Any Gabrielly é uma brasileira que está trabalhando em Londres como professora do ensino médio. Com todas as dificuldades de cultura e por ser nova nesse emprego, tudo de que ela não precisava era ficar à fim de um garoto de 18 anos, que ainda por c...
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Nesse momento, tudo o que eu mais queria era ter o poder de soltar raios laser dos olhos para fritar a megera sentada à algumas cadeiras de mim, também conhecida como Charlotte, popularmente chamada de diretora da escola e que nesse instante é a mira de toda a minha indignação.
Embora eu esteja ciente de que esse momento - uma hora ou outra - iria chegar, por que raios essa mulher resolveu começar o programa diferenciado de estudo para os terceiros anos justo quando, assim como os outros professores, tenho milhares de trabalhos para corrigir e duas provas de fim de bimestre para elaborar?
Essa velha nos odeia. É a única explicação.
Me ajeito na cadeira, querendo ao menos demonstrar que não estou de saco cheio dessa reunião pedagógica que já dura mais do que o necessário, e solto um suspiro baixo.
Desvio minha atenção da diretora por um momento e meus olhos cruzam com os de Lamar do outro lado da mesa. Recebo um pequeno sorriso cansado de sua parte e lhe retribuo com um.
– Quero o planejamento das aulas até o final da semana na minha mesa. – ela roga, num tom exigente e eu praticamente viro a garota do exorcista por girar a cabeça tão rápido.
– No final dessa semana? – indago.
– Sim. Algum problema?
– Diretora, não acha que esse prazo é curto para todo o trabalho? Quer dizer, ainda temos os trabalhos dos alunos para corrigir e as provas bimestrais para fazer. Entregar o planejamento do programa especial essa semana é um pouco...
– Eu não estou vendo outro professor reclamar além de você, professora Any. – interrompe ríspida.
– Não estou reclamando diretora, só acho que...
– Isso quer dizer... – interrompe mais uma vez, ainda mais grosseira – Que o prazo é o suficiente para fazê-lo e entregá-lo à mim.
Calo-me e apenas assinto. Fecho as mãos em punho por debaixo da mesa e procuro ficar calma, antes que o sangue brasileiro fale mais alto e eu acabe chutando o pau da barraca aqui e agora, sem me importar com nada.
Se não fosse por essa bendita tradição de respeitar hierarquia, independente se esteja certo ou não - e a qual tento me encaixar, ainda que seja uma tarefa difícil -, e as minhas contas à pagar, eu já teria mandado tudo pro espaço.
Mulher idiota!
Depois de falar e falar, somos dispensados com a sobrecarga de mais um trabalho e a obrigação de cumpri-las sem questionar.
Saio da sala de reuniões e marcho direto para a minha mesa, batendo o pé e querendo correr para o mais longe possível da escola e o mais rápido possível. Começo a enfiar minhas coisas dentro da bolsa, com tanto ódio, que admira-me não ter passado a mão através do tecido.Definitivamente, eu preciso de uma bebida.