Capítulo XXXII

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**Nate**

- Sinto falta dela, penso nela todo instante. É como se faltasse algo em mim, entende doutor? - perguntou o Sr. Tomaz meio que desesperado.

Entendo.

E de fato entendia, desde que saí da casa de Melinda ela vive vagando nos meus pensamentos e não saber como ela está parece piorar a situação. Depois que o Sr. Tomaz saiu da minha sala, fiquei pensando nisso. Pensando em o quê Melinda estaria fazendo agora. Será que ela voltou a se trancar no quarto?

"Você se acha tão importante assim?"

De tudo o que ela havia me dito, acho que isso foi uma das piores. Tentei me concentrar em não pensar nela, e focar no meu trabalho, mas estava realmente muito complicado. Eu precisava saber como ela estava! Saí da minha sala e fui até a cafeteria, onde encontrei Suzy e o Seu Elias tomando um cafezinho. Suzy sorriu e foi para o balcão atender os clientes e eu sentei na mesa com o Seu Elias.

- O que houve, doutorzinho? - perguntou ele, com aquele carinho de sempre, eu conhecia ele desde que comecei a estagiar.

- Preciso saber se ela tá bem. - eu disse e ele sorriu.

- O que ela fez com o senhor? - perguntou ele rindo consigo mesmo e bebericando o café. Eu suspirei e mexi meu cabelo irritado.

- O que eu faço? Ela me odeia.

- Nunca ouviu falar que amor e ódio andam juntos?

- Eu acho que ela nunca vai me perdoar.

- Tenha calma, o tempo é o melhor antídoto para a raiva. Vai passar.

- Não sei, Seu Elias. Tenho medo de perder ela pra sempre, acho que já perdi, não é?

- Sempre esperei escutar o senhor falar isso. E então, como é amar, afinal?

- Sinceramente? Uma merda! - eu disse e ele riu. Suzy veio até a nossa mesa e deixou a minha xícara de café.

- Sabe o quê eu fiz quando eu briguei pela primeira vez com a Dora?

- O quê? - perguntei, bebendo o café.

- Pedi desculpas de todas as formas que pude. Por que eu sabia que por mais que eu procurasse, nunca eu iria encontrar alguém como ela. Soube isso desde que a vi pela primeira vez. É simples, sabe? Você encontra alguém que muda todos os seus conceitos, vira tua vida, você não sabe mais se o céu é azul, você só sabe que quando você olha nos olhos daquela pessoa você ver o universo inteiro ali refletido. Foi isso que eu senti quando a encontrei pela primeira vez. E eu não poderia deixar ela ir embora.

- Ela não quer me perdoar, e não tiro a razão dela. O que eu fiz foi deplorável.

- Tudo em nome do amor é válido. - ele disse e eu sorrir. - Já vi de tudo nessa vida, doutor. Mas nunca vi alguém que ama fazer algo que não seja em nome do amor. O senhor fez o que fez por amá-la, não se envergonhe disso.

****
Cheguei em casa e não havia ninguém ainda, porque cheguei mais cedo do que o normal, havia desmarcado todas as consultas que havia na parte da tarde. Austin estava na escola, e Rosa já havia ido pra casa. Eu estava sozinho e estava chovendo. Dentro de mim.

Já fazia algumas semanas que eu havia voltado pra casa e ainda não tinha recebido notícias de Melinda. Cora havia me dito que iria me deixar informado caso acontecesse algo, mas ela não me disse nada. Então quer dizer que ela está bem. Bem o bastante pra sair do quarto, pelo menos.

Talvez o problema fosse eu. Fosse a minha mania idiota de confundir as coisas. Talvez se eu tivesse sido mais profissional nada disso teria acontecido. Senti meu celular vibrar no meu bolso, tirei ele e sem ver quem era atendi.

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