| V |

2 0 0
                                    

SCOTT P.O.V.

Chego no endereço indicado com cerca de vinte minutos de caminhada, sendo dez minutos de atraso. O endereço indicado, Rua Marguie, número 57, definitivamente não era o que eu imaginava, pois se eu havia imaginado, não era um enorme solário de pedras que eu esperava.

A construção era completamente rodeada por árvores e suas folhas laranjas caídas de outono. O sol refletia nas janelas e o portão de ferro fundido arabescado pelo qual passei lentamente, sendo parado por guardas:

- Você é... - Disse um deles sem nenhuma expressão facial.

- Scott Taylor.

- Certo. O último a chegar.

Sigo meu caminho rumo a entrada da construção. Quanto mais me aproximava, maior a porta de madeira escura se tornava, e o as minhas batidas mal pareceram gerar algum som audível no interior da casa.

Os rangidos da dobradura logo foram seguidos pela lenta abertura da porta que revelou uma das mais grandiosas salas de entrada que já vi. O espaço tinha mais de cinco metros de altura, e o conceito de antessala apenas para guardar os casacos e capas é aqui completamente descartado. Estantes com vasos de porcelana decorados e vasos de flores forravam a parede, o espaço disponível para guardar as roupas de inverno era estupendo.

Olho em volta a procura de quem abriu a porta, não encontrando ninguém logo deduzo que foi o trabalho de algum De Sangue controlando a matéria.

- Olá Sr. Taylor. - Escuto uma voz idosa me chamando, e me viro encontrando um mordomo, com um bigode cheio, cabelo brancos bagunçados e um ar misterioso. - Meu nome é Bert, é vou leva-lo ao encontro dos demais.

Caminhamos por corredores minunciosamente decorados, todos com o pé direito mais alto que os dois andares da minha casa juntos. Paramos à soleira de uma porta quase tão grande quando a principal e Bert aponta para que eu abra.

Um vento sopra em meu rosto logo que abro a porta, devido a janela na parede oposta. A sala contém basicamente uma mesa retangular com os pés virados para a porta, o que facilita para que cerca de quinze pessoas que mantinham uma conversa parassem e olhassem para mim.

Sinto meu corpo estremecer. Não é a mesma coisa que ser encarado por mais de quinhentos pessoas presentes da nova geração, mas o olhar que mais me chama atenção é o do homem sentado na cabeceia da mesa, logo em frente a janela.

O sol batia em suas costas, escondendo seu rosto na sombra, e mantendo o contorno brilhante sobre os cachos alaranjados e sua estatura alta.

- Doze minutos de atraso. - Ouço-o dizer.

- Me desculpe. - Murmuro. Ele era uma pessoa importante. Não consigo dizer o quanto, ou quem ele era, mas por sua posição na mesa e poltrona que se sentava, assim como sua voz grossa e precisa ao se dirigir a mim, me causavam uma ansiedade enorme.

- Sente-se.

O único lugar disponível era nos pés da mesa, me deixando frente a frente, mesmo que longe, do homem importante desconhecido.

- Todos estão aqui? - Ele pergunta para alguém que se sentava ao seu lado direito.

- Já pode começar.

- Vocês provaram seu valor. - As primeiras palavras da voz aveludada do homem do lado oposto, não me causaram uma impressão muito boa. Ele parecia me encarar. Não podia ter certeza graças as sombra que escureciam seu rosto, mas era desconfortável, como se um gelo passasse por minhas costas. - Existem dois lugares principais que vocês frequentaram, essa é a sede do comitê dos Híbridos e não muito longe a do Comitê dos De Sangue.

A Peste de Best KendalWhere stories live. Discover now