Capítulo 14 - Sozinho

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O suor brotava em sua testa, acompanhado de um calafrio que percorreu as costas.

Era possível ver uma arma na cintura daquele homem, por baixo do sobretudo escuro que vestia.

- Acho que entendeu que é melhor me seguir, raposinho. Se não fizer isso, algum inocente pode acabar pagando por você – Obito desceu o olhar à barriga do rapaz que recuou um passo, cobrindo-a com as mãos por instinto.

Estava sem saída, não havia o que fazer. Se relutasse ou fugisse, aquele homem podia machucá-lo ou tentar algo contra seu bebê.

Encurralado acabou assentindo, pegando uma blusa fina de moletom sobre o sofá e vestindo-a apressadamente. Não teve tempo sequer de trancar as portas ou apagar as luzes, foi puxado para fora.

O frio o castigou. As pernas estavam à mostra por trajar bermuda e chinelos nos pés. Adoraria ter vestido o pijama naquela noite, de preferência o de soft bem quentinho.

- Ah sim e antes que eu me esqueça... – o Uchiha estendeu a mão – Seu celular fica comigo, para o caso de querer fazer alguma besteira e atrapalhar nossa diversão.

- Diversão? – indagou, tentando parecer o mais calmo possível, uma tarefa realmente difícil.

- Isso, nós vamos dar um passeio – sorriu, friamente. Enfiou a mão no bolso do outro e tirou o celular, jogando-o de volta dentro do apartamento. O aparelho caiu ao chão e se abriu, a bateria voando longe.

Um calafrio subiu a espinha de Naruto.

Não tinha conhecimento de quem era o homem à sua frente, mas sabia que ele era bastante perigoso, a julgar pela imensa cicatriz em sua face direita. Era fácil de entender apenas por seu olhar que ele não possuía um traço sequer de compaixão.

E pelo fato de ser um Uchiha. Até aquele momento Naruto só tivera péssimas experiências com Uchihas, tirando Sasuke e seu irmão. Seguir Obito sabe-se lá para onde era arriscado demais.

-... Se me obrigar a sair... Eu vou gritar – interveio, tentando ganhar tempo.

- Se fizer isso não terá nem tempo de se arrepender – o sorriso sarcástico morreu em seu rosto, substituído por um olhar tão frio que penetrou o fundo da alma do rapaz loiro, como uma farpa de gelo –... Eu não sou paciente, e vai descobrir isso da pior maneira – empurrou-o em direção às escadas.

Sem saída, Naruto se põe a caminhar pelo corredor completamente vazio. As pessoas que outrora saíam dos apartamentos para ver a comoção e fofocar haviam desaparecido, bem agora que mais precisava delas!

Talvez culpa da influência que os Uchiha exerciam? Essa desagradável capacidade de controlar tudo, de quebrar regras, de burlar leis. Até então Naruto nunca conviveu com uma situação de desigualdade social, mas percebeu-se no ponto mais baixo ao lidar diretamente com aquela família.

Uchihas tinham dinheiro, e isso lhes dava poder absoluto, a sensação de que nada lhes era impossível.

Ao menos tanto poder não havia feito a cabeça de Sasuke. Talvez por causa disso ele ainda conseguisse ser feliz.

Parou diante do elevador, mas foi puxado com rudeza para as escadas.

- É mais rápido pelas escadas. Desça.

- Não posso, vou passar mal – adiantou, já sabendo que o estresse que estava sentindo não faria bem, quanto mais aliado a um esforço muito grande. Eram três lances de escadas até o térreo!

-... Eu acho melhor você começar a descer.

Naruto se virou para tentar argumentar, mas seu pescoço foi segurado. Como se não pesasse nada, Obito o imprensou violentamente contra a parede. Naruto tossiu quando as costas bateram no concreto, seus pés estavam fora do chão.

Entre a razão e o desejoWhere stories live. Discover now