O que você faria se um estranho descobrisse um segredo seu?
Heloísa nutre um amor platônico pelo mesmo garoto há quase três anos.
Ela nunca criou coragem para declarar seus sentimentos para Paulo, nem para contar sobre isso a ninguém.
Mas ela não...
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— E… fim – solto um suspiro satisfeito quando escrevo a última palavra na tela do T-Rex, meu velho computador.
Hoje Diogo e eu começaremos as aulas, então não tive outra escolha a não ser sentar na cadeira e escrever por duas horas seguidas. Fazer uma crônica é fácil, mas duas exigiu muito mais criatividade da minha parte e, por isso, eu acabei procrastinando a semana inteira.
Não achei que conseguiria terminar a tempo, mas de pouco em pouco digitei tudo, e agora resta Diogo passar a limpo com a caligrafia dele.
O som de batidas na porta da frente chama minha atenção. A porta sempre é mantida aberta durante o dia, então é claro que estranho o ocorrido.
Levanto a mão e pego o celular da mesinha, tomando um susto quando vejo a hora. Antes que eu possa raciocinar, minha avó me chama da sala.
— Heloísa, seu colega chegou.
Pulo da cadeira e corro até o banheiro. Quase escorrego no tapete em frente a pia, mas me equilibro a tempo e pego um pente, começando a domar a bagunça que meu cabelo se tornou depois que desmanchei o rabo de cavalo que usei na escola.
Tinha pedido para tia Lúcia mandar Diogo subir assim que chegasse, já que eu precisaria do meu computador para entregar o trabalho para ele. Mas eu passei mais tempo do que eu pretendia terminando a crônica, tanto que nem vi que já eram 3 da tarde.
— Heloísa? – minha avó chama mais uma vez
— Eu já vou. – Faço um coque frouxo no alto da cabeça, prendo com a primeira presilha que encontro e saio do banheiro.
Enquanto ando pelo corredor, ouço a conversa dos dois.
— Você é o garoto que está ajudando minha neta nos estudos? – vó Rute pergunta.
— Sou sim – ouço Diogo responder.
— Quantos anos você tem?
— 17.
— Não me lembro de já ter visto você antes. É amigo da Heloísa a quanto tempo?
— A gente não…
— Oi, Diogo – interrompo a conversa antes que ela se torne um interrogatório. Do jeito que a vó Rute é, ela vai querer saber até o RG do garoto.
Os dois param de conversar quando me notam na sala.
— Oi – Diogo responde. — Trouxe o pen drive que você pediu. – Ele ergue a mão que segura um pequeno objeto verde.