capítulo 17- Dinner.

495 91 24
                                    

Karolayne veio passar o fim de semana em casa, então eu acordei com uma conversadaria no andar de baixo e por incrível que pareça eu não liguei, nem reclamei, na verdade sorri, estava com saudade da voz irritante da minha irmã.

Desci as escadas e Karolayne falava até da marca do papel higiênico da escola e minha mãe se interessava como se estivesse lendo uma bula de remédio de vida ou morte, revirei os olhos mas acabei rindo a casa parecia normal de novo.

Passamos o sábado em um parque onde minha mãe resolveu fazer um piquenique em família, o que foi bom pois ela não se incomodou em eu levar meus livros sombrios nem meus fones de ouvido pois estava ocupada demais escutando sobre o tipo de maçaneta que o quarto de Karolayne na escola tinha.

Mas tinha Jacob, mesmo aquela sendo a nossa deixa ele não saía da minha cabeça, tinha que ter um tipo de tomada para essas coisas para que quando quisesse que acabasse era só desengatar. Fechei meu livro com força ao pensar isso, pois nem as piadas sem graça do meu pai me fazia rir com a conversa de Jacob na cabeça. Mas não foi culpa de ninguém além de mim olhar para a sua casa no final da rua tentando adivinhar qual janela daria para o seu quarto e se ele estaria me olhando, mas provavelmente não, as janelas eram tão escuras que nenhuma menina de cabelo roxo refletiria ali.

Na hora do jantar a campainha surpreendeu à todos.

- Estão esperando alguém? - Perguntou minha mãe da cozinha com uma colher de pau na mão, então todos negaram.

-Uuuuh visitas inesperadas! Adoro. - Disse Karolayne que se arrumou toda para o jantar em família, ela sempre fazia isso.

E lá foi ela com seu vestidinho florido de saia armada balançando para atender a porta. Mesmo ela estando virada de costas, pude ver em minha mente a careta que ela fez ao abrir a porta e no mesmo tempo fechar na cara de quem for que estivesse ali. Ok, quem minha irmãzinha teria tanta raiva? Bater porta na cara de alguém era mais minha cara.

- Eu me recuso atender esse....- Disse Karolayne se afastando da porta com as veias soltando da cabeça. - Acho que é para você Katherine.

Quando cheguei até a porta entendi o motivo da raiva da minha irmã, tinha nome e sobrenome. Wesley M'caal.

- Katherine! O que aquele menino está fazendo na minha sala? - Disse minha mãe parecendo ter um infarto.

Depois de permitir que meu amigo entrasse na minha casa, minha mãe teve um surto e me mandou discretamente para o quarto vindo logo atrás de mim.

- Ele é meu amigo mãe.

- Ele é um mal exemplo, eu sei bem quem ele é. Aparece bêbado em todo canto e...... - Claro que aquilo era sobre Karolayne .

- Eu já saquei que você não queria estragar a noite da minha irmã... Mas o mal entendido entre eles já faz... dez anos!- No jardim de infância Wesley cortou o cabelo da minha gêmea com a tesoura da professora desde então minha família toda o odeia, e Karolayne tem trauma dele. Aposto que Wesley nem lembra.

- Mas ele continua sendo um bêba...- Minha mãe ia dizendo mas meu pai entrou no quarto.

-Parem de gritar. - Disse meu pai entrando e fechando a porta atrás de si.

-É... Fala com a sua esposa que vai à igreja todo domingo mas não acolhe um amigo meu para um jantar. Caramba! Seja uma boa samaritana mãe. - Tá bom peguei pesado.

- Kath olha a boca! Penelop... O garoto passou a última semana no hospital, ele precisa de um apoio como o nosso, ele está sozinho desde que a mãe morreu. Não devemos culpa-lo. Adolescente com grana e solitário se não se embebedar aí sim é estranho... Mas não devemos julgar e sim ajudar. - Senti minha mãe amolecer mas não disse nada. - E esta casa também é minha. O menino fica. - Agora meu pai falou firme. - E as portas estão sempre abertas para ele Kath.

Meu pai era o máximo, quis dar pulinhos mas evitei para não tropessar nas escadas que agora estava descendo.

Quando desci as escadas vi minhas irmãs e Wesley sentados na mesa de jantar. Karolayne perderá toda a pose de menina meiga, pois segurava firme um garfo enquanto olhava para Wesley com os olhos cerrados como se fosse uma presa.

Sentei no sofá e Wesley veio logo atrás de mim, desviando-se do olhar ameaçador de Karolayne.

- Trouxe a Agustina, algum problema? - Wesley estava sóbrio. Wesley estava sóbrio! Eu quase infarto de alegria porém não deixei transparecer, não me lembrava de escutar aquela voz suave que ele tinha sem a bebedeira, estava feliz por esse passo.

- Podia trazer Aron também. - Comentei olhando Agustina ajudar a minha mãe na cozinha, no momento quis correr e lhe dizer que hoje ela era convidada mas dispensei a idéia quando pensei que ela na cozinha poderia acalmar minha mãe .

- Aron... Ele tá de namoradinho... Já te contou? - Saber que esses comentários bobos de Wesley não fazia parte da bebedeira tinha um lado ruim mas mesmo assim deixei passar. Era Wesley.

- É, ele contou. Nunca desconfiei, eu era afim dele quando ele se mudou. - Revelei, nunca falei disso com ninguém porém agora não faria diferença mesmo. Minha quedinha por ele passou quando Sabrina foi mais esperta e ficou com ele.

- Mentira!? Jurava que você era afim de mim.

-Sai pra lá Wesley, você sempre vai ser o idiota que cortou o cabelo da minha irmã. - Wesley não entendeu a piada , claro que ele não lembrava, Wesley fazia tantas coisas erradas que aquela era só mais uma e aquilo foi à dez anos atrás.

-Vamos jantar ! - Gritou meu pai da cozinha.

E que comece o jantar!

Katherine Purple.Where stories live. Discover now