Capítulo 12

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  "Não é bom deixar-se levar pelos sonhos e se esquecer de viver"

  Na véspera do teste para o time de quadribol, Alexia sonhou pela primeira vez em muitos anos. Não. Não havia sido um sonho, havia sido um pesadelo. 

  Era complicado distinguir as sombras como fumaça tóxica, tão escuras quanto os seus cabelos, da silhueta masculina. Era como se as duas figuras se mesclassem, formando apenas um ser. Um homem coberto de trevas. Inicialmente, quando só conseguia ver com clareza os olhos cinzas e o cabelo escuro, achou que Sirius Black havia finalmente encontrado o caminho para atormentar o seu subconsciente até mesmo quando estava dormindo.

  Mas as feições faciais do desconhecidos logo foram marcadas por uma estrutura totalmente diferente das de Black. E enquanto os olhos de Sirius lembravam-na de um lago azul congelado, os do desconhecido eram pura maldade englobados em forma de um céu cinzento, com um brilho de pervesidade.

  Quando se sentou na cama, as mãos apertando os lençóis até que os nós dos dedos estivessem brancos, teve que passar os olhos por cada parte do quarto para conseguir diferenciar a realidade do terror que a simples visão daquele homem tinha trazido até Alexia.

  "Você deve estar nervosa, só isso" assegurou Lily, enquanto iam, de braços dados, até o Salão principal. Alexia tinha lhe contado sobre os detalhes que conseguia lembrar, ainda estava fresco em sua memória mas não conseguia traduzir os seus sentimentos em palavras para explicar quão bizarro tinha sido.

  O clima tinha mudado drásticamente. As primeiras duas semanas de setembro tinham sido ensolaradas. Mas o sol tinha deixado as montanhas escocêsas e dado espaço para nuvens e um céu nublado. Alexia balançou a cabeça antes que pudesse achar razões para conectar o clima ao seu pesadelo estranho.

  "Talvez seja um sinal divino que eu não deveria fazer o teste" disse já virando-se para subir todas as escadas de volta para a Torre da Grifinória.

  Alice se colocou na frente de Alexia antes que ela pudesse dar mais um passo. 

  "Talvez" disse Marlene.

  "Marlene!" Lily bateu com o rolo de pergaminho na cabeça da loira. 

  "Se você me deixasse terminar..." disse massageando o ponto onde foi atingida "Eu estava prestes a dar um discurso motivacional"

  Alexia olhou esperançosa para Marlene. Ela bem que poderia usar palavras de motivação agora.

  Marlene limpou a garganta, colocando a mão no peito, parecendo se preparar para palestrar para meia Hogwarts.

  "É melhor você entrar dentro desse Salão, se alimentar bem e ganhar esse posto como artilheira," apontou o dedo indicador para Alexia "ou vai se arrepender de ter me feito gastar o meu tempo te ajudando"

  "Jesus Cristo!" Lily pragejou, levando as mãos para o alto, como se desistisse.

  Mas o "discurso motivacional" de Marlene fora bom o bastante para Lexa respirar fundo e voltar a andar em direção ao café da manhã.

  "Acho que essa é a minha vocação" Marlene comentou olhando para as unhas "Talvez eu devesse me tornar uma daquelas pessoas que escutam as outras no mundo dos trouxas" olhou especificamente pra Lily, como se esperasse uma confirmação da amiga.

  Lily já explicara para Marlene que não era bem assim que funcionava o trabalho como psicóloga, mas a loira sempre parecia esquecer.

  "Você seria perfeita" comentou irônica e Marlene apenas deu de ombros.

𝐒𝐂𝐎𝐑𝐂𝐇 | Era dos MarotosWhere stories live. Discover now