Capítulo 15- Favorite person.

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Assim que meu pai estacionou o carro não pude me conter e saí desesperadamente abrindo a porta de vidro do hospital. Falei com uma voz apressada à recepcionista sobre "Wesley M'caal" e fui logo direcionada ao corredor e quarto onde ele se encontrava. Corri até o corredor desviando de macas, enfermeiros e funcionários da limpeza até que vi Agustina no final do corredor com uma expressão nada boa.

Eu não sei o que eu esperava ver mas não era meu melhor amigo pálido, desacordado deitado numa cama de hospital com soro pingando em direção ao seu corpo. Aquele não era Wesley, não podia ser.

- Depois de receber uma carta ele não parava de gritar, e bebeu sete garrafas sozinho sem parar, eu não sabia o que fazer...- Agustina estava tão nervosa quanto eu .

Mas eu não disse nada, olha-lo daquele jeito era um castigo para mim, senti lágrimas vindo e minha garganta fechar. Wesley não parecia o menino sorridente que faz piadas de babaca a todo momento.

Por fim meu pai chegou no corredor e eu desabei, segurei seus braços firmes para ter certeza que aquilo realmente estava acontecendo, e estava.

- Me informe quando ele ir para casa, eu não aguento vê-lo assim. -Falei para Agustina tentando ficar estável. Soou meio egoísta e fraco mas eu não conseguia estar ali.

Demorou três dias para Wesley ir para casa, os três dias mais tediosos da minha existência. A escola sem Wesley parecia não ter graça, e por algum motivo Aron também sumiu. Jacob não havia me mandado mensagem desde o dia da lanchonete. Tudo parecia errado.

Toquei a campainha da casa de Wesley e Agustina veio me atender.

-Ele está no quarto, acabou de tomar uma medicação e talvez acabe dormindo. -Murmurou ela.

-Obrigada.

Subi as escadas com passos firmes mas sentimentos soltos, eu tinha medo, medo do que ia ver. Porém quando cheguei ao quarto Wesley estava deitado assistindo Tom e Jerry.

- Olha, olha, te peguei no flagra. - Falei rindo, Wesley parecia mais magro, mas o sorriso era o mesmo.

-Kath. Senti sua falta. - Eu me senti um lixo ao escutar isso, por que eu sumi quando ele mais precisou.

Conversamos um pouco mas a minha cabeça só lembrava dele no hospital e aquilo era horrível. Até Que no meio da conversa eu disse:
-Janta lá em casa... no sábado. -Dito isso a expressão dele mudou totalmente para sério, Wesley nunca ficava tão sério assim.

-Katherine, não preciso que sinta pena de mim.

Katherine? Ele me chamou de Katherine ? Na maioria das vezes ele me chamava de "Kath" ou "Kathzinha".

- Wesley eu nunca senti pena de você. Eu sei de suas lutas para estar aqui , pelo contrário eu te admiro, você... Você é minha pessoa preferida. - Eu não podia chorar, não na frente dele.

-Você também é a minha pessoa favorita. Mas estou bem, tudo vai ficar bem, foi só.... um deslize. - As últimas palavras estavam arrastadas e vi os cílios de cima de seus olhos chocarem com os de baixo. Wesley dormiu. Deve ter sido o remédio.

A última vez que usará a palavra "Deslize" para cobrir meus erros meu pai me deu uma bronca, e agora eu queria fazer o mesmo com Wesley, mas apenas o deixei dormir. Acabei cobrindo seu peito nu com um cobertor e desligando a TV.

-Pense no jantar. - Sussurrei e beijei sua testa.

Fui até a porta do quarto mas não sem antes notar uma foto minha e de Wesley num porta-retrato em cima do criado mudo dele. A fotografia era do jogo de futebol dele do ano passado, ele ainda vestia o uniforme do time e eu estava em cima das costas dele mostrando a língua, não pude deixar de sorrir, no porta-retrato seguinte era uma foto de todos, Aron, eu, Sabrina e Wesley, estávamos num barco em que Wesley alugou no aniversário de Aron, e na foto seguinte era uma mulher, ela era linda, um sorriso alinhado , cabelos longos e negros feito carvão seus olhos sorriam junto com a boca e ela se parecia muito com Wesley. Era a mãe dele.

Katherine Purple.Where stories live. Discover now