Capítulo 10: Sinal

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Estava paralisado, quase sem respirar devido ao susto. A notícia o pegou completamente desprevenido.

-... O que disse?

Naruto sentou-se com as pernas cruzadas sobre o lençol, apertando os próprios tornozelos com força, tendo uma desculpa para não encarar os olhos negros que pareciam imersos em pânico.

-... Eu disse que sou compatível, Sasuke. Claro que não fazia ideia antes de começar a passar mal e fazer os exames. Se eu soubesse... Jamais faria nada sem me proteger. Precisa acreditar em mim.

As mãos do mais velho apertaram seus ombros com força. Precisava ter certeza de que não ouvira errado.

- Eu ouvi direito? Naruto, você está grávido?

O outro fez que sim, com os olhos bem fechados, temeroso, sem conseguir encará-lo. Apertava tanto a pele do tornozelo que a cor sumia sob a pele.

- E por que não me disse nada antes?

- Porque sou muito egoísta, Sasuke... Sei que você não quer um filho, mas mesmo assim não quero que você me deixe... Quero tê-lo ao meu lado.

Sasuke franziu a testa até formar linhas de expressão.

- Há quanto tempo sabe que está grávido?

- Um mês... Quando descobri já estava com quatro semanas de gestação.

- Então está grávido de dois meses e sequer pensou em me contar?

-... Como acha que eu faria isso? Não planejamos nada, não temos uma relação sólida, estamos em um momento complicado, muita gente está tentando nos separar. São tantos motivos que nem sei dizer como tive coragem de te contar agora. Só achei que você deveria saber a verdade, independente da decisão que tomar. Apenas... Não sugira algo como interromper a gravidez porque não quero isso! Quero ter essa criança!

O Uchiha respirou bem fundo, de olhos fechados, para soltar o ar preso pela boca com um suspiro longo, livrando-se um pouco da tensão. Passou devagar a mão pelos fios negros.

-... Sem dúvidas, às vezes você age como um completo idiota.

Naruto se enfezou com o comentário. Ergueu o rosto pronto para revidar e iniciar uma das costumeiras discussões acaloradas, mas acabou desistindo e se calou ao fitá-lo nos olhos. Sentiu-se mal ante ao olhar que recebeu. Era diferente do costumeiro olhar severo, muitas vezes inexpressivo. Esse era ultrajado, ressentido, ferido.

-... Você realmente não confia em mim.

- De onde tirou um absurdo desses?

- Estou enganado por acaso? O que achou que eu faria quando descobrisse? Seja o que for pareceu ruim o bastante para você decidir não me dizer nada. Não confia nem um pouco em mim.

- Não se faça de vítima e nem me jogue a culpa, Sasuke. Você mesmo me disse que jamais seria um bom pai por não ter recebido afeto, por não saber como se portar, que uma criança agora só arruinaria sua vida!

-... E acha que se eu soubesse que é você quem está esperando um filho meu eu diria essas coisas, Naruto? – a voz se erguia aos poucos – Você não me perguntou nada diretamente! Usou como pretexto algo que eu disse com base em minha vivência terrível com aquela mulher perturbada!

- E tem alguma diferença se o filho for meu ou de Karin? – indagou, igualmente nervoso.

Mas se arrependeu por perguntar. O outro pareceu furioso ao ouvir isso.

- Não ouse se colocar no mesmo nível que Karin! – a voz grave do moreno ecoou pelo quarto, tão ríspida que estremeceu em resposta e se calou. Seu rosto foi segurado e forçado a olhar diretamente os olhos negros, os dedos finos apertavam suas bochechas.

Entre a razão e o desejoWhere stories live. Discover now