1. A Primeira Vista

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Minha avó me levou até o aeroporto com as janelas abaixadas. Estava fazendo 26 ° C em Nova Orleans, o céu estava um azul perfeito e sem nuvens. Estava vestindo minha camiseta preferida: sem mangas, de renda furadinha. Usava-a como um gesto de despedida.

Na Península Olímpica, no noroeste do estado de Washington, nos Estados Unidos, existe uma cidadezinha chamada Forks que está quase que constantemente coberta por nuvens. Foi dessa cidade que minha mãe fugiu comigo quando eu tinha só alguns meses de vida. Era nessa cidade que eu passava todos os verões até completar 14 anos, mas nos últimos três verões, meu pai, Charlie, passou duas semanas de férias comigo em Nova Orleans.

Agora era em Forks que eu ia me exilar, algo que fiz para fugir da minha inevitável depressão. Minha mãe, Renée, morreu de câncer há um ano. Eu me parecia com ela, exceto pelo cabelo curto e pelo rosto risonho. Sinto espasmos e uma dor sufocante no peito quando me lembro dos olhos infantis dela, da sua voz melódica e da sua empolgação sem fim.

Eu não conseguia mais ficar em Nova Orleans, não conseguia mais ficar em casa. Tudo que olhava, tocava ou ouvia, me fazia lembrar dela. Todos notaram que eu não estava melhorando, não estava ficando mais fácil. A ideia de passar um tempo com o meu pai foi sugestão da minha avó, ela disse: "Não perca mais tempo longe dele, é o seu pai. E Forks renova a alma de qualquer pessoa, acredite."

Minha avó, Maryween, é uma mulher de um pouco mais de seis décadas e de uma força inigualável, sabe se cuidar melhor que qualquer um, e ela não ficaria sozinha. Toda a nossa família vive em Nova Orleans.

— Diz 'oi' para o Charlie por mim.

— Pode deixar.

— Pode voltar pra casa quando quiser ou eu venho se você precisar.

— Não se preocupe comigo — eu pedi — Vai ser bom. Amo você, vó.

— E eu amo você.

Ela me abraçou apertado por um tempo, então entrei no avião e ela se foi.

De Nova Orleans para Seattle o voo dura cinco horas, mais uma hora num pequeno avião até Port Angeles, e então uma hora de carro até Forks.

Charlie, mesmo sob tais circunstâncias, parecia genuinamente feliz que eu iria morar com ele quase que permanentemente pela primeira vez. Ele já tinha me matriculado na escola e ia me ajudar a arranjar um carro. Mas com certeza ia ser estranho morar com Charlie. Nenhum de nós era o que se poderia chamar de falantes, e nem sei o que haveria para ser dito.

Quando o avião pousou em Port Angeles, estava chovendo. Não achei que fosse um mau presságio, só era inevitável. Já tinha me despedido do sol. E além do mais, eu sempre gostei da chuva.

Charlie estava me esperando no carro-patrulha. Já era de se esperar. Ele é o Chefe de Polícia para os bons cidadãos de Forks. Meu motivo maior para comprar um carro, apesar da escassez dos meus rendimentos, era que eu me negava ser levada pela cidade num carro com luzes vermelhas e azuis em cima. Nada melhor para fazer o trânsito andar devagar do que um policial.

Charlie me deu um abraço forte quando sai pra fora do avião, eu ainda não havia me acostumado totalmente ao nosso mais novo tratamento. Não éramos muito de abraços antes, mas depois da morte da mamãe, meu pai passou umas semanas comigo em Nova Orleans, e me abraçou o tempo todo, enquanto eu o afogava em minhas lágrimas, o que também nunca havia feito na frente dele antes, chorado.

— Bom te ver, Bells. — ele disse sorrindo. — Como vai sua avó?

— Vovó vai bem. É bom te ver também, pai.

Só tinha trazido poucas malas, coube tudo na mala do carro-patrulha.

— Achei um bom carro para você, bem barato. — ele anunciou quando já estávamos no carro.

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