Capítulo Bônus

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Diogo

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Diogo

     — Como você consegue gostar disso? – Olho para a tela da TV da sala da Helô, onde passa uma cena vergonha alheia do tal Edward Cullen mostrando o quanto o seu poder é perigoso para a "aparentemente suicida" Isabella Swan. 

— Para de reclamar toda hora, Diogo. Está me atrapalhando assistir – ela resmunga. 

Olho para o lado no sofá onde estamos e a vejo totalmente concentrada na imagem. 

Menos de um palmo nos separam, e eu preferia estar beijando ela do que vendo essa tortura em formato de filme. 

Mas é claro que não posso fazer isso agora. Não na casa dela, onde alguém pode aparecer a qualquer momento, já que sua tia e avô estão na livraria logo abaixo de nós, e a dona Rute saiu para comprar alguma coisa e disse muito claramente que "não iria demorar!"

E isso é uma droga. Passei a semana inteira tendo que observá-la de longe – e sentindo o olho dela sobre mim todas as vezes que ela acreditou que eu não estava vendo, ainda por cima – mas eu me contive todas as vezes, respeitando o espaço que ela pediu e esperando seu tempo para vir falar comigo.

Volto a olhar para a TV, sem realmente prestar atenção nas cenas que estão passando. Entre ficar vendo o vampiro arrancar uma árvore com a mão ou ficar divagando, minha mente prefere pensar nos acontecimentos de mais cedo. 

Sorrio ao pensar na Heloísa correndo até o aeroporto porque pensou que eu iria embora. Essa garota é doidinha de pedra. E eu sou doidinho por ela.

E o melhor de tudo é saber que ela gosta de mim também. 

E isso me faz refletir sobre uma coisa… Será que é muito cedo para pedir ela em namoro?

Minha atenção volta ao filme quando vejo o vampirão colocar a sua nova aspirante a namorada nas costas e subir um morro correndo em um CGI de doer os olhos. E tudo piora quando ele começa a arrancar a camisa para BRILHAR NO SOL.

— Sério, Heloísa, esses efeitos especiais são totalmente toscos – volto a provocá-la, e ela me olha de canto com ódio no olhar. — Na verdade, isso está para defeitos especi… – E é claro que levo um tapa no braço. 

— Não fala da minha saga protegida. Só os fãs podem zoar os efeitos. 

— Ah, verdade. — Dou risada. — Havia me esquecido desse detalhe. Desculpe o meu erro.

— E só porque falou mal, vou te obrigar a ver os cinco filmes comigo hoje.

— Isso não vai acontecer – provoco, aproximando meu rosto do seu vagarosamente.

— Duvida? – Ela me olha com uma sobrancelha arqueada e um sorriso de canto. 

— Duvido. Porquê, vai me obrigar? – me aproximo ainda mais.

— Esqueceu que não faz nem um mês que te fiz assistir todos os filmes de Harry Potter? E você gostou!

— Eu só fiz isso porque estava afim de você. – Digo e roubo um selinho dela, voltando para o meu lugar logo depois.

Helô me olha incrédula, não sei se pelo beijo ou por ouvir minha declaração. 

Ela sorri de um jeito acanhado antes de voltar a falar.

— Você não presta. Eu toda inocente na sua casa e você armando um plano barato para me conquistar.

— Pelo menos deu certo, né? – Dou de ombros.

— É. Deu certo – Ela sorri e me olha nos olhos de um jeito tão intenso que me faz perder o fôlego por alguns segundos.

Estou me aproximando para roubar outro beijo – um de verdade dessa vez – quando a porta é aberta de súbito, fazendo Heloísa se afastar tão rápido quanto um raio para o outro lado do sofá. 

A avó passa pela porta com uma sacola de papel cheia de flores amarelas. 

— Oi, crianças. – Ela sorri para nós dois, colocando a flores num jarro sobre a mesinha de centro coberta por uma toalha de mesa roxa. — Como está indo o filme? – Ela olha para a garota ao meu lado, que apenas sorri de um jeito totalmente suspeito. 

— O filme tá ótimo, vó. – Ela fala e sorri ainda mais. Além de um desastre ambulante, Heloísa também é péssima fingindo.

Dona Rute olha para nós dois simultaneamente, e depois sorri de orelha a orelha.

— Bom, eu não vou mais ficar aqui atrapalhando vocês. Vou estar na cozinha, caso precisem de alguma coisa. Mas não vão nem precisar se esforçar para chamar minha atenção, já que de lá consigo ver vocês. – E sai da sala levando a sacola vazia com ela.

Eu solto uma leve risada.

— O que foi que acabou de acontecer aqui? – sussurro para Heloísa e ela me lança um olhar de súplica. 

— Me desculpa. Minha avó ama me fazer passar vergonha – ela murmura a última parte apenas para si mesma, mas eu consigo escutar.

— Ei, relaxa. – Alcanço sua mão no sofá e ela arregala os olhos.

— Eu falei isso alto? – Aceno com a cabeça e ela escora a cabeça no encosto do sofá, tapando os olhos com a mão desocupada, de um jeito exageradamente dramático. — Eu tenho que parar de fazer isso. – Ela tira a mão do rosto para me olhar. — Como foi que você conseguiu se apaixonar por mim, hein? Sabe que sou totalmente tapada, e às vezes me visto igual um flamingo pulando corda – ela sorri, fazendo referência ao dia que nos conhecemos. 

— Ah, relaxa. Se não fosse por esse seu parafuso solto a gente nem teria se conhecido. Lembra de quando te ouvi divagando alto pela primeira vez? 

— Não. Eu não quero lembrar! – Ela ri. — Maior pagação de mico.

— Foi engraçado. Me apaixonei por você exatamente por causa dos seus micos.

— Ha-ha-ha – ela ironiza. — Não acho nada engraçado. Agora para de me enrolar e vamos logo ver o filme. Já perdi uma cena importante inteira – ela pega o controle de cima da mesinha de centro e começa a voltar tudo que se passou enquanto não prestávamos atenção, para meu total desespero. — Prontinho, agora vamos voltar a assistir. 

Ela larga o controle e se senta mais próximo de mim, escorando a cabeça no meu ombro. Nesse mesmo momento, Mione, a gata gorda da Heloísa, pula no sofá e sobe no colo da dona, recebendo um cafuné da mesma.

Olho para a garota aconchegada em mim – que agora já voltou sua atenção 100% para a TV, como se estivesse vendo o filme pela primeira vez – e sorrio involuntariamente. 

Para ficar perto dela desse jeito, eu posso suportar qualquer coisa: horas dentro de um shopping lotado atrás de um presente para outro cara, pagar mico subindo numa roda gigante cheia de pirralhos ou (o pior de todos!) aguentar uma maratona de cinco filmes sobre vampiros que brilham no sol. 

Por ela vale a pena.

Por ela vale a pena

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Do Que o Amor é Feito | Amores Platônicos 01Where stories live. Discover now