Capítulo 9: Confissão

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Sakura percebeu quando a cabeça do rapaz tombou, sem conseguir se manter erguida. Ele produzia um som horrível e arrastado enquanto respirava, pausadamente.

Ela virou o rosto para Karin e assistiu a ruiva sorrir, quase extasiada ante ao sofrimento dele.

-... Você disse que ele iria apenas perder o bebê! – fez cara de asco vendo aquela cena nojenta. Se o idiota morresse arruinaria tudo. A quem ela queria mesmo matar era a criança dentro dele.

- O que você esperava? - Karin pareceu ofendida - O corpo dele vai ter de expelir de alguma forma. Ele não vai morrer por causa disso.

- E se ele nos denunciar?

- Minha menor preocupação é Sasuke descobrir. Quero que a criança morra, só isso. E ninguém vai acreditar que o obrigaram a tomar um abortivo na própria casa, ele sequer tem provas.

Sakura assentiu, mais aliviada, dando uma última olhada por cima do ombro para o ex-noivo caído no chão.

- Será ruim se nos encontrarem aqui, Sakura. Melhor sairmos antes que alguém venha.

- Tem razão – assentiu e apressou-se para fora do apartamento sem olhar para trás, ignorando por completo as súplicas de quem um dia lhe prometeu casamento. Saíram rumo às escadas cautelosamente, calmas como se nada houvesse acontecido.

Naruto se viu completamente sozinho na sala de estar.

E estava tão exausto...

Era muito tolo por ter confiado em Sakura, por ter permitido que Karin entrasse em seu apartamento!

Mas jamais imaginou que elas pudessem fazer algo tão hediondo!

Estava cansado, dolorido, tentava se arrastar, mas a dor o dilacerava. Seus olhos teimavam em fechar e os sentidos falhavam.

Tossiu, o gosto de sangue nítido em sua boca. Não podia desistir, tinha de ser rápido se quisesse salvar a vida de seu filho. Mas contrário à sua vontade suas forças desapareciam de dentro dele. Arfava, vomitava, sentia o ventre arder como se estivesse em chamas.

A dor o impedia de pensar, era tão forte que não conseguiria suportar mais.

A estante parecia muito longe de onde estava. Tinha de chegar até ela, pegar seu celular e pedir ajuda. Era sua única chance!

Ouviu então, ao longe, um som que se assemelhava a batidas. Intentou gritar por ajuda, mas até respirar doía.

A porta se abriu, mas ele não conseguia ver quem era. Estremeceu de pânico, não conseguiria se defender se fosse atacado novamente.

Mas sentiu braços fortes o segurarem com cuidado e virarem seu corpo. Gemeu alto de dor.

"... Quem?" - indagou, procurando um rosto familiar em meio às imagens embaçadas. Sentiu-se levantado e carregado com cuidado, distinguia somente algumas palavras que não faziam muito sentido em sua cabeça.

-... Fique calmo, vou te levar ao hospital e avisarei seus pais. Respire fundo! – Naruto não sabia o que pensar nos braços daquele estranho, dono de uma voz extremamente calma e gentil.

Com a pouca força que possuía segurou a blusa do rapaz, chamando-lhe a atenção.

-... Sa... Sori...

O ruivo virou o olhar assustado para ele, estava em uma situação deplorável. Localizou seu celular sobre o móvel, enfiou-o no bolso do casaco e acomodou melhor o corpo pequeno e franzino nos braços, deixando o apartamento em seguida, carregando-o com cuidado, mas tão depressa quanto podia.

Entre a razão e o desejoWhere stories live. Discover now