Capítulo 21 - Detestável dia

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Danya

21 anos se foram, hoje deveras és a data do meu nascimento, meu aniversário, data que venho detestando todos os anos pelo simples fato de meu pai vir passar comigo.

— Está animado ?— perguntou enquanto me viu descendo as escadas.— Dia de comemorar !

Olhei para o velho a minha frente e segurei-me para não rir de sua idiotice.

— Comemorar ?— terminei de descer as escadas e parei-me em frente ao senhor Kruzin.— Quem é idiota o suficiente para comemorar um ano a menos de vida ?

Ele me olhou pensativo e paraceu-me pensar que tudo que eu falei tinha ao menos um pingo de sentindo.

— De qualquer forma, vamos jantar hoje juntos, não se atrase.— falou enquanto me via sair.— E quando estiveres de bom humor pode me pedir algo de presente se quiseres.

Dei de ombros e retirei-me de casa, passarei esse dia com Daniel, quem realmente posso dizer que gosta mesmo de minha companhia.

[...]

O parque da cidade era basicamente cheio de seguranças, pessoas e crianças ao redor brincando, esse lugar tem um imenso lago apesar de sabermos bem que é poluído.

Sentar na grama enquanto Daniel se deita em meu colo e lê seus livros clichês me traz uma vasta sensação de bem estar.

— Eu sinto muito, sei que não gosta de comemorar seu aniversário.— fechou se livro colocando de lado.— Comprei um presente e espero que não fique chateado comigo.

Tudo que sei é que talvez eu devesse mesmo gostar de datas especiais, se elas fizessem sentido para mim.

Minha família era baseada em um pai ausente e alcoólatra que não passava os finais de semana com a família e sim com sua amante, isso desgastou minha mãe e levou a mesma a cometer suicídio.

Depois de tudo que passei, festas como Natal, páscoa e aniversários não me fazem bem.

— Tá tudo bem, mas não precisava você sabe né?— ele balançou a cabeça e puxou uma sacola preta que estava ao nosso lado.

Peguei de sua mão e desfiz o pequeno laço que prendia as alças, quando me deparei com o que tinha dentro tudo que pude fazer foi ficar nervosamente tímido.

— Eu realmente sou previsível, desculpa.— suspirou enquanto foi se levantar de meu colo, empurrei sua cabeça para baixo fortemente e ele sussurrou um " aí". — Você é tão delicado !

— Desculpa, eu amei Daniel.— sorri tirando as duas hello kitty da sacola.— Não foi previsível, foi fofo meu coelinho!.— beijei sua boca e Daniel arregalou os olhos.

Lembrei-me que estávamos em público, algumas crianças que tinham visto correram para seus pais como se tivesse acabado de ver um filme de terror,isso tudo pela maldita cultura que esse país traz.

— Desculpa por não poder retribuir, estamos no meio do parque da Cidade.— sorriu e eu retribui.

[...]

Estávamos andando pelas ruas, precisava esperar o tempo para me atrasar para o jantar em "família".

— Preciso mesmo ir ao banheiro.— falei incomodado.

Daniel me apontou uma loja de ferramentas, costumávamos pedir água para o dono quando crianças, decidir entrar por pouco tempo, só precisava mijar.

— Preciso fazer uma ligação, vou ficar aqui fora lhe esperando.— me olhou sorrindo e eu achei estranho mas confirmei com a cabeça, afinal não demoraria tanto.

Entrei na loja e conversei por poucos segundos com o atendente, fui até o banheiro e fiz o que eu precisava, lavei minhas mãos e quando me retirei dali o rapaz já não estava no balcão.

procurei ele pelos corredores da loja na intenção de me despedir é agradecer por ter me recebido.

Dei de ombros e sai pela porta giratória que ali tinha, procurei Daniel e não o achei de primeira.

Quando virei-me para o outro lado da rua me deparei com algo que eu jamais queria ter presenciado em minha vida.

Meu sangue ferveu fortemente e tudo que sentia estava sendo controlado por meu instinto violento, meus olhos marejaram e eu pude sentir meu peito doer.

Daniel estava caído no chão e em sua volta dois caras de capuz, eu queria correr e mata-los, mas cada vez que um deles acertava-lhe um chute meu peito sentia uma pontada.

Fechei meus punhos e quando fui até eles  perceberam minha presença e logo fugiram.

Eu queria correr até eles, mas Daniel caído no chão me puxou pela barra da calça, me ajoelhei no chão e o olhei, seu rosto tinha vários machucados e seus olhos não estavam abertos.

— Não vá, fica... aí, isso dói.— se esforçou ao máximo para me dizer essas palavras e tudo que consegui ver foi minha visão embaçada, a angústia e dor de ver alguém ferido, a mesma sensação que tive com minha mãe a anos atrás...

— Fica acordado, eu vou te ajudar !— falei enquanto peguei me celular trêmulo.

— Dan...— Começou a tossir e tudo que eu conseguia ver era sangue saindo de sua boca, peguei em seus braços e acabei me sujando de sangue.

Céus por que comigo?

—Danya, desculpa... eu devia ter entrado com você...

– Cala a boca caralho tô tentando ligar para ambulância.— minha voz era falha e chorosa.

Depois de algumas tentativas, consegui ligar para emergência que estava a caminho.

Ficar ali ajoelhado enquanto Daniel sangrava, foi a pior sensação que eu senti, medo de perder meu único amor..






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