Capítulo Treze

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De Volta ao Quarto 17


Nos últimos dias Nicolas havia deixado Amanda muito só no Bela Adormecida, o que fez a garota tentar conhecer a cidade ou até mesmo outras pessoas.

O detetive, por outro lado, tomou tanto sol que temeu enlouquecer. Deve ter gastado uns dois potinhos de protetor solar ou até mais.

Um dia chegou por volta das sete da noite, dizendo que tinha conseguido um emprego em uma açougue em frente a delegacia, mas depois desmentiu. Porém não parou de sumir durante o dia e às vezes boa parte da noite.

Ele acordava cinco e meia da manhã e ia caminhar, mal atendia o celular e só voltava por volta das oito da noite ou mais tarde.

Havia se passado uma semana desde que Amanda lhe perguntou quem pagaria pelo custo do hotel, porque ela não tinha tanto dinheiro assim sobrando. E duas semanas haviam se passado desde que ela buscou cidade afora por quem trabalhava com quem nos negócios dos Rosários.

Aquele dia ele chegou ainda mais tarde, por volta das dez da noite.

─ Amanda ─ ele a tirou do devaneio em seu celular. ─ Finalmente aconteceu.

─ O quê?

─ É hoje. Eu disse que o tempo só precisava de tempo. Tudo anda nos trilhos outra vez.

─ E o que aconteceu?

─ Você se lembra do nosso coveiro que afirmava ser o culpado do crime?

─ Sim, é claro. Ele afirmou que era ele.

─ Isso é ótimo, você afirmar isso. Afinal, vai que eu enlouqueci de tanto tomar sol? Agora eu preciso que você reúna todos os Rosários de novo e diga que eu preciso pedir desculpas. Reúna todos amanhã pela manhã.

Amanda quase não conseguiu dormir, mas quando acordou, Nicolas não estava no quarto. Ele encontrou com ela por volta das oito da manhã para o café.

─ Eu já recebi email da maioria confirmando que viria. Eduardo disse que não viria, eu insisti e ele disse, espera, deixa eu abrir o email e ver exatamente ─ ela passou o dedo pela tela de seu celular e depois continuou: ─ Eu só vou porque você disse que esse idiota quer se desculpar, e espero que ele tire toda essa coisa de assassinato da cabeça de minha mãe. Eu e meu tio não aguentamos mais as loucuras dela.

Nicolas sorriu de boca cheia.

─ É... ele, o tio e eu. Ela me liga todos os dias me enchendo o saco. Essa mulher sim é bem irritante.

─ Ta certo. Vai me contar quem é?

─ Vou, na hora que estiverem todos juntos. Ah, pegue sua arma e fique na porta com a arma engatilhada depois que todos chegarem ─ ele se aproximou da orelha pequena e rosada da moça e sussurrou: ─ Enrole um pano na ponta e ponha o silenciador. Sei lá, um tiro no meio de um hotel pode pegar mal pra todo mundo. Pra gente, pro hotel, para a família...

─ E-eu... Não, pera aí. Eu vou ter que matar alguém? Eu só treino ti...

─ Não, pelo amor de Deus! Sei lá, atira na perna. É só pra evitar da pessoa fugir.

─ Mas que pessoa?

─ Se eu te contar, conheço seu temperamento, você vai atirar assim que a pessoa cruzar a porta. Tem medo de matar, mas nessa ocasião... você vai se estressar e já chegar atirando, então eu prefiro salvar a pessoa do seu temperamento.

Por fim ele tinha razão.

Antônia foi a primeira a chegar, atravessou quase que correndo.

─ Você vai pedir desculpas por quê? Você achou quem é, foi? Quem é? Provou ser Raquel, não provou? Eu vou chamar a p...

A chegada de Raquel cortou o pranto da mãe, que começou a acusar:

─ Foi ela, não foi? Ela nunca amou meu filho. Eu sei, sua megera, você se casou com ele por dinhei...

George chegou em seguida.

─ George ─ a mulher não calava a boca e se virou para o irmão, vermelha e quase infartando: ─ Foi ela, irmão. Eu tenho certeza. Ela matou meu filho porque de interesse. Todos sabem que ela odiava Samuel.

─ Pelo amor de Deus, Antônia, se acalme. Ninguém matou seu filho. Nicolas ta aí pra assumir isso hoje.

Depois entrou Eduardo, o irmão, Carlos, o primo, e Manoel, o amigo da família, todos calados e aparentemente cansados.

Foram uns dez minutos exaustivos de tanto ouvir dona Antônia tentando acusar um e outro enquanto todos tentavam acalmar a mulher, compreensivos e não se defendendo das acusações.

Em seguida e outra vez atrasado, entrou Marcos, o devedor.

─ Bom ─ começou Nicolas ─ acredito que devo desculpas a todos, primeiramente.

A porta do quarto 17 se fechou e estavam os Rosários, o amigo da família, um devedor que já não mais devia, o detetive e uma Amanda armada e atenta, e um assassino genuíno e muitíssimo engenhoso.

O Assassinato de Samuel RosárioOnde histórias criam vida. Descubra agora