O que você faria se um estranho descobrisse um segredo seu?
Heloísa nutre um amor platônico pelo mesmo garoto há quase três anos.
Ela nunca criou coragem para declarar seus sentimentos para Paulo, nem para contar sobre isso a ninguém.
Mas ela não...
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Acordo com o barulho alto de batidas vindo de algum lugar, sem fazer a menor ideia do que está acontecendo e com uma terrível dor nas costas.
Me espreguiço e sinto todos os ossos do meu corpo estalarem. Acho que dormi de muito mau jeito essa madrugada.
— Heloísa, já acordou? – vó Rute pergunta, do outro lado da porta fechada.
— Não – resmungo, com a voz rouca de sono, abraçando um travesseiro e voltando a fechar os olhos.
— O Diogo está te esperando. – Levo dois segundos para entender o que ela disse, e, quando finalmente compreendo, pulo para fora da cama rapidamente, o que me dá uma tontura repentina que quase me faz cair de cara no chão.
Quando me recupero da vertigem, corro até o guarda-roupa e começo a procurar algo para vestir.
— Já estou indo, vó – respondo para ela, que diz que vai estar me esperando na cozinha com meu café da manhã.
Estava tão cansada ontem que acabei pegando no sono com a toalha no cabelo e tudo. Agora, meu cabelo está completamente embaraçado e cheio de frizz. Vou ter que tentar dar um jeito nele, pois chapinha está fora de questão nesse pouco tempo que tenho. Faço um coque bagunçado e volto a procurar as roupas.
Depois de pegar uma calça jeans e uma blusinha amarela básica, saio do quarto e começo a andar em direção ao banheiro.
Mas sou interceptada quando uma bola de pelos cinza para na minha frente e quase me faz tropeçar.
— Mione! – reclamo, e a gata apenas ignora meu mau humor matinal e começa a miar fervorosamente.
Entro no banheiro e ela me segue logo atrás. Sei que não terei paz enquanto não dar o que ela quer.
— Eu já vou te dar ração, sua morta de fome – como se entendesse o que acabei de dizer, a gata para de miar e se senta em frente a porta.
Reviro os olhos e penduro minha roupa antes de sair do banheiro.
Ao passar pela sala, Mione silva do nada e corre em direção a cozinha. Franzo a testa, começando a acreditar que ela enlouqueceu, mas levanto a cabeça e tenho uma surpresa não muito agradável: Diogo está sentado no sofá, com a mochila ao seu lado, mexendo no celular distraidamente.
— O que você está fazendo aqui? – questiono. Ele deveria estar me esperando lá embaixo, na livraria, onde sempre ficamos.
Ao ouvir minha voz, Diogo finalmente me encara. E, então, me olha de cima a baixo, depois desvia o olhar, com cara de riso.
Sem entender sua reação, olho para minha roupa e só então me lembro que estou usando meu velho pijama do Bob Esponja. Sinto meu rosto queimar de vergonha.
— Sua avó disse que você iria demorar um pouco e me mandou te esperar aqui – responde, ainda sem me encarar.
Agora eu tenho mais um momento constrangedor para acrescentar na minha lista da vergonha.