#4 here I am

562 106 132
                                    

A maioria das pessoas que eu conheço gostam de viajar de avião. Dizem que é emocionante e que a vista de cima é linda. Eu nunca tinha viajado de avião antes, então eu nunca pude opinar sobre isso.

Agora que fiquei dentro de um avião por sete horas, fiz uma escala e estou desembarcando de mais um voo de nove horas, eu posso concluir que é um inferno. Turbulência, tédio, fome e exaustão foram os principais motivos de eu ter odiado. A comida do avião até que era boa, mas era muito cara e vinha muito pouco, por esse motivo eu fiz apenas uma refeição.

Eu sou extremamente inquieto e essa viagem só confirmou o fato de que eu não consigo ficar sem fazer nada por muito tempo. Eu assisti séries, ouvi música, fui ao banheiro, dormi e joguei alguns jogos no meu celular, mas tudo isso não foi o suficiente pra me manter ocupado.

No primeiro voo eu chorei até pegar no sono, e quando acordei, fui ao banheiro e chorei mais. Não faz nem 24 horas que eu estou sem meus pais, mas a saudade não me poupa nem um pouco. Eu posso parecer forte na frente das pessoas mas, quando estou sozinho, eu sou apenas um bebê chorão que assiste Backyardigans.

Quando finalmente o comandante anuncia a aterrissagem, tiro os fones de ouvido e os guardo em minha mochila. O avião começa a chacoalhar e eu apenas fecho meus olhos torcendo pra que ele não caia, mas o alívio vem apenas quando as rodas do veículo encostam em solo e o anúncio da chegada é feito.

Cansado que só o caralho, eu saio do avião e sinto um leve choque térmico me atingir, já que o ar condicionado do avião é tão frio quanto o Alasca e aqui em San Francisco está, mais ou menos, uns 18°C.

Meus pais avisaram que eu não ficaria sozinho no aeroporto quando eu chegasse, já que quando um menor viaja só, um supervisor precisa orientar e ficar seguindo ele por aí. Agora, por exemplo, eu estou no banheiro escovando os dentes e lavando meu rosto pra tentar melhorar a minha cara amassada de sono e meus olhos inchados de tanto chorar, e tem um cara olhando cada movimento que eu faço e me apressando pra que ele possa me ajudar a pegar minhas malas e encontrar a minha família postiça.

Alguns dias antes da viagem, eu pesquisei muito sobre as pessoas daqui, e li algo sobre eles serem muito tradicionais e gostarem de presentes então, pensando nisso, eu comprei presentes pras pessoas da casa onde vou morar, e também alguns extras pra eu dar pros meus amigos se eu conseguir fazer algum.

Não vou mentir, estou cansado, estressado e com saudade dos meus pais, mas eu também estou muito animado pra entregar os presentes. Eu adoro presentear as pessoas, tipo o Papai Noel.

Depois de sair do banheiro, pegar minhas malas e passar pela imigração, finalmente estou indo encontrar a família com quem vou passar os próximos doze meses. Minhas mãos suam de tanta ansiedade e os mais variados pensamentos passam pela minha cabeça me deixando mais nervoso.

E se eles não gostarem de mim? E se eles não me quiserem mais na casa deles? E se eles desistirem?

Com a cabeça cheia de cansaço e questionamentos, desço com meu guia e minhas malas, e algo me chama atenção no fim das escadas. Vejo um casal sorridente segurando um cartaz escrito "Bem vindo, Jeongguk". Isso é extremamente clichê e eu, como um fã de clichês, sorrio abertamente com o gesto do casal. Além dos dois adultos, vejo também um jovem alto ao lado deles com os braços cruzados sorrindo pequeno.

Caminho em direção a minha nova família e a mãe me recebe com um abraço apertado.

— Bem vindo, Jun. — Separa o abraço e me olha com carinho. Eu realmente não esperava essa recepção e estou mais aliviado.

— Obrigado, de verdade. — Sorrio para a moça.

— Você deve estar cansado, né? — O homem, que deduzo ser o pai, me pergunta. — Você precisa de alguma coisa?

Sobre Amores e Constelações | pjm+jjkWhere stories live. Discover now