O caminho de volta para as meninas foi de absoluto silêncio. Marinette estava dormindo e Luka estava preocupado com o que tinha acontecido com ela. Alya não quis falar sobre Kim, não sabia qual seria a reação de Luka em relação a ele e, principalmente, não podia contar a ele sobre as reais intenções de Marinette para aquela noite. Luka se sentia culpado por ter deixado Mari sozinha com Alya, outra "avoada" que não sabia nem cuidar de si mesma. Teve medo de que alguém pudesse ter dado um "boa noite Cinderela" a sua irmã.
Luka:—Será que alguém deu alguma droga a ela?
Alya:—Eu acho que não, ela 'tava sozinha e de roupa. Ela deve ter bebido demais e saiu andando, aí deu sono e ela deitou no barco, acho que foi isso...
Luka:—É...eu espero que tenha sido só isso...mas e essa blusa? Não é dela, pelo que eu sei...
Alya:—Ela deve ter achado no barco...ou então pegou nas costas de alguma cadeira lá da festa, sei lá...
Por sorte, Mari não era de passar mal depois que bebia. Ela só caía no sono mesmo. No dia seguinte teria um pouco de dor de cabeça e só. Alya estava aflita pra saber tudo o que tinha acontecido: ela conhecia muito bem a sua amiga e sabia pelo cheiro do perfume que aquela camisa Lacoste não era de um pescador qualquer...
Chegaram em casa e, por sorte, Sabine e Tom já estavam dormindo. Alya já tinha avisado a sua mãe que dormiria na casa de Mari. Luka a colocou na cama e Alya arrumou o colchonete ao lado da amiga para dormir. Luka pediu a Alya que se Mari passasse mal ou qualquer outra coisa, que ela o chamasse. Alya assentiu e foram todos dormir.
Na manhã seguinte Mari acordou, certamente, com dor de cabeça. Alya ainda estava dormindo, então a azulada foi para o banheiro tomar um banho. Tirou a roupa e se olhou no espelho. Viu algumas marcas em seu pescoço e se lembrou da noite anterior.
Mari:— Meu pai do céu, o que foi que eu fiz? Calma, Marinette...respira e não pira...ontem tu foi pra festa e...ah! lembrei! O desgraçado filho da puta do Kim me traiu com a vagaba da Lila...disso eu me lembro! Eu fui contar pra Alya e ela 'tava de papo com um moreno no bar...daí eu saí e peguei uma garrafa de qualquer coisa rosa...fui andando pra longe da festa e...AI MEU DEUS! EU TRANSEI COM UM CARINHA!!!!!
Mari entrou logo no chuveiro antes que surtasse ou fizesse coisa pior. Enquanto a água quente ia caindo sobre sua cabeça, ela ia tendo "flashes" da noite anterior, conforme ia passando a mão pelo corpo. Não lembrava nitidamente de tudo, mas lembrava do toque macio das mãos quentes daquele rapaz que fora tão gentil com ela. Lembrou do beijo e um arrepio correu por sua espinha! Não lembrava do rosto dele, talvez porque estivesse escuro, talvez porque estivesse bêbada...mas lembrava da voz. Era uma voz firme, aveludada e sincera. Lembrou dele tê-la chamado de princesa e corou!
Poucos minutos depois saiu do banheiro e Alya já estava acordada, com todo um interrogatório prontinho para despejar no colo da amiga.
Alya:—Você está bem, Mari?
Mari:—Sim...com um pouco de dor de cabeça, mas estou bem...
Alya:—Eu vou tomar um banho e já volto, precisamos conversar.
Mari:—Tudo bem - respondeu timidamente
Enquanto Alya tomava banho, Mari deitou-se em sua cama e fitou o teto. Fechou os olhos e tentou lembrar de mais alguma coisa da noite anterior. As lembranças pulavam em sua mente como pipocas, nada muito nítido e nem com muito sentido. Só sabia que tinha gostado do que acontecera. Ficou feliz ao ver a camisa azul clara aos pés de sua cama. Pegou-a e levou-a até seu rosto. Sentiu novamente aquele perfume gostoso misturado com um cheiro delicioso que era o dele. Pelo reflexo da lua em seus cabelos, deduziu que ele era loiro. Era alto e bem forte. Lembrava dele tê-la pego no colo sem fazer esforço. E lembrava de seus músculos bem torneados quando segurava em seus braços. Mas não lembrava bem do seu rosto, nem do seu nome. Será que ele falou e ela esqueceu? Como ela queria lembrar dele, saber mais dele...mas como?
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Alya:—Mari? Tá no mundo da lua, é?
Mari:—Ai amiga, estava sim, pra dizer a verdade...
Alya:—O que aconteceu ontem? Você sumiu...eu e o Luka te procuramos feito doidos e te achamos dormindo dentro de um barco, longe da festa...e de quem é essa blusa?
Mari:—Essa blusa é do meu príncipe encantado! Ai amiga, nem te conto - disse agarrando uma das almofadas e cobrindo o próprio rosto
Alya:—Ah, mas é claro que conta! Tudinho! Quero detalhes!
Mari:—Amiga, eu transei - disse baixinho
Alya:—Eu sabia! Pela sua cara...eu te conheço senhorita Marinette. Quem é ele?
Mari:—Esse que é o problema: eu não sei.
Alya:—Como assim você não sabe?
Mari:—Eu estava andando à toa, sem rumo, e ele veio na minha direção. Era alto e forte, pelo que parecia. Pra variar eu tropecei e agarrei a blusa dele, acho que arrebentei os botões. Começamos uma conversa, eu acho, e só me lembro de estar deitada com ele naquele barco. Ai amiga, foi tão bom...ele foi muito cavalheiro, sabe? Parecia que ele se importava mais comigo, em como eu me sentia, do que com ele mesmo. Foi delicioso. E que beijo! Amiga do céu, que beijo!
Alya:—Você tem ideia do risco que correu? E se fosse um tarado, um abusador qualquer? Mari, isso foi uma loucura!
Mari:—Eu sei, amiga, eu sei! Mas foi uma loucura tão boa! Ele foi tão...perfeito...e eu sou uma idiota porque nem me lembro do nome dele...
Alya:—Bom amiga, melhor esquecer isso...se Luka fica sabendo, quero nem imaginar...e sua mãe, então, quero nem pensar!
Mari:—Deus me livre e guarde - bateu 3 vezes na madeira da mesinha- acho que minha mãe me mataria!
Alya:—Com certeza!
Mari:—Tá, mas e você? Conheceu alguém?
Alya:—Conheci um moreno que...Mari do céu, tô apaixonada!
