Prólogo

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Trago em minha memória a doce tarde de outono, o cheiro da terra molhada, o canto dos pássaros, o toque do vento em meus cabelos, sua mão segurando a minha. Sua voz suave, suas covinhas aparecendo através de um sorriso fácil.

Ah, como eu gostaria de me perder em teus abraços, lá eu me sentia tão segura, lá era o meu abrigo. Como eu gostaria de ver as pupilas dos teus olhos se dilatando ao me ver, infelizmente não posso. Eu ainda lembro, você estava saltitando de alegria por que tínhamos acabado de noivar, você dirigia o carro calmamente e às vezes jogava olhares pra mim e mostrava a aliança. Estávamos tão felizes, ainda não entendo o por que de você ter ido e eu não, logo você que era tão bom com os outros, sempre correto, você merecia ser feliz ,amor.

Você partiu sem mim e eu fiquei destroçada por dentro, eu não vivo mais, apenas sobrevivo. A vida te levou de mim, e junto contigo foi meu coração. Como pode uma pessoa ser tão feliz e depois cair num abismo sem fim?

Eu vejo os dias se passarem da janela do meu quarto, eu sei que faz tempo mas pra mim tudo está tão vivo ainda. Estou como antes de te conhecer, perdida, aprisionada dentro de mim mesma.

E eu só peço pra morrer, por que não aguento essa culpa, eu sei que o culpado foi aquele motorista desequilibrado que bateu em nosso carro, mas eu também sou culpada. Por que eu sobrevivi e você não?

Às vezes sonho com o dia do acidente, às vezes escuto a tua voz, às vezes sinto o teu cheiro, e sempre, acredite sempre sinto a sua falta. Eu te amo, e obrigada por eu ter sido ( mesmo que por algum tempo) feliz.

Com saudades, Melinda.

AlvoradaWhere stories live. Discover now