| VI |

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 ANNA

Sou acordada por Bart que trazia em uma bandeja algumas frutas e um chá para um dejejum rápido e pouco tempo depois de sair o criado entra novamente carregando um grosso envelope de papel pardo dizendo:

- Vossa majestade, a rainha mandou entrega-la para abrirem juntas no escritório de seu pai.

- Papai não está presente?

- Ele saiu hoje cedo com Corey para caçar com alguns membros do exército, senhorita.

- Sabe do que se trata, Bart? - Pergunto curiosa mexendo no envelope, enquanto ele me auxilia no amarro de meu vestido.

- Desculpa, mas não possuo essa informação.

Com considerável euforia desço rápido a escadaria bem iluminada por lustres e ando pelos corredores do andar principal levando o envelope até chegar ao escritório de meu pai, onde minha mãe estava sentada atrás da mesa na cadeira de couro brilhante que ele costuma ocupar. As janelas estavam todas abertas, porém o dia nublado impedia que grande quantidade luz entrasse no ambiente.

- Queria me ver? - Me sento na cadeira do lado oposto a mesa, jogando o envelope sobre ela.

- Sim, acho que vai gostar do assunto. São todos os candidatos que já se inscreveram para a predileção ontem e anteontem. Claro que possivelmente alguns deixarão seus nomes hoje, mas já podemos adiantar o processo avaliando alguns.

Sorrio me endireitando em meu assento, antes de abrir o pacote de papel pardo em minhas mãos. Mais de cem folhas de papel estavam preenchidas, cada uma acompanhada de uma foto.

O trabalho leva tempo, e nenhum candidato chamou minha particular atenção na primeira metade da pilha. A Predileção promete ser uma experiência divertida, os cinco homens que escolher no meio dessa centena serão testados em diversos aspectos suas aptidões para assumir um cargo real, e genes descentes para formar o próximo Da Peste.

O poder Da Peste, o poder da morte... Bela representação de força, matar com um olhar ou um toque, incrível exemplo de masculinidade, tão perfeitamente inútil para uma mulher. Talvez tenha me frustrado na vida, não deveria ser difícil para uma princesa conseguir amigos, mas as vezes se torna complicado quando toda a delicadeza e sensibilidade de uma mulher acaba sendo escondido por um poder tão brutal.

Fico por mais alguns minutos folheando os candidatos até que me deparo com uma imagem que não me era estranha, que automaticamente desponta um sorriso em meu rosto. A imagem era composta apenas por preto e branco, mas identifico o homem que esbarrou comigo a uns dias atrás. Interessante. Leio sua descrição: Scott Taylor, 20 anos, 1,64 metros, sou inteligente, tenho noção de economia, e é horrível se descrever.

Rio um pouco. Foi a única descrição espontânea que li até agora.

- Esse aqui é interessante. - Falo para minha mãe, que encara um pouco a foto.

- Bem, ele não é feio. Taylor... - Ela pensa por pouco tempo. - Nunca ouvi esse sobrenome, muito provavelmente um Leste.

- Mas se está aqui é um Hibrido ou De Sangue.

- Abraham não vai gostar muito da ideia, mas enfim, se ele não aparecer com ideias revolucionárias absurdas ou com interferências as tradições pode ser um candidato.

- Por que ainda mantém essa ideia de grupos revolucionários do Leste. Sabem que não aparecem a dez anos e mesmo que aparecessem não teriam força nenhuma.

- É exatamente esse sumiço repentino das revoluções que me chama a atenção. Classes inferiores não costumam ficar caladas por muito tempo, e quando fica, estão planejando algo.

A Peste de Best KendalWhere stories live. Discover now