Estranhos primórdios

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Obrigada pelos mimos do capítulo passado, foi muito gostoso passar o aniversário recebendo carinho de vocês.

Eu sinto muito por essa fase horrível que a gente tem passado esse ano. Sei que cada um deve estar enfrentando mundos por aí.

Espero ajudar em algo para aliviar tudo.

Amo vocês.

Crianças lhe encaravam de todos os lados.

O que é que a professora deles tinha comentado antes da palestra funcionara esplendidamente.

Estavam quietas e adoravelmente atentas.

Agradeceria quando tivesse a oportunidade.

E faria o possível para manter o engajamento.

Sorriu, em substituição a se apresentar e explicar o contexto em que estavam.

Passando os olhos pelos rostinhos curiosos, questionou:

“Vocês têm um melhor amigo?”

Murmurinhos não inteligíveis rechearam o salão da National Gallery.

Continuou.

“Conseguem pensar em alguém querido? Talvez um irmão ou colega de sala. Uma avô ou sua dupla de natação...”

Uma das meninas estava assentindo vigorosamente.

Quer dizer, uma das crianças que aparentava ser menina.

Que poderia ser menino se fosse o caso.

Ume menine.

Será que estava certo usar assim?

Teria que perguntar Lauren.

Decidiu contar com a sua ajuda.

Aproximou-se, sorrindo com a gentileza de quem queria tranquilizá-la sobre a atenção inesperada.

“Adorei a sua certeza. Conta para gente o nome de quem está pensando?”

“Gabriel”

“Gabriel. Ele deve ser um amigo muito bom, sim?”

A menininha assentiu ainda mais energética.

“E o Gabriel está aqui?”

Negativa dessa vez.

“Você se lembra do rosto dele, claro?”

“Claro!”

“Você consegue desenhar o Gabriel para mim? E vocês conseguem desenhar os melhores amigos de vocês?”

Com as respostas afirmativas, continuou:

“Então vou dar para cada um uma folha de papel e lápis de colorir. Vocês querem?”

Riu com o entusiasmo encontrado.

A professora veio em sua colaboração para distribuir os materiais.

Quando cada mão minúscula estava concentrada em segurar um lápis grande demais com alguma coordenação, entregou uma folha para a mulher.

Ela lhe encarou divertida.

“Eu também?”

“Por favor”

“Confesso que estou curiosa. Estava esperando alguma palestra simplificada”

“Óh, não. Por céus, que criança gostaria de ouvir sobre Renoir?”

Tirando Sofia, claro.

“Vão ouvir sobre o quê?”

Modulação PolicromáticaWhere stories live. Discover now