9 - lágrimas, ameaças e Ryu

78 15 87
                                    

As lágrimas corriam pelo seu rosto, nem sequer sabia se foram cinco ou quinze minutos que permaneceu neste estado, o tempo lhe parecia o mesmo. Decidiu tomar um banho e tentar retirar com a água, todo o peso da tristeza com ela, demorou-se o máximo de tempo possível, e em seguida vestiu a primeira roupa que encontrou.

Queria voltar para a cama e dormir o resto do dia, mas teve seus planos frustrados quando ouviu batidas apressadas na sua porta. Escondeu o rosto no travesseiro desejando que Lucien desistisse, mas levantou bufando quando percebeu que não era o caso, destrancando a porta quando o barulho indesejado persistiu.

Entreabrindo a porta preparando-se para xingar, mas fechou a boca de novo confuso, vendo Ryu no lugar, seu semblante mudou de irritado para melancólico mais uma vez.

- O que houve Haku? - ele mesmo abriu caminho adentrando e fechando a porta atrás de si. - Lucien pegou o carro correndo e saiu.

Haku fungou virando-se e abaixando a cabeça para esconder os olhos vermelhos. Ryu já havia pressentido desde que chegou que algo estava errado.

- Haku! - colocou-se na sua frente surpreendendo-se ao ver o rosto triste.

- aconteceu que Lucien prefere acreditar mais em Miwa do que em mim. - cruzou os braços.

Ryu o encarou incrédulo, sem palavras por um minuto inteiro. Balançou a cabeça afastando o nevoeiro da sua mente, seu cabelo agora solto rebatendo de leve pela suas bochechas, rente ao pescoço.

- Calma aí o Lucien o que? Como ele pode ser idiota de acreditar nela?

- você acreditou. - diz sentando na ponta da cama. - e eu não tive tempo para explicar direito.

- eu sei, mas depois eu confiei em você. Tem que esclarecer as coisas pra ele também Haku.

- eu só deveria ter esquecido esse assunto quando pude. Lucien não me leva a sério mesmo.

Ryu aproxima passando os braços ao redor do seu corpo em um abraço.

- Ele está cego com as mentiras dela, a culpa não é sua. - acariciou suas mechas ainda molhadas. - agora pare de se remoer por isso.

Segura suas bochechas levantando seu rosto para enxergar seus olhos verdes, ele acenou de leve, tirando as mechas da face e limpando o rosto.

- eu vou resolver isso pra você eu prometo. - sorri de forma reconfortante, formando uma leve covinha em um lado da sua bochecha.

Haku pende a cabeça para o lado com um meio sorriso.

Haku nunca duvidou de Ryu, ele sempre foi um bom amigo desde o quinto ano quando se conheceram. No início ninguém falava com ele, as outras crianças isolavam Ryu por causa da sua família, seu pai era um mafioso e a maioria dos seus parentes tinham um trabalho de cunho duvidoso, com uma casa assim logo Ryu logo passou a ser o mais briguento e boca suja da turma, mas Haku nunca se importou com o comportamento nocivo dele, no fundo ele enxergava que Ryu ainda era uma criança de onze anos que também queria uma vida escolar normal com amigos e brincadeiras.

Pov Ryu:

Depois que vi Lucien passando por mim e Keir avoado percebi que algo estava errado, tive certeza quando vi o rosto de Haku. Estava muito irritado com Lucien, mas sabia que eu também havia feito a mesma coisa por muito tempo, somente essa manhã eu consegui perceber o clima estranho naquela cozinha, Lucien deveria estar muito disperso para notar, e depois que Haku me contou o que ela disse eu confiei no mesmo instante nas suas palavras.

No final nós dois estávamos sendo feitos de bobo, eu também havia concordado que ela viesse a essa viagem, e pensar que eu pude baixar tanto a guarda a ponto de considerá-la amiga. Mas as coisas logo se acertariam, eu iria acertar essa merda de uma vez por todas, e depois quem sabe daria uma bronca no Lucien, seria um momento memorável, dar uma bronca no meu professor de biologia.

𝕆𝕙 𝕐𝕖𝕒𝕣 𝔹𝕒𝕓𝕪Onde histórias criam vida. Descubra agora