Capítulo 01 - O garoto do corredor

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  Eu provavelmente estou a um passo de ter um aneurisma

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  Eu provavelmente estou a um passo de ter um aneurisma.

Minha respiração está irregular, meu coração dói dentro da caixa torácica e gotículas de suor estão começando a se acumular na minha testa.

Minha avó diria que esses sintomas poderiam ser um claro sinal de derrame cerebral. No mínimo.

Mas, dramas de uma senhora de 65 anos à parte, na verdade, essas reações corporais são apenas o resultado que eu obtive ao estar correndo feito uma desesperada nos últimos dois minutos e meio.

Aperto a alça da mochila pesada pendurada no meu ombro e continuo a correr pelo corredor vazio do colégio, com 0% de vontade de me atrasar para a primeira aula do ano com ninguém mais, ninguém menos, que Edgar, o professor de química mais exigente, estressado e intolerante da história do ensino médio.

Esse é apenas mais um daqueles dias na minha vida em que nada (absolutamente nada!) parece dar certo.

Para começo de conversa, hoje minha manhã já começou do pior jeito possível: o despertador não tocou, mal tive tempo de engolir o café da manhã, perdi o ônibus do colégio e, no fim, tive que vir de carona no carro da minha avó - que devido a idade já avançada dirige muito devagar.

E tudo isso só está acontecendo comigo porque o meu carregador estava mal conectado na tomada durante toda a noite, o que levou meu celular com bateria viciada a desligar durante a madrugada.

Pois é, eu sou uma azarada com A de anta.

O som estridente do último sinal para entrar na sala ecoa pelo pátio e faz meu coração acelerar ainda mais — se é que isso é humanamente possível.

Não me resta mais nenhuma esperança: eu vou chegar atrasada!

Valeu celular viciado!

Fecho os olhos, faço uma prece silenciosa para que Edgar ainda não tenha chegado, respiro fundo para tentar recuperar o fôlego e enfim chego ao corredor que leva à porta da minha sala.

Mas, como a sorte nunca está do meu lado numa manhã de segunda-feira – ou em qualquer outro dia da semana –, assim que viro o corredor sou surpreendida por um indivíduo parado na frente da porta da minha sala, e acabo esbarrando nele com tudo, fazendo nós dois irmos de encontro ao chão como sacos de batatas, cada um para um lado. Para completar o desastre, meus livros, cadernos e canetas tomam conta de todo o piso branco ao nosso redor, graças ao maldito zíper da mochila que eu nem sabia que estava aberto.

— Olha por onde anda, tapada! – uma voz masculina irritada esbraveja ao meu lado. — Você é cega, por acaso?

Viro meu rosto em direção ao mal educado, pronta para dar uma resposta a altura para quem quer que seja, e o que encontro é um garoto loiro, usando preto da cabeça aos pés, com olhos castanhos cheios de fúria, me encarando de cara amarrada.

Do Que o Amor é Feito | Amores Platônicos 01Where stories live. Discover now