Efeito colateral

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Positivo.

É sério? - perguntei surpresa.

- Sim. Era isso que eu queria que soubesse.

- Porque fizeram isso? Como drogaram você?

- Eu não lembro muito bem. A última coisa que eu lembro foi que uns cara me chamaram e depois eu bebendo novamente.

- E quem era a garota?

- Honestamente, eu não faço ideia.

Provavelmente eu já estava me arrependendo da pergunta antes mesmo de fazê-la.

- Você dormiu com ela?

- Não. Eu não dormir, disso eu tenho certeza.

- Que merda. - resmunguei ao passar a mãos sobre meus olhos. - Você sabe quem pode ter feito isso?

- Não exatamente, mas eu acho que sei quem, e você também.

Karen.

Eu já estava começando a criar uma raiva absurda dela, não só pelo fato de ela sempre querer arruinar as coisas, que de certo modo eu entendia seus motivos, mas me deixava estressada não saber até onde essa garota seria capaz de ir para conseguir o que queria.

- Eu realmente não sei o que falar.

- Acho que porque não tem o que falar. - ele disse. - Só....me desculpa, mesmo.

Me aproximei e o abracei, acho que isso era o máximo que eu poderia fazer. Eu ainda estava surpresa com o fato de terem drogado ele, provavelmente ninguém esperava por essa, mas aconteceu e não deixou de ser algo terrível, ainda mais com ele.

- Sabe, eu estava prestes a dar um tapa no seu rosto há alguns minutos. - falei, passando a mão por sua costa.

- É, eu sei que mereço isso e mais um pouco.

- Sinto muito pelo que aconteceu.

- Não sinta. Olha o que deu não vigiar o meu copo. - riu com escárnio.

- Você vai contar para a sua mãe? - perguntei me afastando dele.

- Não. De jeito nenhum, ela vai ter um ataque e não vai ser bom para ninguém, acredite.

- Eu não a julgo, porque se fosse meu filho, provavelmente seria assim também....quem sabe pior. - brinquei.

- Isso fica entre nós dois. E a Marjorie, já que ela sabe o que aconteceu.

- Tudo bem.

                           ♡♡♡

Eu e minha amiga tínhamos terminado a última prova de geometria e estávamos no corredor esperando o Teddy quando ela me perguntou como tinham sido as coisas, se tínhamos nos resolvido e estávamos juntos de novo.

- Essa parte eu não sei, mas sim, nós resolvemos.

- Fico feliz que tenha dado a chance dele se explicar.

- É, eu também. - murmurei.

Na verdade eu não tinha deixado ele sequer falar, se ele não tivesse me entregado aquele papel, não seria como as coisas estariam agora.

Ainda bem que ela estava tão concentrada no folheto do baile que estava colado na parede que esqueceu de pedir detalhes, e isso foi a minha salvação.

- Estou pensando em tentar ser a rainha do baile esse ano. - ela disse.

- Ah, não vai, não, darling. Eu que vou. - Teddy falou ao se aproximar.

Nós começamos a rir e fomos para o almoço.

Estávamos sentados em uma mesa quando o Thomas se aproximou.

- Preciso falar com você. A sós - avisou, e por sua expressão facial, o assunto não deveria ser bom.

Me levantei e o acompanhei até um dos corredores que estavam vázios.

- O que houve?

- É sobre a Karen.

Eu mereço mesmo.

- Por que eu não estou surpresa?

Ele me contou certas coisas que eu ainda não tinha noção de que realmente havia sido ela e contou as que eu já sabia há um tempo.

- De onde você conhece ela?  - perguntei cruzando os braços.

- Ela é amiga do meu primo.

- Você ajudou ela a drogar o James? - uma pausa. - O acidente...foram vocês?

- O acidente foi apenas ela. E em minha defesa, eu falei que isso era uma péssima ideia.

- Qual é o seu problema, garoto?!

- Pensei que ela pudesse gostar de mim. -suspirou. - Até parece que você não sabe o que é estar apaixonado, Marianna.

Continuei em silêncio e o encarando.

- Você moveria céus e terras pelo James.

- Sim. Mas eu nunca machucaria ele.

Sai andando e nem mesmo me despedi, estava com tanta raiva que não conseguia pensar em outra coisa.

- Aonde você vai? - exclamou.

- Vou fazer algo que deveria ter feito há um tempo.

Há um tempo eu havia conseguido o número da Karen pelo celular do James, então resolvi mandar uma mensagem para ela, pedindo para me encontrar no campo de futebol ao final da aula.

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Quando cheguei no campo vi que ela já estava me esperando sentada na primeira fila da arquibancada, ela deve ter percebido a surpresa em meu rosto quando a vi, porque falou:

- Está surpresa que eu tenha vindo? É, eu também.


Meu último ano(Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora