capítulo 6- Anti celebration.

743 134 25
                                    

Desci as escadas com as pernas quase tropeçando uma na outra, na correria comecei a escutar a máquina de lavar da minha mãe ligada. Não, não...

-Mãe você viu a minha calça? - Perguntei cansada pela velocidade que havia descido as escadas.

-Qual ? Aquela que você chegou ontem cheirando cigarro e arrastando pelas escadas e sabe-se lá onde mais ? -Minha mãe ainda estava brava e nem olhou na minha cara ao dizer isso.

- Desculpa por ontem, sério. - Foi tudo que eu consegui dizer e me senti horrível por isso.

- Desculpa pelo que? Sair escondida? Chegar bêbada? Fumar? Ou acordar seus pais às duas da madrugada? -Só na última palavra ela me olhou.

Desculpa por não ser a filha perfeita!
Pensei mas não falei, por que conversar com minha mãe era como andar em um labirinto sem saída, estressante e você não chega a lugar nenhum. Mas então olhei para baixo e lá estava minha calça seca e suja ainda, agradeci tanto aos céus por isso...

Já no meu quarto com o ingresso e o celular na mão eu te liguei, mas caiu na caixa postal onde a voz eletrônica falava comigo. Você não tinha aquelas típicas mensagens postais do tipo "Aqui sou eu Jacob, deixe sua mensagem e duzentas pratas". Isso me decepcionou, eu queria ouvir sua voz nem que saiba desse jeito.
Não liguei de novo, ele não devia estar esperando minha ligação.
E mais uma vez o ingresso que hoje é só pó queimado foi parar jogado num canto.

Eram oito da noite e o falatório no andar de baixo era grande, escutei a voz do namorado de Beth que também foi convidado para o jantar de comemoração ao sucesso da minha gêmea (comemoração do meu fracasso). O namorado da minha irmã mais velha era filho do prefeito, sim a minha irmã foi esperta e pescou um peixe grande, mas eu acreditava no amor deles, o pior é imaginar a Karolayne indo pescar um peixe maior ainda, um filho de um presidente talvez? E eu? Com certeza a filha errada ficaria com o filho de um peixeiro, eu não ligava, um peixeiro era digno do dinheiro dele diferente de políticos corruptos.

Fui tirada de meus pensamentos quando escutei o tocar do meu celular. Meu coração acelerou e eu olhei, "número desconhecido" dizia no telefone, quando vi estava procurando o ingresso para ver se era mesmo quem eu estava pensando. E era. Quando eu achei o ingresso meu celular parou de tocar e caiu na caixa postal com minha voz dizendo "Aqui é a Kath, mas para você é Katherine! Agora diga por que me incomoda." e depois do "bip" do celular escutei você rindo da minha mensagem de caixa postal, pelo menos eu tinha uma!

Deixei o ingresso onde estava e sentei-me na cama para escutar sua voz e o que tinha a me dizer no entanto... Não tive coragem de pegar meu celular. Então você começou do outro lado da linha:

- Boa noite, eu recebi uma ligação desse número mais cedo e estou retornando para saber se era algo importante. - A voz dele era casual, como no dia em que o vi pela primeira vez com Sabrina e nem fomos notadas. Então pensei que você já tinha deixado o recado na caixa-postal mas quando minha mão já estava quase pegando o celular você voltou a falar. - E se for a menina do cabelo roxo... Saiba que eu tô livre e se quiser... fazer algo, sei lá... Me manda uma mensagem...É isso, Boa noite.

Na última parte a voz estava mais nervosa e então me permiti rir e se não fosse eu? Ele falaria mesmo isso para qualquer pessoa?
Peguei meu celular e fiquei encarando. Eu mandaria mensagem? Eu tinha um jantar de "comemoração" com minha família e tinha pisado na bola ontem a noite com eles, mas a real era que ninguém tinha me perguntado como eu estava me sentindo sendo desclassificada, ninguém me perguntou se eu queria ir realmente nesse jantar estúpido. Por que ninguém se importava.

Então mandei a mensagem:"É a cabelo roxo sim."
E mandei um endereço para ele me encontrar naquele momento mesmo. Eu já estava arrumada com minhas roupas normais para aguentar minha família nada legal mas mesmo assim eu troquei de roupa.

-Eu não acredito que vou fazer isso. -Remunguei enquanto pulava a janela e ouvia as vozes da minha família se distanciarem a cada passo que eu dava para você.

Katherine Purple.Where stories live. Discover now