Atração Perigosa ⛓🚭

capítulo 26 - Aniversário

Daniel

— Diz que sim, não vou lhe perturbar mais.— implorava a décima vez para Ana.— Diz sim logo!

Concordou se deixando por vencida, Ana completava mais um ano de vida, e eu não queria vê-la chateada.

Anyta decidiu fazer uma festa como sempre, e eu não perderia a oportunidade de beber gratuitamente.

— Só me ajuda com a roupa ?— deitou sua cabeça em meu ombro enquanto olhava a sala vazia, não por falta de móveis, mas por falta de presença familiar de Danya.

—Use aquele vestido vermelho, garanto que os meninos vão cair matando— imaginei Danya ouvindo isso, certamente iria matar-me .

Ana me olhou envergonhada e sorriu, levantou-se provavelmente planejando se arrumar em seu quarto.

— Pode usar algumas roupas de Danya se quiser, ele deixou muita coisa para trás.— falou e correu para não ouvir minha resposta.

Depois que descubri que o motivo de Danya ter ido daquela forma teve uma parcela de culpa dos meus pais, decidir por ficar com Ana, mas não estou disposto a usar as coisas de Danya mesmo morando aqui, tudo ainda me traz um grande aperto no peito.

Levantei-me olhando a tela do telefone que marcava 18:00, sinto pena de Ana, passou seu dia todo assistindo filmes clichês com um gay largado pelo amante.

"Pretendes voltar para casa um dia??"
-17:45/ pai

Tenho recebido vários textos do meu pai, se soubessem o quanto está doendo imaginar que eles não me deixaram ir com Danya não tentaria falar comigo.

— Meu vestido rasgou!— Ana desceu as escadas desesperada com um pedaço de pano na mão.

Olhei para sua face apavorada e não contive as risadas.

— Desculpa, estás engraçada!— neguei com a cabeça me controlando.— Vá ao shopping, compre uma roupa, te encontro na festa.

— Tá, você pode me emprestar seu cartão?— Resmungou.— O meu tá sem limite.

Olhei para minha carteira em cima da mesa de centro e Ana correu até a mesma.

— Aceite como um presente de aniversário.— falei.

[...]

Perdi-me nas contas, são dez ? ou talvez passe dos vinte copos de cerveja, cansei de contar, Ana estava linda balançando o corpo junto a Anyta, seu vestido tinha detalhes prateados, e parecia-me um pouco transparente.

— Danya morreria só de vê-lá assim!— falei enquanto Ana se aproxima de mim.

— Nem me lembre daquele bastardo— Resmungou.— Fiquei sabendo que papai comprou uma passagem para ele vim nos visitar e o mesmo recusou.

Meu coração acelerou, uma sensação estranha me invadiu, como se por algum motivo eu ainda sentisse a esperança de Danya aparecer.

— Você bebeu quantos desses ?— Anyta gritou tentando sobrepor sua voz a música alta que tocava.— Xavier tá lá em cima, é um partidão!

Neguei rindo e ela me olhou seria, Anyta realmente tava falando sério?

— Queres que eu pegue seu irmão?— Ela sorriu animada e confirmou a cabeça.— Faça esse favor, preciso de você como cunhado.

Olhei para Ana que ria como se tivesse acabado de sair de um show de palhaços.

— Daniel devia ir, mas só por hoje!— explicou.— Quando Danya voltar eles vão se casar.— Gargalhou cambaleando.

Por que deixei essa mulher beber tanto ?

[...]

Subi as escadas sentindo que estava a trocar os pés, com certeza estou levemente bêbado.

Meu copo de plástico da cor vermelha me lembrava aquelas cenas clichês de filme americano, mas isso está mais para filme de terror.

Ao fundo a música the walls ecoava, me sentia pulsar por dentro,  a batida sempre deixa-me excitado.

Abri a porta do quarto de Anyta e vi Xavier em cima de um rapaz loiro, sua barriga estava cheia de um pó de branco, Xavier puxava as fileiras do pó com o nariz; me parecia estar se divertindo.

Os dois logo percebendo minha presença se afastaram um do outro.

— Desculpa !— falei e Xavier riu.— Não queria atrapalhar.

—Quer se juntar a nósc?— falou enquanto se levantou vindo até mim com um algo entre os dedos da mão, me parecia ser uma espécie de cigarro eletrônico.— Any tens mesmo razão, você é realemente gostoso.

Aquele cara me trazia uma vibe diferente, parecia despertar algo em mim que eu não conhecia.

— Você também não é nada mal!—cruzei os braços e ele riu, se aproximou ficando centímetros longe, beijou meu pescoço e um arrepio me percorreu.

— Não me conheces, por isso pensas assim.— sussurrou perto de meu ouvido me deixando estranhamente nervoso.— Abra a boca.

Fiz como pedido, Xavier colocou algo em minha boca e apesar de ter medo do que fosse animei-me para experimentar.

Encurralado na parede o mesmo apertou minha cintura e eu pude sentir uma sensação boa na barriga, ele me olhava fixandamente a todo momento.

— Pode arder de início.— explicou enquanto passou delicadamente sua língua em volta de seus lábios.

— O que é?— Perguntei.

— Você vai descobrir.— essas foram suas últimas palavras antes de partir para cima de minha boca me beijando.

Aquilo esquentava, tinha um gosto forte de tequila,mas queimava, era tão bom e quanto mais minha língua se enroscava no beijo, sentia uma sensação de alívio e tesão.

A batida da música começou a ficar mais forte e meu coração batia conforme a letra.

— Minha vez.— O loiro  se levantou e me olhou meio envergonhado.

Olhei para ele e quando percebi já tinha me jogado em cima de sua boca, largando o moletom branco de Xavier que eu estava segurando firme.

A porta se abriu e quando olhamos em conjunto, Ana parecia chocada com a cena que acabará de ver.

— Desculpa..— falou sem graça.— Só vim avisar Daniel que estou indo embora.

— Com quem?— perguntei recuperando meu fôlego quando percebi a presença de alguém em seu lado.

— Comigo!— Danya se mostrou e eu pude sentir minhas bochechas queimarem de vergonha.— Não se preocupe, pode voltar ao que estava fazendo, Ana está em boas mãos agora!

Sua voz deu ênfase no agora e eu pude sentir o ódio que ele carregava em seu olhos.

Merda!

— Se tá com você ok.— me virei para o loiro que eu nem sabia o nome e o beijei novamente.— Você beija bem pra caralho.— concluí.

Pude sentir Danya sair do quarto com Ana, eu não sei bem de onde essa versão minha saiu, eu sentia a grande vontade de provoca-lo como se fosse uma vingança por te me deixado sozinho.