7 - Você está brincando com fogo

58 16 38
                                    

Ele escutou a voz abafada como se estivesse longe demais para seu ouvido captar. Cada centímetro do seu corpo estava paralisado, mesmo com todo o esforço ele estava imobilizado, a cabeça baixa e os olhos marejados, mas nem mesmo chorar ele conseguia.

Ao menos se chorasse aquela angústia sairia de seu peito.

- Haku olhe para mim. - Luci toca suas bochechas erguendo o seu rosto. - o que houve?

Ele abriu a boca, mas foi incapaz de dizer algo. Luci percebendo isso, puxou os ombros pequenos do garoto para perto, o abraçando com tanta força que quase poderia machucar, ele retribuiu, afundando o rosto em sua pele e puxando o ar para seus pulmões com dificuldade.

- Respire devagar. - com a outra mão afagava as mechas onduladas. - está tudo bem amor, eu estou aqui.

Por um momento sua mente era um nevoeiro caótico. Queria aquietar os seus pensamentos, e falhava todas as vezes, mas ele poderia o escutar, sua voz era pacífica e amena, e com ela trazia uma paz desconhecida para dentro da sua alma.

Mesmo que ajudando parcialmente, foi aos poucos normalizando sua respiração.

Como Haku dependia de Lucien, ele manteve a calma pelo namorado, mas estava ao ponto de entrar em desespero, nunca o viu daquela forma, nem sabia o que poderia ter acontecido, se alguém o machucou, ou se era uma crise de ansiedade.

Queria o encher de perguntas, ou chamar Ryu no quarto, que certamente agiria melhor. Quando se tratava de Haku ele transbordava de receios, e agora ele temia tanto, que abraçá-lo era sua única alternativa.

Mesmo no escuro arriscou separar-se minimamente, analisando cada partezinha tensa, e procurando qualquer vestígio de ferimento.

- Estás melhor? - pergunta receoso.

Haku balança a cabeça concordando, limpando os olhos com o antebraço.

- quer conversar?

- eu só quero dormir. - ele sopra, subindo na cama.

Luci o observa adentrar nas coberta, o acompanha deitando de frente para ele, que o abraçou mais uma vez, se aconchegando no seu calor.

Depositou sua mão em suas costas, fazendo carícias em círculos pequenos. Ele mal pregou os olhos durante a madrugada, ao invés disso, ficou monitorando cada batimento cardíaco do garoto.

Quando o sol nasceu, estava um caos, se viu obrigado a levantar e fazer o café para o resto da casa, mas antes verificou o menino dormindo tranquilamente, certificando de que estava tudo bem.

- deixe-me ajudar, é injusto que faça tudo sozinho Luci. - Miwa oferece pela segunda vez.

Ryu observava do outro lado sentado na bancada, ainda sonolento, depois de Keir decidir o ignorar totalmente, ele estava com uma visível carranca, e com o orgulho ferido.

- certo, hum sabe fazer as panquecas?

Ela concorda com um movimento de cabeça, um laço azul estava amarrado em um arco segurando as mechas escuras, e ainda usava seu pijama que era curto demais para um dia gelado como aquele.

- pode deixar, eu nunca te decepcionei lembra? - ela sorri.

Lucien estava vagando em muitos pensamentos para sorrir de volta, apenas se absteve em suas tarefas, desejando estar de volta logo ao seu quarto.

- Olha Lucien, acha que está bom o suficiente? - ela cede a tigela, tentando puxar assunto.

Leva um dos dedos na massa colocando nos lábios de uma forma que ela julgou sensual, mas Luci foi incapaz de perceber a malícia no ato.

𝕆𝕙 𝕐𝕖𝕒𝕣 𝔹𝕒𝕓𝕪Onde histórias criam vida. Descubra agora