Raquel, A Esposa do Defunto
─ Falo agora com Raquel, a esposa de Samuel Rosário.
Ela era, como a sogra, ruiva tingida, porém com os fios até o meio das costas. O rosto era tensamente marcados e os negros olhos grandes, mas atentos feito os de gatos. Tinha um corpo de academia e uma postura que dizia o bom nascimento.
─ Como posso ser útil?
─ Sendo objetiva, é claro ─ disse Nicolas. ─ Você é a que mais se beneficia do falecimento do sujeito.
─ É bem verdade.
─ E então?
─ E então o quê? ─ ela estava claramente desmotivada, cabisbaixa.
Nicolas coçou a sobrancelha esquerda. Era constrangedor não ter muito ao certo o que dizer. Talvez o tempo lhe ajudasse nessa coisa de interrogatório.
─ Você sabia? Sabe... da viagem de Samuel para Governador Valadares...
─ Sim, ele me disse que iria. Sempre dizia ─ a voz era triste. Sua postura, embora requintada, estava abalada.
─ E você tinha costume de andar no carro de seu esposo? ─ começavam a surgir ideias de perguntas na mente do moço.
─ Eu nem sei dirigir.
─ De carona?
─ Não. Eu gosto de caminhar, praticar exercícios. A cidade é pequena, da para ir em qualquer lugar a pé. Prefiro.
Dona Antônia de Rosário tirou de novo o óculos e limpou o suor da testa.
─ Sobre os emails, você sabia?
Raquel disse que não com a cabeça.
─ E Sobre os emails de ameaça que ele enviava para Carlos, o primo? Ah, não sabia? Que casal é esse que o outro não sabe esse tipo de coisa?
─ O casal que está junto por dinheiro. Eu nem o amava. Gostava dele, mas não o amava.
─ Sugestivo...
─ Perdão, rapaz? ─ dona Antônia levantou o braço. ─ Você disse o quê? Que meu filho ameaçava meu neto? Isso não pode ser ve...
─ Eu devo pedir que a senhora espere o interrogatória pessoal ser finalizado, em seguida podemos todos debater ideias ─ disse Nicolas, tornando sua atenção à Raquel.
A senhoria Antônia não gostou da ousadia do detetive, rebateu algo e em seguida se calou, furiosa.
─ Então você não o amava?
─ Não. Gostei muito, mas não o amava. Nosso relacionamento era puramente por dinheiro. Nos juntamos para crescer negócios dele com meu pai.
Nicolas pensou por um instante. Faltavam George, o tio, e Marcos, o devedor.
─ Você não o amava? ─ pergunto uma ultima vez, e a moça disse claramente.
─ Não!
Aquilo não era surpresa para nenhum deles. E Nicolas também percebeu aquilo.
─ Uma última pergunta: todos da cidade também sabem disso?
─ Não, é uma questão familiar.
─ Ótimo! ─ aquilo era uma surpresa para Nicolas.
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O Assassinato de Samuel Rosário
Short StoryApós anos esperando um convite da A.S.A., Nicolas Barbosa finalmente recebe um email de um dos agentes com o seguinte desafio: desvendar o roubo de mais de trezentos mil reais que foi jogado em um túmulo numa pequena cidade no leste de Minas Gerais...