantas coisas acontecendo em suas próprias vidas.

Como eu disse, é natural, e nós ainda podemos escolher a forma como vamos lidar com esses problemas. No meu caso, eu resolvi colocá-los todos em minhas costas e sair andando por aí com o peso deles fazendo pressão em minha coluna, já não tão ereta. Na verdade, não me lembro de ter tido uma chance para escolher... Acho que é natural também. Uns podem fingir que os conflitos não existem, enquanto outros os colocam como prioridades nas suas vidas, o que provavelmente é o meu caso.

Desde os meus 13 anos eu tenho vivido com certa incerteza martelando em minha cabeça. Não tenho certeza do que vai acontecer amanhã, do que vou fazer hoje e do que aconteceu ontem. Isso provavelmente é a coisa que mais me atormentou em toda a minha adolescência, que ainda está sendo vivida. Digo isso porque aos 13, eu me apaixonei. Sim, foi um pouco cedo, mas foi uma coisa boa até certo ponto, e eu gostava de me sentir bobo com as palavras que o garoto me dizia e gostava não ter certeza do dia de amanhã. Foi um abalo na minha vida repetitiva, com toda certeza.

O nome dele era Lucas. Ainda é, na verdade, porque eu tive o desprazer de encontrá-lo novamente, mesmo tendo me mudado de cidade duas vezes. Nós nunca passamos de conversas e beijos roubados, mas as circunstâncias da adolescência o fizeram ficar cruel e frio a ponto de espalhar boatos sobre mim e nossa relação. Não vou contar detalhes a respeito disso, pois ainda não é uma coisa na qual eu me sinto confortável em falar, mesmo sabendo que cada palavra que ele disse é mentira.

Eu tinha alguns amigos antes desses boatos acabarem com a minha vida social. Taehyung, Tzuyu, Hoseok, Yoongi... Eles costumavam ser meus fieis aliados em todas as festas e aventuras que adolescentes costumam enfrentar, mas em algum momento, eu os perdi também. Taehyung persistiu por mais tempo que os outros, mas acabamos por nos afastar, o que me deixou oficialmente sozinho, sem nenhum amigo. O motivo? Não me pergunte, porque eu também não sei. É nítido que eles formaram o grupinho recentemente, mas por alguma razão que talvez eu saiba, não fui incluído. Talvez porque a minha reputação influencia muito nas aparências que eles insistiam em manter, ou por causa do integrante novo, não só da panelinha, mas também da escola, Jeon Jungkook. A última opção pode ser descartada, tendo em vista que o intercâmbista mal sabia da minha fama de objeto fácil quando chegou, e muito menos fazia ideia que aqueles que conversaram com ele e o acolheram em primeira mão eram meus amigos.

Sobre Amores e Constelações | pjm+jjkWhere stories live. Discover now