Não é não.

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Depois do café Marjorie perguntou o que eu iria fazer a tarde, disse que nada, não tinha planos. Ela me perguntou se eu gostaria de ir a uma reunião de família.

- Eu? - tirei a escova de dentes da boca.

- Não, minha avó, Marianna. Claro que você.

- Não sei. Acha mesmo uma boa ideia? E o Teddy?

- Eu chamei ele, mas me disse que combinou de sair com a irmã dele e se não for, você já sabe. - disse. - Fica tranquila, é uma reunião só de primos. Gente nova.

- Está bem, eu vou.

Quando Teddy foi embora, ficamos apenas nós duas jogadas em cima da cama, pensando na vida.

- Acho que eu vou sentir mais falta disso do que imagino

- Relaxa, qualquer coisa nós damos um pulinho no Brasil. - brincou.

- Vocês definitivamente iriam adorar. Principalmente a comida. - me deu água na boca só de lembrar. - É maravilhosa.

- E as bebidas? - perguntou.

- Estou começando a ficar preocupada com você. - olhei para ela. - Mas são boas. Muito até.
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Nos arrumamos para sair até que me dei conta de que ainda não tinha pego meu celular de volta. Fui até ela, que estava se arrumando no espelho do banheiro e perguntei aonde estava.

- Na sua escrivaninha. Segunda gaveta.

Fui até lá e quando peguei vi que ele estava com 20% de bateria, mas deveria aguentar por mais algumas horas. Tinha que aguentar.

Fomos para a casa da tia dela no carro que tínhamos pedido por aplicativo. Demoramos um tempo para chegar, era quase do outro lado da cidade a propriedade. Aproveitei esse tempo para responder as mensagens do James, ele provavelmente não veria agora, já que estava fazendo prova.

Quando chegamos notei que a casa era bonita, tinha um jardim bem colorido. Marjorie bateu na porta e um rapaz alto, cabelos e olhos escuros, pele quase da mesma cor que a dela e com um sorriso simpático, abriu a porta.

- Marjorie, pensei que não vinha. - o rapaz disse. - Geralmente não gosta dessas coisas.

- E não gosto, relutei muito em vir, mas a nossa mãe me obrigou. - devolveu com uma certa acidez na voz. - Essa é a Marianna, minha melhor amiga.

Eles eram irmãos. Por isso a semelhança impressionante.

- Prazer, Marco. - me abraçou e deu um beijo na minha bochecha. Notei que o olhar dele estava diferente comigo. - Não sabia que a minha irmã tinha amigas tão bonitas assim.

Dei um sorriso seco.

- Não tente fazer isso com ela, garoto. - minha amiga avisou. - Ela tem namorado e para completar, você é galinha.

Ela saiu da frente dele segurando meu braço para eu segui-la. Havia alguns jovens dentro da casa, poucos, deviam ser maioria da família dela. Vi vários tipos de bebida sobre uma mesa, optei pela mais tradicional, o refrigerante.

- Nunca mais vai beber? - perguntou.

- É o que pretendo. Se algum dia me ver bebendo, pode apostar que eu estou com problemas.

Ela me apresentou para algumas primas, uma se chamava Rachel e a outra Melanie. As duas pareciam ser iguais a minha amiga, simples, sem discriminação, diferente de outras que estavam mais afastadas.

- Quer comer algo? - Rachel perguntou. - Estão preparando algumas carnes.

- Não, obrigada. Eu almocei antes de vir.

- Eu te conheço de algum lugar. - disse. - Acho que te vi em uma festa.

- Não que eu lembre de muita coisa das festas. - brinquei.

- Era você que foi carregada por um rapaz alto e extremamente gato?

Lembrei do que ela estava falando, do meu primeiro porre e de quando o James foi me buscar na festa.

- É, era eu mesma. - admiti com vergonha. - Acho que esse é um dia que eu prefiro esquecer. - bebi um pouco de refrigerante.

- E ai, meninas, estão se divertindo? Está se divertindo, Marianna? - o irmão da Marjorie perguntou.

- Sim. Obrigada por perguntar.

- Cai fora, Marco. - Rachel bufou. - Não tem outras pessoas para atormentar?

- Queria fazer companhia para a nossa nova amiga. - piscou para mim.

Ai eu mereço mesmo.

Pedi licença dos dois e disse que iria até o banheiro, perguntei da minha amiga onde ficava e depois me afastei deles. Demorei um pouco para achar o banheiro e quando encontrei, dei graças porque estava muito apertada. O irmão da minha melhor amiga já estava me irritando, mesmo depois do aviso de eu ter namorado, ele continuou insistindo.

Ao abrir a porta me deparo com Marco encostado na parede com um copo na mão. Dei uma rápida olhada para ele e depois virei de costas para descer as escadas e voltar para perto das meninas. Ele me segurou pelo braço e me puxou para próximo dele, conforme eu me afastava o mesmo caminhava comigo até que me bati contra a parede.

- Sai de perto de mim, garoto. - tentei empurrar ele.

- Vamos nos divertir um pouco, Marianna. O que tem demais nisso?

- Eu não quero sequer ficar perto de você. - disparei.

Ele me deu um beijo contra minha vontade, o que me fez morder a boca dele causando um leve sangramento. Depois que Marco recuou um pouco por conta do machucado, dei um chute entre suas pernas e quando ele saiu falei:

- Se uma mulher diz não, é não, seu merda!

Desci as escadas e fui até a Marjorie que estava segurando minha bolsa. Queria ir embora, aquilo tinha sido o suficiente para mim.

- Amiga o que houve com o seu batom? - perguntou ao ver o redor da minha boca meio rosada.

- Pergunta para o desgraçado do seu irmão. - peguei a bolsa e fui em direção a porta.

Eu estava com tanto ódio que poderia voltar e bater mais naquele moleque.





Meu último ano(Concluída)Where stories live. Discover now