Capítulo Quatorze

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Conclusão


─ Amanda, põe pra gravar ─ ela colocou e entregou o celular ao rapaz, pegou uma blusa preta de algodão que estava jogada na cama e voltou para a porta.

─ Desculpas pelo quê? ─ quis saber Carlos, curioso.

─ Você descobriu quem foi, não é? Conseguiu provas contra Raquel? ─ insistiu Antônia do Rosário.

─ Agora que pedi desculpas ─ começou Nicolas a mergulhar em seu discurso, ignorando as perguntas. ─ Vou começar do início. Ah, e minhas desculpas é por não ter visto isso antes... Desconfiei, mas precisei pegar muito sol e de um pouco de tempo.

"Quando eu cheguei em Conselheiro Pena meu foco era entender o motivo que a Agência de Serviços Auxiliares me enviou para este caso sendo que o coveiro assumia o tempo inteiro que ele era o culpado, que assumiu a culpa do crime, certo?

"Errado! Ele dizia que era acusado do crime, mas quando se pergunta qual crime, o sujeito enlouquece e não consegue ter discernimento para saber exatamente. Mas ele viu o dinheiro sendo jogado na cova, não dava pra negar. Porém ainda assim não era o suficiente para me convencer ser o coitado.

"Meu primeiro pensamento foi: fácil, o ladrão verdadeiro estava no velório e sabe da loucura do homem, dos lapsos de memória, assim usaria os lapsos para incriminar o sujeito.

"Porém fui duramente frustrado com essa cidade. Todo mundo conhece todo mundo e sabe de tudo que se passa aqui.

"Então me vi brevemente sem saída, até conversar com todos vocês uns dias atrás aqui nesse quarto.

"Foi ai que eu decidi que não adiantaria achar quem roubou, mas sim entender qual foi o crime. Mas qual era exatamente o crime, essa coisa estranha? E quando eu entendi o crime, abriu um leque de opções, digo, de caminhos na minha mente.

"Chamei Amanda e segui para o acidente na BR-259, onde a única coisa que tinha era o carro capotado. Concluí disso que o culpado ou culpada era genuíno. Que coisa linda era isso, não? Era um covarde, eu tive de rir daquilo. Era um completo covarde que queria Samuel Rosário morto e não tinha coragem de matar.

"Então eu sabia de uma coisa do criminoso ou criminosa. Ele era engenhoso. Tinha coragem de matar, mas não exatamente de tirar uma vida. Fico imaginando o desespero dessa pessoa quando o acidente ocorreu em uma parte reta da estrada, onde não tinha árvores para o tamanho do acidente e não tinha curvas. Ou seja, o carro só poderia ter capotado por deslize do próprio motorista.

"E o que eu mais ouvi, e não só de vocês, é que Samuel ia e vinha o tempo todo. Ou seja, ele conhecia a estrada bem demais para capotar simplesmente do nada. São os detalhes que contam as melhores histórias, só precisa observar. E, olha só, nem um único carro colidido contra o nosso faltoso Samuel.

"Sem contar que o carro estava amassado de lado, isto é, ele rodou e saiu girando barranco abaixo. Foi a primeira falha do sujeito.

"Mas ora, Samuel era depressivo, ele podia simplesmente ter tentado se matar. Talvez você pensou nisso, não pensou? ─ ninguém respondeu. ─ Ah, claro que pensou. Mas eu encontrei os antidepressivos de Samuel no carro, e estava só a cartela. Pra que alguém guardaria uma cartela vazia daquilo? Até então tudo bem, até que poderia acontecer.

"Mas quando a senhora Antônia do Rosário me falou sobre o seu filho e me mostrou que o rapaz tinha suas recaídas, mas que estava sempre tentando melhorar, concluí que sim, aquilo era realmente estranho. Sim, meus amigos, o assassino deixa sua assinatura nos pequenos detalhes, tal como o artista deixa sua assinatura no canto do quadro. Eu só precisava entender um pouco mais.

O Assassinato de Samuel RosárioDonde viven las historias. Descúbrelo ahora