8: Passando Mal

221 41 65
                                    

Já se imaginou com alguém? Você aí, que não namora, nem nunca namorou, nem nunca chegou perto disso, nem ao menos sentiu a sensação de como é ter um namorado.

Eu sou aquela pessoa que observa todas as outras pessoas passando na rua e imagina como seria minha vida se namorasse cada uma delas. Seríamos felizes? Formariamos um belo par? Ficaríamos juntos a vida toda ou apenas por seis meses? A verdade é que eu detesto andar na rua, eu vejo casais passando felizes de mãos dadas, esfregando na cara de quem vê a feliciade insuportável deles, o doce eterno da vida de um casal recém assumido, tão doce que me sinto diabético. No fundo eu morro de inveja, morro por que eu sou tipo uma cobertura de limão num sorvete napolitano. Eu tô lá, mas ninguém sabe que eu existo, ninguém cogita a possibilidade de que a cobertura de limão também pode ser doce, é por isso que o frasco da cobertura é sempre cheio. Eu sou um grande limão azedo, esquecido numa barraca qualquer de uma feira num dia de segunda.

Olho a hora no meu celular, Bailey está atrasado. Disse que me pegaria às nove, já são nove e meia.

-- Vai ver ele desistiu, voltou com a Sabina e me deu um toco.

É, eu realmente sou uma cobertura de limão esquecida no meio de tantas outras coberturas.

-- Mas o que é isso?

E se aproximava da minha casa um Chevrolet Camaro, cujo a luz do farol quase me cegavam. Ele para e abre a janela.

-- Bailey? - digo confuso.

-- Vantagens de ter uma oficina. - ele diz.

-- Você roubou o Bumblebee?

Por uma fração de segundo eu juro que vi Bailey sorrir disfarçadamente.

-- Entra logo. - ele fala, mas dessa vez não foi rude.

Eu faço uma cara de indignado pra ele.

-- Não quer que eu abra a porta pra você, quer?

Ele me diz, parece estar dizendo algo muito idiota. Afinal, eu estou ou não estou tentando transforma-lo em alguém descente?

-- O que você acha? - eu respondo.

-- Tá falando sério? - ele diz irritado.

Eu me sento na calçada como forma de resposta, não vou levantar de onde estou até que ele me abra a porta.

-- Ah, vai se foder!

Ele liga o carro e dá a partida. Ele precisa de mim, não vai embora assim tão fácil.

-- Um, dois...

Então o carro vem de ré e estaciona exatamente onde eu estava antes. Viu?
Bailey desce do carro, irritado e contrariado, bate a porta, da a volta e abre ela pra mim.

Eu sorrio cinicamente. Tenho certeza que se ele tivesse uma arma, atiraria em mim agora. Entro no carro e ele bate a porta com tudo, logo depois ele adentra.

-- Juro que se você falar alguma coisa eu te quebro no meio. - ele fala e eu solto uma risadinha, mas logo contenho quando recebo um olhar zangado, segundos depois partimos.

O clima ficou um pouco tenso, eu estava com medo que ele me atirasse do carro, mas isso não aconteceu. Ufa!

-- Vê se finge bem hoje. - ele me diz.

-- Eu estou fingindo desde o início.

Ele abre a por pra mim novamente quando chegamos na frente da casa de Sabina. Estava cheia de gente. Agora me dei conta de que a escola inteira estava lá nesse momento. Eu travo na hora.

Ainda Amo VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora