Capítulo 1: O início

2.4K 148 26
                                    

Esperava-se que tudo houvesse acabado com a queda daquele-que-não-deve-ser-nomeado. Mas não foi o que aconteceu.

Não muito tempo depois da ilusória paz no mundo bruxo, houve uma das piores noites da vida de Hermione Granger. Intitulada pelo Profeta Diário como "O ataque à Toca dos Weasleys", Hermione perdeu seus amigos naquele dia (e dessa vez para sempre, comentou aquela droga de jornal ao se referir à Harry).

Gina. Ron. Harry. Molly. Fleur. George.

Todos mortos por comensais que ainda não haviam sido capturados pelo ministério. Justo naquele dia, quando ela e Ron comemoravam seu noivado. Surpreendentemente, foi Draco Malfoy quem salvou sua vida, aquele mesmo loiro que a importunou durante todos os seus anos em Hogwarts e que também havia tentado matá-la durante a batalha final. Não que ela se sentisse grata à ele por isso, afinal, agora ela estava sozinha.

Hermione estava no banheiro quando a invasão aconteceu, ela se lembra da imagem de suas mãos embaixo da torneira quando ouviu o grito agudo de Gina e outros vários "Por favor, não" que retornaram em seguida, ela se lembra das explosões, dos risos maníacos, das maldições e de uma explosão final que ocorreu na cozinha. Ela se lembra de tirar a varinha das vezes e assumir a posição de batalha, como sempre estava preparada para fazer. Ela só não estava preparada para encontrar o corpo do noivo no corredor próximo ao banheiro, como se ele tivesse ido até lá com intuito de protege-la. A partir dali ela não se lembrava de muita coisa, apenas dos momentos mais perturbadores daquele dia.

Os olhos verdes de Ronald estavam fixos no teto, sem foco, sem brilho, sem vida. Ele estava vivo e de repente não. As bochechas dele perdendo a cor e ressaltando as sardas férricas, a mão segurando firmemente a varinha, o anel de noivado ainda em seu dedo, assim como o dela estava.

Hermione não sabe como sobreviveu, porque quando viu o corpo do noivo no corredor ela simplesmente desligou e sentiu a garganta doer. Draco Malfoy disse que ela gritou o nome de Ron com o grito mais devastador que ele já tinha ouvido antes. Ela, entretanto, se lembra apenas de ajoelhar ao lado de seu corpo sem vida e colocar a cabeça dele sob suas pernas, de enterrar o rosto em sua camisa e chorar longamente. Hermione não se lembra da batalha que ocorreu na sala, apenas dos rostos de Harry e Gina contorcidos em angustia e dor, eles não estavam muito longe do corpo de Ron, as mãos dos dois unidas.

No fim, Draco perguntou a ela se estava bem, e ela lembra de não ter palavras para descrever o quão estupida era aquela pergunta. Ele a ajudou a levantar, lutando um pouco contra ela para obriga-la a soltar o corpo inerte de Ron. A última visão da Toca que ela possui, é de Arthur com o corpo de Molly em seus braços enquanto ele olhava para os filhos, a esperança morreu nele naquele dia, e Hermione sabia que a dor dele era tão maior e mais profunda do que a própria. Quando a levaram ao St. Mungus, lhe diagnosticaram como paciente em choque, Hermione não falava, não comia e tinha um constante medo de dormir, precisando de poções fortes o suficiente para que a obrigassem a fazer isso. E mesmo assim, toda vez que fechava os olhos, o rosto inerte de Ron aparecia para assombra-la, ele sempre caindo, caindo, caindo, e de repente ele não estava mais ali.

- Hermione. – a voz doce de Luna a trouxe de volta a realidade, pela centésima vez só naquele dia a castanha havia viajado para um ano atrás. Quando tudo aconteceu, o Ministério decidiu que a Granger possuía um alvo enorme nas costas e era melhor se esconder, foi quando mandou uma coruja para Luna, disposta a se recluir no meio do nada com a garota que pareceu ser a única que lhe restava no momento.

Depois de um tempo Hermione e Luna se acostumaram uma a outra, a loira soube respeitar o espaço e a dor de Hermione, afinal, Luna não ligava muito para a morena, sempre atrás de suas criaturas fantásticas que depois de todo esse tempo, Hermione ainda achava uma bobagem colossal. Entretanto, volta e meia a loira parava na soleira da porta e analisava Hermione com seus lindos olhos azuis, dizendo em seguida que a cabeça da Grifinória estava cheia de zonzóbulos e era por isso que ela se via tão confusa e inquieta durante os dias e as noites, então ela dava chás estranhos para Hermione, e incrivelmente por alguns segundos a castanha se sentia aquecida e segura, como se finalmente ela pudesse ter paz.

Uma missão de Hermione GrangerOnde as histórias ganham vida. Descobre agora