Capítulo 16- car without brake

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- O que você está fazendo aq....- Antes de terminar Jacob estava com a mão tapando minha boca.

- Você não me deu chance de me explicar então passei três dias pensando numa forma de apresentar minha vida maluca para você, não foi nada fácil, então me dá uma chance. - O rosto de Jacob no escuro do meu quarto era quase que impossível de ver, mas o pouco que via me agradava, mesmo que tenha me assustado com sua chegada.

Ainda estava com raiva dele, mas não podia negar que toda vez que saía de casa nos últimos três dias sempre olhava para a casa que o vira naquele dia, talvez era a vontade de vê-lo e nos entendermos, escutar uma boa explicação para seus segredos, mas fui eu que lhe virei as costas na lanchonete porém talvez aquele surto de invadir meu quarto na madrugada só daria ali, mesmo ele mentindo para mim eu queria escuta-lo para não ter do que me arrepender mais na frente.

- Ok. - Sedi quando ele tirou a mão da minha boca.

Coloquei um casaco por cima do pijama e descemos pela janela do meu quarto que ele havia entrado.

Jacob me ofereceu o capacete e eu peguei subindo na moto, não falamos nada durante o caminho. Parecia que só existia nós e as estrelas nos observando e de algum modo aquilo foi bom. Para onde estávamos indo?

Era madrugada e talvez eu veria Jacob a luz do dia outra vez, caso ele não resolvesse sair antes com seus segredos.

A moto foi parada no meio do nada, mas não senti medo, estava com Jacob. Descemos e tiramos o capacete, sem pensar Jacob segurou minha mão, um toque que era para parecer familiar soou desconhecido e acabei esitando mas bastou ver seus olhos encontrarem os meus que confiei novamente. Não dava para odia-lo e não acha-lo bonito ao mesmo tempo, suas feições combinavam perfeitamente com a noite.

Jacob me conduziu para uma trilha que subia um morro, andamos durante bons minutos em uma inclinação de subida mas Jacob em momento algum soltou minha mão.

Paramos no que parecia ser o ponto alto do morro, o mato batia na minha canela e parecia que íamos cair a qualquer momento.

- É aqui que você dá um fim em mim? - Tentei ser sarcástica mas soou como um humor ácido sem graça e até Jacob me olhou sem resquícios de sorriso no rosto.

Então ele se sentou perto da beirada do morro, que bem abaixo tinha a pista de onde viemos e mais embaixo ainda era a cidade que naquele horário não passava de várias luzes na escuridão. Antes de me sentar olhei para trás e notei que ali só havia uma única árvore. Jacob olhava firme para as luzes da cidade.

- Durante toda minha vida eu venho aqui duas vezes no ano. E todas elas na companhia da minha mãe. Nós morávamos numa cidadezinha à seis horas daqui então todo aniversário dela saíamos em torno de meio-dia para termos a visão do pôr do sol daqui de cima. Logo depois fazíamos uma fogueira baixa de baixo da árvore conversávamos até o amanhecer para termos essa vista. - Disse ele apontando para os tons de cores que apareciam no céu. - Vinhamos também no ano novo, assistir os fogos daqui é um privilégio que só eu e ela sabemos. Mesmo que ela sempre me perguntasse "Não era para você está enchendo a cara com seus amigos filho? " Mas eu sempre preferi vir aqui com ela, não me arrependo. Ela acreditava que tudo que vemos, que sentimos são presentes que a vida nos dá de graça e muita gente não aproveita e o que ela mais gostava era isso. - Agora as cores subiam mais. Falar da mãe dele não era um assunto que me imaginei falando com ele agora então fiquei quieta, porém ele também ficou.

-Hoje iria ser aniversário dela? - Arrisquei olhando para ele mas ele não tirava os olhos do vermelho que tomava o céu.

-Não. Eu só queria vir aqui com alguém que valesse a pena e que tenha importância para mim. - Eu era isso para ele? - E não se admire com isso, pois é a única coisa boa que você vai ouvir de mim, do meu passado que você Insite em saber. Me lembro de quando contei a você sobre meu pai, eu vi sua feição e é algo que eu não quero ver novamente, não por mim. Eu nunca te conto nada, talvez te esconda coisas por esse motivo. - Agora ele me olhava.

- Não quero que me poupe de nada Jacob. Eu só quero... Te entender, por que você me fez se envolver com você eu quero saber seus mistérios sim, a verdade e se vai doer ou me assustar eu que decido. - Falei firme e quando desviei o olhar lacrimejado dele vi que as estrelas iam sumindo para o céu ser tomado por uma estrela maior. O sol.

- Katherine, eu enxergo a vida como um caminho. Um caminho cheio de curvas, obstáculos, pedras, engarrafamentos... E nós somos os carros que nelas passam, mas meu carro não tem marcha ré. Eu não curto voltar atrás, se eu sinto que o caminho está mal eu mudo de estrada, mas nunca dando ré. Então se quiser que está vista não seja a nossa última juntos é melhor que goste da idéia de ir no meu carro anti marcha ré. - Nós nos encaramos e o tom rosado que o céu ganhava refletia em nós deixando um toque alaranjado em sua face que o deixava mais lindo ainda. Mas o que ele estava dizendo?

Ele estava dizendo que se recusava ligar a marcha ré por mim? Ele não me contaria nada do passado dele? Eu não sei se confiaria em alguém assim.
Então aproveitei a vista do pôr do sol com meus olhos embarçados de lágrimas. Era isso? acabou?

- Eu vim na expectativa de um novo caminho, um novo recomeço. E você era o meu recomeço Katherine.

-Obrigada por me trazer aqui, sei que significa muito para você. - Agora eu chorava, fui fraca.

Então descemos em silêncio e voltamos em silêncio. Não importava o quão lindo foi a vista, pois foi sim a coisa mais linda que já vi, porém nada mudaria aquela situação.

Eu era o recomeço dele e estava interditando a passagem de seu carro anti marcha ré no novo caminho que ele optou ir. Mas estar numa relação onde não sabemos quando e nem onde bombas sobre a vida dele viriam não seria nada confortável. Eu viveria ao lado dele dando surtos feito no dia do show toda vez que descobrisse algo?

Desculpa Jacob, mas se for assim, não serei seu recomeço.

Katherine Purple.Where stories live. Discover now