| VIII |

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SCOTT

O terceiro Bert me guia por corredores duas vezes maiores e luxuosos do que os da Sede. Nossos passos eram o único som que se escutava, o que produzia um sentimento estranho em mim, pensava no castelo como uma grande armadilha, qualquer deslize meu ali custaria muitas vidas.

O mordomo ou Bert III para na frente de uma grande porta dupla de Ipê preto e a abre lentamente, dando um efeito de mistério na grande sala, que aparentemente era a sala do trono. Na parede esquerda havia três grandes janelas, com a moldura em ouro assim como o rodapé do cômodo. Um grande tapete vermelho com detalhes em dourado se estendia da porta até o final da sala, onde tinha uma espécie de altar, onde apenas um grande trono de pedra negra era ocupado por um homem alto e forte, com uma longa capa de tecido vermelho com as bordas brancas. A pesada coroa de ouro pousava nos cabelos ruivos do rei, estava bem longe dele mas não precisava ver para saber que seus olhos eram totalmente negros, assim como todos da Familia Wilkinson.

Sinto um frio na barriga e penso seriamente em fugir para o lado oposto da sala, mas Bert III começa a caminhar até o trono e eu me obrigo a segui-lo. A cada passo que dava para chegar mais perto do rei, ficava mais e mais nervoso e só piorou quando chegamos a poucos passos do monarca.

O mordomo para no pé da escada do altar e sinto o rei me olhar fixamente, agora que estava mais perto dele, seus olhos eram completamente negros e suas feições eram fortes e bem marcadas, de maneira geral ele era bem bonito.

- Scott Taylor certo? - Ele fala com uma voz grossa e forte, seu senso de liderança deslizava entre suas palavras naturalmente. Estremeço.

- S-sim

- Você foi um dos 5 escolhidos para cortejar minha filha, Anna Wilkinson, e se for um dos finalistas terá direito a mão dela em casamento. - Ele explicava tudo que já sabia, como se alguém pudesse vir parar aqui sem saber o porque. - O senhor terá o direito de se hospedar no castelo por um mês e passara por testes. - Enquanto ele falava o que era obvio, eu só pensava em como parecia ridículo na frente do rei, tinha gaguejado na primeira palavra que troquei com ele e apenas na maneira como ele falava, dava para saber em como ele era frio.

Ele diz mais algumas coisas, mas não presto atenção já que consegui me perder em meus próprios pensamentos e só volto a realidade quando ele pergunta:

- Entendeu? - ele me olha duramente, tamborilando os dedos no braço do trono, estava gastando seu tempo aparentemente.

- Sim - dessa vez consigo manter uma voz minimamente firme, sem gaguejar pelo menos.

- Ótimo, nosso mordomo, Bart - Ele aponta para Bert III - o levara para seus aposentos. - E com um gesto dispensa Bart e eu, que me levava por mais corredores luxuosos.

Atravessamos vários e vários cômodos e sinceramente, sabia quase todas as ruas principais e as menos conhecidas do Leste e todos me elogiavam por isso dizendo que eu tinha uma boa memoria, mas não acho que fosse verdade, já que não lembrava o caminho nem da entrada principal até a sala do trono.

- Bart, não é? - Pergunto para o mordomo enquanto caminhamos rumo a algum lugar.

- Sim. - Ele responde seco, Bert I não responderia desse jeito.

- Eu acho que já vi você em alguns lugares, talvez não exatamente você, mas uns dois clones. Se fosse apenas dois acreditaria que são gêmeos, mas três seria muita coincidência e...

- Esse é seu quarto. - Bart abre uma porta alta e um corredor que não me lembro como se chega, sei apenas que fica em uma das duas separações da escada.

A Peste de Best KendalWhere stories live. Discover now