Bem-vindo à Arcadian

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Os olhos de Peter fecharam-se de forma violenta com tamanha luminosidade que emanava da capital tecnológica – ou cidade artificial, como era pejorativamente chamada.

Os grandes muros de prata cercavam grande parte da cidade na tentativa de se protegerem do mundo exterior. Dentro desses grandes muros a doença não entrava, nem mesmo a violência lá de fora era permitida aqui dentro.

Era a primeira vez que Peter chegava na capital, até então nunca havia passado perto daqui até esse momento. Até o rapaz de cabelos prateados tinha que concordar que esse lugar era incrível. A tecnologia podia não fazer parte da sua vida como gostaria, mas seria mentira se ele dissesse que não se interessava por tais coisas.

A capital também era chamada de "Capital Imperial" e dava de entender o porquê. Era como se cada uma dessas pessoas andando pelas ruas não tivesse problema algum a não ser com suas comidas e bebidas exorbitantes.

– Olhe por onde anda, forasteiro.

Ironicamente, o homem vestindo roupas extravagantes que esbarrou em Peter por não prestar atenção para onde ia, enquanto que o rapaz apenas estava parado no meio da rua ainda contemplando a grandiosidade da cidade.

– Continue andando. – diz o guarda atrás de Peter. – O governador está esperando.

– Claro. – diz Peter, respirando fundo.

Talvez você esteja se perguntando o motivo de Peter estar na capital – bem, essa resposta é simples e ao mesmo tempo muito complicada. Como responderei isso sem causar mais confusão?

***

Essa história começa com um assalto a um trem, um cavalo extremamente irritado e um rapaz tentando sair vivo da situação com uma bolsa cheia de joias e dinheiro.

– Por favor, não me machuque! – diz uma senhora que entrega tudo o que tem.

– Não se preocupe, madame, eu jamais machucaria uma senhora de idade. – ele dá uma piscadinha para a mulher.

– Ora seu... Eu tenho apenas 40!

Ainda bem que o chapéu de Peter estava a tapar seus olhos quando ele os desviou, ou a senhora a seu lado iria perceber a expressão de espanto mesmo que sua boca e seu nariz estivessem cobertos por um pano.

Peter demorou alguns minutos para recolher tudo dos passageiros, que resmungaram e o xingaram, mas que por sorte não fizeram absolutamente nada para impedir. Esse pessoal da capital havia esquecido o que é lutar, pelo visto. E isso era ótimo para Peter, que trabalhou sozinho nesse assalto.

O trem deu um solavanco, fazendo algumas moedas caírem dos bolsos de Peter. O rapaz de cabelos prateados olhou para trás de forma desesperada e percebeu que os guardas da capital estavam entrando no vagão mais rápido do que ele gostaria.

– HÁ! – diz um senhor. – Pode ir devolvendo minhas coisas porque você irá para a prisão!

– Mas nem ferrando, meu senhor.

Na maior velocidade Peter começou a correr e isso só fez com que os guardas fossem atrás dele. As moedas iam caindo para todos os lados, mas o saquinho de joias ainda estava intacto na sua mão.

Enquanto os passageiros reclamavam, os guardas gritavam para Peter parar e ele obviamente não parava. Seus passos se aceleraram ainda mais e ele colocou os dedos por baixo da máscara e deu um assovio alto que fez seu pangaré surgir do lado do trem e ele rapidamente pulou no animal e saiu galopando para longe e comemorando ao mesmo tempo.

Alce – o nome de seu cavalo – estava em uma coloração encardida, sua pelagem branca parecia marrom de tanta poeira e lama. E isso certamente o deixava irritado, pois Alce era um animal temperamental e Peter já havia levado alguns coices e mordidas de seu fiel companheiro.

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