Capítulo Oito

13 8 3
                                    

Carlos, o Primo de Samuel


─ Eu falo agora com Carlos, o primo de Samuel Rosário. Carlos, você não tem medo de morrer? Se seu primo recebia cartas ameaçadoras e você também, se ele morreu... você não acha que você é o próximo?

Carlos não passava dos dezoito anos de idade, era magrelo, pardo, e as canelas secas pulavam com os pés ansiosos. Os olhos castanhos estavam muito cheios de água e os lábios tremiam.

─ Carlos? ─ chamou Nicolas, olhando pra Amanda, que levava a mão para debaixo da blusinha, onde havia guardado sua arma. ─ Carlos?

─ Eu não quero falar, tá? Não quero! Eu não matei meu primo, droga, não matei ─ o garoto desabou em lágrimas.

─ Mas ninguém te acusou...

─ Mas vão, se eu falar sobre os emails! Vão, eu sei que vão.

─ Carlos ─ chamou o detetive. ─ Você precisa se acalmar e explicar o que aconteceu. Exatamente o que aconteceu.

─ E aí eu vou ser preso. Eu sei que vou.

─ Carlos, você matou seu primo? ─ antes que o garoto choroso gritasse que não, Nicolas pediu: ─ olha dentro dos meus olhos e me diga se sim ou se não.

O garoto olhou pra cima, curvando o pescoço fino, olhando dentro dos olhos cor de folha seca do detetive.

─ Não! Eu não matei o meu primo.

─ Excelente! ─ olhou para Amanda como pedindo para deixar a arma guardada. ─ Então vamos, nos conte.

─ Eu posso mostrar, se vocês quiserem... Eu não apaguei nenhum. E-eu tô com medo pra caralho disso. Eu tenho certeza que vou ser preso, mas isso tudo é injusto. Injusto demais. Vamos, me empresta esse notebook aí ─ Nicolas pegou o aparelho de Amanda e passou para o rapaz, que acessou seu email. ─ Eu fiz uma pasta com eles, ta por aqui... Ah, achei! Olha.

E o que o garoto mostrou foi um tantão de emails. Cerca de 13 dizendo coisas ameaçadoras como "eu vou te matar", "você não passa dessa noite", "eu sei que você está me vigiando e me enviando esses emails", "eu vou matar você e sumir com seu corpo" e coisas do tipo.

─ Os email de Samuel não tinham remetente, certo?

Dona Antônia do Rosário, a mãe, e Manoel, o amigo da família, assentiram.

─ Isso explica muita coisa ─ disse o detetive olhando o remetente dos emails de Carlos. Ele leu em voz baixa, muito baixa para que ninguém ouvisse daquela vez: ─ Samuel Rosário.

Houve um momento de silêncio, embora dona Antônia ficasse afirmando em voz baixa que alguém tinha assassinado seu filho, mas quem era, ela não sabia.

─ Carlos ─ quis concluir Nicolas ─, sobre a viagem de seu primo para Valadares, você sabia de algo?

─ Nada além do quase contrato de escavação aos arredores de Governador Valadares. Mas data, essas coisas, não. Eu não sabia de nada. Fico mais com o cargo de divulgação, da propaganda. Publicidade em geral, como venho cursando.

─ É o suficiente ─ agradeceu o detetive, deixando o choroso de lado, parando a gravação e iniciando uma nova.

O Assassinato de Samuel RosárioNơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ