Capítulo Nove

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Raquel, A Esposa do Defunto


─ Falo agora com Raquel, a esposa de Samuel Rosário.

Ela era, como a sogra, ruiva tingida, porém com os fios até o meio das costas. O rosto era tensamente marcados e os negros olhos grandes, mas atentos feito os de gatos. Tinha um corpo de academia e uma postura que dizia o bom nascimento.

─ Como posso ser útil?

─ Sendo objetiva, é claro ─ disse Nicolas. ─ Você é a que mais se beneficia do falecimento do sujeito.

─ É bem verdade.

─ E então?

─ E então o quê? ─ ela estava claramente desmotivada, cabisbaixa.

Nicolas coçou a sobrancelha esquerda. Era constrangedor não ter muito ao certo o que dizer. Talvez o tempo lhe ajudasse nessa coisa de interrogatório.

─ Você sabia? Sabe... da viagem de Samuel para Governador Valadares...

─ Sim, ele me disse que iria. Sempre dizia ─ a voz era triste. Sua postura, embora requintada, estava abalada.

─ E você tinha costume de andar no carro de seu esposo? ─ começavam a surgir ideias de perguntas na mente do moço.

─ Eu nem sei dirigir.

─ De carona?

─ Não. Eu gosto de caminhar, praticar exercícios. A cidade é pequena, da para ir em qualquer lugar a pé. Prefiro.

Dona Antônia de Rosário tirou de novo o óculos e limpou o suor da testa.

─ Sobre os emails, você sabia?

Raquel disse que não com a cabeça.

─ E Sobre os emails de ameaça que ele enviava para Carlos, o primo? Ah, não sabia? Que casal é esse que o outro não sabe esse tipo de coisa?

─ O casal que está junto por dinheiro. Eu nem o amava. Gostava dele, mas não o amava.

─ Sugestivo...

─ Perdão, rapaz? ─ dona Antônia levantou o braço. ─ Você disse o quê? Que meu filho ameaçava meu neto? Isso não pode ser ve...

─ Eu devo pedir que a senhora espere o interrogatória pessoal ser finalizado, em seguida podemos todos debater ideias ─ disse Nicolas, tornando sua atenção à Raquel.

A senhoria Antônia não gostou da ousadia do detetive, rebateu algo e em seguida se calou, furiosa.

─ Então você não o amava?

─ Não. Gostei muito, mas não o amava. Nosso relacionamento era puramente por dinheiro. Nos juntamos para crescer negócios dele com meu pai.

Nicolas pensou por um instante. Faltavam George, o tio, e Marcos, o devedor.

─ Você não o amava? ─ pergunto uma ultima vez, e a moça disse claramente.

─ Não!

Aquilo não era surpresa para nenhum deles. E Nicolas também percebeu aquilo.

─ Uma última pergunta: todos da cidade também sabem disso?

─ Não, é uma questão familiar.

─ Ótimo! ─ aquilo era uma surpresa para Nicolas.

O Assassinato de Samuel RosárioWhere stories live. Discover now