10. Interrogações

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Estava nebuloso e escuro lá fora, ele não tinha motivos pra não ir à escola hoje. Eu me vesti com roupas pesadas, me lembrando que não estava com minha jaqueta. Eu não queria colocar outro casaco já que pegaria o meu de volta assim que chegasse na escola.

Quando eu desci, Charlie já tinha ido embora, eu estava mais atrasada do que havia imaginado. Eu engoli uma barra de granola em três mordidas, bebi leite na boca da garrafa, e depois corri para a porta. Com alguma sorte a chuva não começaria antes que eu encontrasse Jessica.

Estava mais nebuloso do que o normal, parecia que havia fumaça no ar. A névoa estava muito gelada quando entrou em contato com as partes expostas do meu rosto e do meu pescoço. Eu mal podia esperar pra ligar o aquecedor na minha caminhonete.

A névoa estava tão forte que eu já estava a alguns passos da entrada dos carros quando eu percebi que havia outro carro lá: um carro prateado.

Meu coração estrondou, tremeu, e depois voltou a bater duas vezes mais rápido.

Eu não vi de onde ele tinha vindo, mas de repente ele estava lá, abrindo a porta pra mim.

— Você quer dar uma volta comigo hoje?—  ele perguntou, se divertindo com a minha expressão de surpresa. Havia uma incerteza na voz dele. Ele realmente estava me dando a escolha, eu estava livre para recusar, e parte dele esperava que eu fizesse isso. Eu sei que recusar seria o certo a fazer, mas eu não resistiria a isso.

— Sim, obrigada — eu disse.

Quando eu entrei no carro quentinho, eu percebi que a sua jaqueta estava pendurada no banco do passageiro. Ele fechou a porta atrás de mim, e tão rápido quanto era possível, ele já estava sentado a meu lado, ligando o carro.

— Eu trouxe o casaco pra você, só por segurança. Eu não queria que você ficasse doente nem nada parecido. — Sua voz estava cautelosa. Eu percebi que ele não estava usando casaco nenhum, só uma blusa cinza-clara de mangas compridas.

— Não sou tão delicada — eu disse, mas coloquei o casaco no meu colo, enfiando os braços nas mangas compridas demais.

— Não é? — ele contradisse com uma voz tão baixa que eu não tenho certeza se ele queria que eu ouvisse.

Nós dirigimos pela rua encoberta de neblina, indo sempre rápido demais, nos sentindo estranhos. Pelo menos, eu estava. Na noite passada, quase todas as paredes tinham desaparecido, bem... pelo menos as dele. Eu não sabia se ele continuaria sendo tão transparente hoje.

Ele se virou sorrindo pra mim.
— O que foi? Não tem mais umas vinte perguntas pra mim hoje?

— As minhas perguntas te incomodam? — eu perguntei.

— Não tanto quanto as suas reações às minhas respostas. — Ele parecia estar brincando, mas eu não tinha certeza.

Seu rosto era impossível de ler enquanto entrávamos no estacionamento da escola. Um pensamento estúpido passou pela minha cabeça.

— Onde está o resto da sua família? — eu perguntei, me lembrando que o carro costumava estar sempre cheio.

— Eles vieram no carro de Rosalie. — Ele levantou os ombros enquanto estacionava ao lado de um carro conversível, vermelho chamativo, e com a capota levantada. — Ostentoso, não é?

— Uau — eu suspirei. — Se ela tem isso, então porque ela vem de carona com você?

— Como eu disse, é ostentoso. Nós tentamos passar despercebidos.

— Vocês não têm muito sucesso. — Eu sorri e balancei minha cabeça enquanto saíamos do carro. Eu não estava mais atrasada, esse motorista lunático me levou para a escola em tempo suficiente.

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