16 - 5 anos depois...

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Mari:—Hugo, você está com o celular da mamãe?

Hugo:—Tô sim, mamãe, tô jogando...

Mari:—Filho, tá na hora de ir pra escolinha. Dá o telefone pra mamãe e vai pegar a sua mochila, seu lanche já está pronto em cima da mesa...

Hugo:—Tá bom, mamãe. Tio Luka vai me buscar hoje?

Mari:—Eu e o tio Luka vamos te buscar juntos, ok? A gente vai sair depois da escola: temos uma surpresa pra você!

Hugo:—Surpresa? O que é? Conta, mamãe...

Mari:—Se eu contar, não vai ser surpresa, né?-riu . Anda logo pra gente não chegar atrasado...

Hugo:—Tá bom.

   Mari chamou um uber e logo estavam na escolinha de Hugo, que ficava uns 10 minutos da casa deles. Hugo estava com 5 anos e ia para a alfabetização. Era muito esperto: já sabia ler e escrever desde o começo do 3° período. Saía lendo as placas na rua, rótulos de embalagens e revistas que Mari recebia pelo correio. Mari dava muita atenção a ele nessa área e, como ele era curioso, se desenvolvia bem rápido, bem acima da média.

 Mari dava muita atenção a ele nessa área e, como ele era curioso, se desenvolvia bem rápido, bem acima da média

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   Há algumas semanas antes Mari precisou levar uns documentos na Lux para entregar a Luka. A boate tinha sido reformada e agora estava ainda maior, com um novo ambiente todo preparado para ser um piano bar. Era cedo e o estabelecimento estava fechado, então Mari pôde levar Hugo com ela. Quando o menino entrou lá, ficou atento olhando para tudo ao seu redor. As coisas estavam um pouco diferentes do que ele lembrava. Os funcionários mais antigos o conheciam desde bebê e o mimavam como podiam. Foram eles que fizeram uma vaquinha e deram de presente para Mari o berço lindíssimo que Hugo usou ao nascer. Hugo era amado por todos, sempre ganhava presentinhos e pirulitos escondido da mamãe. O garotinho era um amorzinho, além de muito lindo e obediente. Mari e Luka o amavam demais, mas também o educavam, não deixando crescer uma criança mimada e birrenta. Hugo sabia ouvir um não e aceitar, coisa difícil de se ver nas crianças de hoje em dia.

   Logo que entrou na Lux o garotinho avistou um lindo e negro piano de cauda na nova área do piano bar. Ele perguntou a Mari o que era aquilo e ela foi com ele até lá. Sentou-se e começou timidamente a dedilhar as teclas. Automaticamente as lembranças dos 4 anos de aulas particulares que teve entre seus 11 e 15 anos voltaram à tona. Mari nem se lembrava ao certo porque parou de ter aulas. Sua professora era um amor e ela adorava as lições. Tocou uma pequena canção para Hugo e o menino ficou completamente hipnotizado!

Hugo:—Mamãe, eu conheço essa música...é daquele desenho da princesa azul...

Mari:—Isso, meu amor, isso mesmo. Você gosta?

Hugo:—Eu quero aprender a fazer isso!

Mari:—Você quer aprender a tocar piano?

Luka:—Oi, campeão! Não quer aprender a tocar violão com o dindo? Ou bateria? Ou guitarra?

Hugo:—Não, dindo...quero aprender piano!

Mari:—Foi mal Luka, mas acho que ele puxou o bom gosto da mãe...-riu

Luka:—Poxa, também não precisa avacalhar, né? Violão é muito legal, sabia?

Mari:—Eu sei, eu adoro! Mas ele se apaixonou pelo piano, assim como eu, o que posso fazer?

Luka:—Você quer aprender a tocar piano, Hugo? Saiba que precisa de muita dedicação e treino pra ficar bom assim como a sua mãe, viu? Você quer mesmo isso?

Hugo:—Quero sim, dindo. Eu posso até aprender violão também, mas depois. Agora eu quero aprender piano! 

   E depois daquele dia Hugo vivia pedindo a Mari que o levasse na Lux, para brincar no piano. Mari o deixava na escolinha em período integral, assim ela podia concluir seu último ano do curso de enfermagem, sonho que começou 3 anos atrás quando conseguiu colocar Hugo em uma creche pública, graças aos conhecimentos de Lúcio, alguém que se mostrou um bom amigo ao longo dos anos. Lúcio era divorciado e por algumas vezes se mostrou interessado em Marinette, mas ele era 20 anos mais velho que ela e, mesmo sendo uma ótima pessoa, Mari só tinha olhos para Hugo. Ele era o homem da sua vida. Ela até teve alguns "ficantes", mas nada sério. Não queria compromisso com ninguém, não depois de tudo o que passou. Ela achava que homem nenhum entenderia a relação que ela tinha com Luka e com Hugo. Parece loucura, mas isso era uma loucura da cabeça dela.

   Depois da escolinha foram com Hugo em uma loja de instrumentos musicais. Hugo parecia estar na Disney! Seus olhinhos azuis como os da mãe corriam de um lado para o outro tentando absorver aquele mundo de cores e formas. Mas foi em um piano que seus olhinhos azuis pararam: não era muito grande, como o de cauda. Era mais quadrado, mas mesmo assim era encantador. Mari sentou-se para testar e novamente tocou algo, o que deixava Hugo extremamente orgulhoso da mãe. O vendedor apareceu, deu todas as informações necessárias e eles efetuaram a compra. O piano seria entregue em dois dias. Naquela noite o pequeno custou a dormir, estava ansioso demais pela nova aquisição.

Hugo:—Mamãe, eu não consigo dormir.

Mari:—Está ansioso, não é meu amor?

Hugo:—Sim, quero que ele chegue logo.

Mari:—Eu sei meu anjinho, mas você precisa dormir pra ter energia amanhã.

Hugo:—Mamãe, você vai me ensinar a tocar?

Hugo:—Então: a mamãe está cheia de trabalhos do curso para entregar, fora o estágio lá no hospital. A mamãe vai tentar entrar em contato com a professora que me ensinou pra saber se ela ainda dá aulas, está bem? Ela era maravilhosa! Acho que você vai gostar muito dela!

Hugo:—Como era o nome dela, mamãe?

Mari:—Era Emily...Emily Agreste.

   

Uma noite para sempreOù les histoires vivent. Découvrez maintenant