Sinto minhas mãos suarem quando o professor Edgar começa a chamar os nomes de cada aluno por ordem alfabética.
O anel do humor no meu dedo indicador está amarelo, cor que significa nervoso (acho que esse treco realmente funciona!).
Hoje a última aula é de química, e o professor está aproveitando os últimos cinco minutos para devolver para a turma as provas corrigidas de química, que fizemos há duas semanas.
O tempo passou tão rápido. Achei que teria tempo suficiente para diminuir minha apreensão e ansiedade, mas estou tão nervosa quanto no dia da prova – talvez até mais.
No dia em questão, eu consegui relaxar e responder tudo e, tirando uma ou outra questão em que tive um pouco de dificuldade, acho que mandei bem e garanti uma boa nota. Mas só vou ficar realmente tranquila de verdade quando tiver a prova em mãos.
Um a um os alunos são chamados, pegam a prova e se dirigem para a saída da sala. Não posso deixar de notar as expressões no rosto de cada um ao ver suas notas: alguns com sorrisos enormes no rosto, outros em aparente desespero.
Torço para que, dessa vez, eu não faça parte do grupo do segundo grupo.
Diogo é chamado bem antes de mim, e não parece nem um pouco surpreso quando vê sua nota. Tenho absoluta certeza de que ele tirou um 10.
— Parabéns, Diogo – o professor o parabeniza, coisa rara de se ver, e o loiro apenas assente com a cabeça, saindo da sala com passos tranquilos.
Alguns alunos são chamados e (eu estando pronta ou não) minha vez chega. Coloco a mochila nas costas e me apresso até a mesa do professor, sentindo meu sangue correr nas veias a mil por hora e minhas pernas mais instáveis que gelatina.
Pego a prova da sua mão e começo a andar para fora da sala. Por alguns segundos não tenho coragem de olhar para a prova. Fico imaginando o quanto seria péssimo tirar uma nota vermelha depois de todas as aulas que tive e de todo o esforço que Diogo fez para me ensinar.
Espanto a negatividade para longe e finalmente olho para os números, que estão grifados em tinta de caneta azul no canto superior da prova.
Quase paro de respirar quando vejo a nota.
Eu tirei nove! Tem um número nove estampado no canto superior da minha prova de química!
Não dá para acreditar!
— E aí? Quanto você tirou? – Olho para a frente e vejo o Diogo parado no corredor, encostado na parede e com as mãos dentro da calça jeans escura.
Ele me esperou para saber minha nota?
Sou incapaz de dizer qualquer coisa nesse momento. Então apenas dou alguns passos até onde ele está e, com um enorme sorriso de felicidade maior do que o do Gato Cheshire, levanto minha prova em sua direção, para que ele possa ver minha nota.
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Do Que o Amor é Feito | Amores Platônicos 01
Teen FictionO que você faria se um estranho descobrisse um segredo seu? Heloísa nutre um amor platônico pelo mesmo garoto há quase três anos. Ela nunca criou coragem para declarar seus sentimentos para Paulo, nem para contar sobre isso a ninguém. Mas ela não...