Uma missão de Hermione Granger

Capítulo 2: O primeiro passo

Ela aparatou, o mundo girando rapidamente a sua volta até que ela tropeçasse levemente antes de fixar seus pés no chão coberto de folhas amareladas.

A Hogsmead da década de 80 era um pouco diferente, parecia mais jovem, claramente. Hermione observou seu arredor brevemente antes de ir em direção a Madam Rosmerta, ela sabia o que encontraria ali. Ou melhor, quem encontraria. O pub parecia quase vazio, poucos bruxos cochichando um com os outros ao seu redor, fazia sentido já que pelas contas de Hermione aquele não era o fim de semana de visita ao vilarejo. Atrás do balcão uma mulher muito mais jovem e bonita do que Hermione se lembrava estava conversando com o velho amigo, cerca de 16 anos mais novo do que a última vez em que Hermione o viu.

- Albus Dumbledore. – ela disse o nome em tom baixo, um pouco afastada deles. Dumbledore se virou com calma, os olhos brilhando de curiosidade por trás dos óculos de meia lua. Hermione tinha a impressão de que independente do tempo, ou da realidade alternativa, aquele homem sempre estaria um passo à frente. Um exímio manipulador, de fato.

- Sou, e a senhorita é...?

- Hermione. Hermione Jean Granger. – ela se aproximou alguns passos dele antes de declarar em voz baixa – É engraçado o quão longe alguém pode chegar para encontrar o que procura, não acha?

Madam Rosmerta apenas a encarou, Hermione podia imaginar claramente a mão da mulher agarrando sua varinha atrás daquele balcão, pronta para defender o diretor de Hogwarts. Mas não seria necessário, Hermione não veio ali para atacar Albus, e aquelas palavras eram o código que ela combinou com o quadro do diretor. Era engraçado para Hermione que sua missão tivesse se baseado nas informações dadas por um maldito quadro do ex-diretor de Hogwarts, aquele que agora ficava pendurado ao lado do diretor Dippet no atual escritório de Minerva McGonagall. Ela não sabia bem o porquê, mas como o grande manipulador que Dumbledore era, ela não se surpreenderia que o homem mantivesse cartas na manga até quando era apenas uma imagem falante.

- É um prazer conhece-la. – ele sorriu, mas o sorriso não chegou aos olhos. E ele passou a demonstrar interesse e desconfiança a cada respiração dela – Rosmerta, gostaria de uma sala.

- Claro, Dumbledore. – a mulher lhe lançou um olhar desconfiado, embora tivesse conduzido os dois em direção à uma sala nos fundos. Ao entrarem, o velho silenciou a sala com um feitiço não verbal e a encarou com um olhar intimidador.

- Espero que isso não seja um truque.

- Apenas duas pessoas saberiam essas exatas palavras, você e o que você chama de espião. – ela arqueou uma sobrancelha para ele – Para poupar o nosso precioso tempo, já que eu não tenho muito, sou uma viajante do tempo, não me pergunte como, apenas o porquê: quero matar Tom Riddle.

- E porque deveria acreditar nisso?

- Aqui – ela estendeu a mão para ele e lhe entregou um pequeno frasco com nevoa dentro – São minhas lembranças, não todas é claro, mas suficiente para o senhor saber de onde vim e porque vim. Obviamente não espero que as veja agora, já que poderia muito tempo mata-lo enquanto mergulha nelas, mas estarei no Beco Diagonal, sua coruja certamente irá me encontrar. – após nenhuma palavra do diretor, Hermione prosseguiu - Quero entrar em contato com a ordem o quanto antes, como disse, não temos muito tempo Albus, vidas estão em jogo.

Não era para soar como ameaça, mas se soou Hermione não deu importância. Assim que o diretor pegou o pequeno frasco entre seus dedos finos, a castanha abriu a porta e recebeu um olhar ainda mais curioso de Dumbledore antes de finalmente ir. De todas as coisas, ele provavelmente não esperaria que ela aparecesse em sua vida.

Hermione passou por Rosmerta acenando brevemente com a cabeça e ao sair do pub aparatou para o que seria seu novo apartamento. A rua estava levemente movimentada, já que era o horário de almoço, e Hermione foi em direção aos apartamentos que se certificou de estarem vagos no período em que ela viajou.

Conseguiu um, era grande o suficiente para ela, até demais. Havia uma cama, um banheiro decente, uma cozinha-sala com utensílios suficientes, e o mais importante, uma enorme janela que dava uma visão privilegiada da Borgin e Burkes, a loja de artefatos sombrios. Era preferível algo na travessa do tranco, mas Hermione sabia que pessoas importantes que estivessem envolvidas com o lorde das trevas geralmente não sujavam suas próprias mãos em lugares como aquele.

A morena esperava que Dumbledore fosse rápido, e se ele não fosse, Hermione teria que caminhar sozinha. E isso incluía matar o traidor que habitava entre os marotos.

No fim daquela semana, Hermione se sentia uma policial de filmes fazendo campana para pegar bandidos. De manhã ela tomava café e voltava para o quarto, lia enquanto ninguém aparecia na Borgin e Burkes, e prestava total atenção quando alguém aparecia por lá. O primeiro grande nome envolvido foi Lucius Malfoy, mais jovem, mais bonito e com o cabelo prateados e curtos dessa vez. Ele estava acompanhado por sua mulher Narcisa Malfoy. Eles não ficaram muito e as pessoas que entraram em seguida apesar de sombrios não pareciam alguém de interesse para Hermione. Então depois do jantar de sexta-feira, ela se deitou imaginando qual seria seu próximo passo quando ouviu um barulho vindo da janela, avistou a coruja preta bicando o vidro e então se moveu para pegar a carta em seu bico. Hermione tratou de lhe oferecer alpiste e água, afagando brevemente suas penas antes de abrir a carta.

- Em branco. – disse com um sorriso, então bateu a varinha duas vezes murmurando as palavras que lembrava que o Albus do quadro ter lhe dito.

Cara senhorita Granger, estou realmente impressionado e curioso com as informações que tem e como elas irão pesar no resultado dessa equação. Espero você amanhã logo após o jantar, não seria bem-vinda chegando sozinha a uma casa de desconhecidos. Os recém casados estão mais do que dispostos a nos receber.

Não responda.

A.D.

Hermione ficou em silêncio por um momento, observando a coruja preta a deixar e retornar aos céus. Em seguida ela colocou fogo no bilhete e o assistiu se desintegrar, assim como o passado de sua realidade original.

O primeiro passo foi dado.