Slump

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De frente para uma multidão, exposto. Perco minhas esperanças, tudo que tenho não é nada. Todos além de mim já seguiram em frente, quem sempre estava do meu lado já se foi, não está mais aqui. — Slump — StrayKids.


— Tem certeza que não quer dormir aqui? — perguntou Minho abraçando Jisung por trás, repousando sua cabeça no pescoço do garoto. Jisung, por sua vez, sorriu largo. — Fica comigo? — sussurrou arrastado, apertando Jisung mais e mais em seus braços, fechando os olhos com força e inalando o cheiro tão bom e suave que o menor emanava.

— Tenho que ir para casa esta noite. — se virou repousando as mãos nos ombros de Minho. — Minha mãe precisa da minha ajuda, vamos receber alguém para o jantar. — segurou o rosto do namorado com ambas as mãos, logo, depositando um selinho nos lábios chamativos. — Eu não sei quem é, mas se minha mãe quer que eu esteja lá, deve ser alguém importante.

— Minho!

Sem antes poder falar qualquer coisa, Minho gelou ao ouvir a voz grossa e ríspida do pai; Jisung também não estava diferente.

No mesmo instante, Jisung soltou Minho e se afastou. Minho olhou para trás, vendo seu pai parado no corredor que se encontrava escuro, Minho e Jisung estavam parados na porta do quarto do primeiro citado.

— Sim, senhor? — perguntou Minho engolindo em seco. Ele tinha medo de seu pai dizer coisas desagradáveis à Jisung. — O que o senhor deseja? — o pai de Minho conseguia ser o pior ser humano existente na face da Terra, pelo menos era assim que Minho pensava.

— O que estavam fazendo? — interrogou com um semblante sério, braços cruzados, olhando fixa e friamente para os garotos naquele corredor que se encontrava com as luzes apagadas.

— Só estávamos conversando, pai. — disse apertando os dedos na palma da mão. Jisung ainda continuava calado atrás de si, apenas encarando o chão.

— No escuro? — indagou sorrindo pretensioso. Não estava tão escuro assim, era possível ver claramente suas feições. — Por que não acenderam as luzes? — franziu o cenho, vendo os garotos se acanharem mais ainda. — São seis horas da tarde, já está escurecendo lá fora e, consequentemente, aqui dentro também. — cerrou os olhos observando o semblante dos garotos, mas logo, riu fraco, percebendo que não haveria resposta. — Qual o seu nome mesmo, garoto? — questionou se aproximando mais.

— É Ji... — Minho começou a falar, mas foi cortado imediatamente.

— Eu perguntei a ele, não perguntei a você. — repreendeu o filho com o olhar, assim, colocando a mão em seu ombro para que o mesmo saísse da frente de Jisung. — Qual o seu nome, rapaz? — questionou-lhe, agora colocando a mão em seu ombro. Jisung ficou com um pouco de medo, mas relevou, afinal era o seu sogro ali de qualquer forma.

Mesmo receoso, pois o homem era muito intimidador, respondeu firme:

— Han Jisung.

— Bem que os seus traços me lembraram o meu país natal. — sorriu simpático. — Os traços dele são lindos, não é filho? — contou o Sr. Lee, fazendo Jisung o olhar confuso e Minho o olhar desconfiado.

— Pai, o que o senhor quer? — perguntou Minho voltando a sua antiga posição. Assim, seu pai se afastou um pouco.

— Já pensou em ser idol, Jisung? — questionou. Jisung estranhava aquela conversa sem nem saber como o responder, e Minho estava da mesma forma. — Você é muito bonito.

— Pai, que conversa é essa? — indagou já nada contente com aquilo. — Olha, o Jisung precisa ir embora! — falou Minho irritado, logo puxando Jisung para seguirem para fora da casa.

— Peça para o motorista o levar! — falou um pouco alto, pois Minho e Jisung já desciam as escadas. — Hoje temos um jantar de negócios! É bom não se atrasar!

— Que conversa foi aquela? — perguntou Jisung rindo, já no jardim indo em direção ao carro, Minho ainda o puxava pela mão. — Seu pai é sempre assim?

— Assim como? — perguntou Minho parando em frente ao carro, vendo se o motorista já estava lá dentro, e para sua felicidade, estava.

— Estranho.

— Meu pai é um psicopata, ele não tem coração. — falou abrindo a porta dos fundos, e logo Jisung entrou. — Meu pai é maluco. — fechou a porta e pediu para o motorista levar Jisung para casa. — Tchau, amor! — se despediu quando Jisung abriu a janela.

Jisung sem saber o que dizer, visto o que Minho acabara de falar, apenas acenou e sorriu, pensando no porquê Minho falou aquilo. Jisung não quis questionar, pois até já imaginava o porquê. Por conseguinte, o carro saiu, e ainda olhando para Minho, o vendo sorrir, sorriu por fim, vendo seu amado ficar cada vez mais longe.

...

— Mãe? — chamou Jisung assim que entrou em casa, indo em direção à cozinha. — Mãe? — insistiu. — Onde está todo mundo? — questionou-se confuso, a casa estava escura e silenciosa. — Pai? — chamou mais uma vez. E sem resposta alguma, subiu as escadas com a intenção de ir para o seu quarto tomar um banho.

Fechando a porta do quarto, jogando a bolsa em cima da cama, encostou as costas na porta se deixando ir ao chão, suspirando profundamente.

Era o seu aniversário.

Ele não havia falado para Minho o dia de seu aniversário, mesmo o mais velho perguntando tantas vezes, Jisung não quis falar. E por quê? Porque foi em seu aniversário que Hyunjin, seu irmão mais velho, havia proporcionado a maior dor que já havia sentido na vida.

Jeongin estava animado, Seungmin havia o pedido em namoro há um dia, e naquele momento estava ao seu lado no banco traseiro do carro de Hyunjin, que no momento se encontrava no banco do motorista e seu melhor amigo, Changbin, no banco do passageiro. Eles estavam a caminho da casa de Changbin, pois sua mãe era confeiteira e eles iriam buscar o bolo para o aniversário de Jisung. Estava tudo bem, mas isso se não fosse o estado de Hyunjin que, por algum motivo desconhecido, estava bêbado. Ninguém ali no veículo sabia que Hyunjin havia se embriagado antes de voltar para casa e ir buscar o bolo do irmão, ninguém percebeu.

Em uma avenida muito movimentada, faltando pouco para chegar à casa de Changbin, Hyunjin acelerou o carro, e sem entender, Changbin o repreendeu. Reclamando, Hyunjin virou o rosto e empurrou Changbin, e totalmente irritado resolveu ultrapassar o carro que estava muito devagar a sua frente. Hyunjin devia ter se esquecido, ou nem reparado, que a avenida era de mão dupla, por estar meio alterado pela bebida.

E assim sucedendo, bateram de frente com uma caminhonete que os jogou longe, no outro lado da estrada onde havia apenas grama.

A ambulância chegou, os hospitalizou, contataram a família, contudo, não aguentaram e vieram a falecer, só um saiu ileso, Hyunjin. Com apenas alguns ferimentos, ele estava bem.

Quando Jisung soube o motivo do acidente, quis matar Hyunjin para assim ele quitar a dívida. Mas Jisung não foi capaz de fazer muita coisa, ele apenas descontou sua raiva e frustração em Hyunjin até não aguentar mais e acabar desmaiando por conta da pressão.

Jisung ficou arrasado, devastado, perdeu seu chão, sua vontade de viver, perdeu seu tudo.

E nesse exato momento, em seu aniversário, estava sentado no chão de seu quarto abraçando suas pernas e não conseguindo mais segurar, chorou.

Do You Speak Korean? | minsungWhere stories live. Discover now